terça-feira, 23 de junho de 2015

Aqui, criança é prioridade!









(Por Siro Darlan, no “Jornal do Brasil”, RJ, 22/06/2015)



Por que será que que Copenhague é a cidade mais habitável e uma das mais seguras do mundo?


Aqui todas as crianças estão na escola e há muito respeito por elas. É a terra dos contos de fadas, onde Hans Christian Andersen dedicou-se a escrever vários contos infantis e educativos famosos, terra da Pequena Sereia, heroína infantil cujo maior valor é a Família. Há uma estátua da Sereinha olhando para o mar significando a esperança de encontrar seus familiares.


O dinamarquês é modesto, apesar de rico, pontual e valoriza acima de tudo a igualdade. Desde 1989 permite e reconhece o casamentoigualitário, 99% da população acima de 15 anos e alfabetizada, e embora 78 % seja de membros da Igreja Nacional de origem luterana, respeita todas as religiões.


 É por essas razões considerado o país mais feliz do mundo.


Mas o que se destaca nessa cultura eslava é o respeito às suas crianças e adolescentes. A indústria de brinquedos pensa na criança como uma pessoa em desenvolvimento importante para a formação do povo. A Lego é daqui e é, sem dúvida uma forma de brincar construindo o caráter da criança.


 As escolas são projetadas de forma aberta para a comunidade, sem paredes que aprisionamos crianças. A grade curricular é livre e construída pelos educandos e educadores. A arquitetura é ousada e livre, por isso é campeã em design.


Recentemente o caso de um jovem que matou seu professor de música despertou o debate sobre a redução da maioridade penal, que é de 16 anos. Em todo mundo sempre os casos pontuais e excepcionais despertam esse debate.


Mas há grandes diferenças entre o que a Dinamarca oferece a seus jovens cidadãos e o que o Brasil não oferece. Basta dizer que todos se respeitam e acima dos 15 anos todos são alfabetizados, enquanto aqui há uma prisão seletiva de negros e pobres e reina o desrespeito aos direitos fundamentais e a baixa escolaridade dos eleitos a pena de exclusão social.




(Siro Darlan é  desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia)





E no nosso Brasil, pesquisa diz que nove em cada dez brasileir@s querem reduzir a idade penal ao nível da Dinamarca, ou seja, 16 – dezesseis anos. Que tristeza, que amargura, que erro brutal o Brasil comete!

O desembargador Siro Darlan justifica os motivos para os 16 anos de lá :
Adolescentes e jovens são tod@a alfabetizad@s, escolarizad@s, tiveram “educação” desde sempre como gentes, seres humanos, seja na família, na sociedade.

Adolescentes e jovens na esmagadora maioria vêm de famílias e comunidades estruturadas, e a cultura dinamarquesa é de respeito entre as pessoas, e por aí vai.

E aqui no Brasil, o que estamos propiciando às nossas crianças, a@s adolescentes e jovens? E por aí vai...

Falando nisso, voltando para nosso quintal açailandense maranhense, dia 13 de julho próximo é o dia comemorativo dos 25 anos da aprovação do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, lei federal n.º 8.069/90.

ECA muito criticado (negativamente mesmo...), combatido, esculhambado, pisoteado mesmo, mas pouqissimo conhecida, lida, debatida, estudada, e menos ainda, respeitada e cumprida.

 Inclusive por quem tem a obrigação legal de zelar por seu cumprimento, zelando assim pelos Diretos das Crianças e d@s Adolescentes deste Brasilzão!

Triste, repugnante, que até conselheir@s tutelares e conselheir@s dos direit@s da Criança e do Adolescente, e ex-conselheir@s, inclusive aqui de Açailândia, sejam e até radicalmente a favor de reduzir a idade penal, mandando às favas o artigo 104 do ECA: “SÃO PENALMENTE INIMPUTÁVEIS OS MENORES DE DEZOITO ANOS, SUJEITOS ÁS MEDIDAS PREVISTAS NESTA LEI”.

Conselheir@s que têm a obrigação e o dever legal de defender, zelar, promover, proteger os Direitos das Crianças e d@s Adolescentes (ECA, artigos 88, II e IV, e 131).

Aliás, antes do ECA, a nossa Constituição da República, também outra lei (a maior de todas) muito esculhambada, trata da inimputabilidade no artigo 228.

Para concluir, o CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, com outras instituições de âmbito nacional, conclamam os conselhos, dos direitos e tutelares, bem como todo SGD/Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes, a uma grande movimentação no dia 13 de julho, contra a redução da maioridade penal.

Infelizmente, aqui em Açailândia, nenhum órgão deste SGD, sobre os dois de ponta (justamente os conselhos já mencionados), disseram ou anunciaram qualquer atividade para esta data, a mais importante para os Direitos da Criança e do Adolescente!


(Eduardo Hirata)

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