segunda-feira, 31 de julho de 2017

Ensinar e aprender em áreas de violência









Por: Claudia Costin*





Infelizmente, em vários países do mundo, crianças estudam em áreas afetadas pela guerra ou por conflitos, que tornam extremamente difícil tanto o ato de ensinar como o de aprender. Algumas organizações acumularam aprendizados sobre como organizar a jornada escolar em campos de refugiados ou em territórios em disputa, caso do Unicef e do Acnur, que mantêm escolas com bom nível de ensino na Faixa de Gaza.


Mas o mais triste é que, em países que não são afetados por formas tão drásticas de conflitos como essas, muitos alunos perdem aulas por "guerras" entre facções rivais do tráfico ou por incursões da polícia para enfrentar traficantes dentro do seu território.


Recentemente, no Rio, particularmente na Maré, isso tem sido frequente. Com isso, dois problemas relacionados vêm crescendo: por um lado, os alunos não conseguem aprender como deveriam, dados os inúmeros dias sem aulas, e, por outro, o modelo de sucesso das crianças e adolescentes passa a ser o do senhor das armas, normalmente o traficante.


Nessas circunstâncias, é fundamental garantir o direito de aprender das futuras gerações como um imperativo ético, por meio de um trabalho intersetorial envolvendo educação, segurança, saúde e assistência social. Tanto professores quanto alunos têm que ter alguma segurança e tranquilidade para, dentro de uma situação desafiadora, levar a vida escolar da melhor forma possível.


Mas, além disso, o que tem funcionado em áreas de vulnerabilidade é desenvolver ações afirmativas, ou seja, dar mais recursos e melhores professores para as escolas que mais necessitam de ajuda. Isso significa pagar mais a professores que lá forem atuar, criar materiais instrucionais mais atraentes e apropriados para os alunos e realizar atividades de pós-escola de artes e esportes: em outros termos, fazer com que os alunos não abandonem as aulas e aprendam a despeito das vicissitudes presentes nesses territórios.



A presença de bons mestres para escolas nessas áreas não significa que eles não necessitem de apoio. Em territórios controlados pelo tráfico, é importante formar os professores em mediação de conflitos e em justiça restaurativa, para impedir que pequenas brigas presentes no dia a dia do ambiente escolar se transformem em disputas abertas envolvendo personagens de fora dos muros das escolas.


Além disso, é fundamental garantir o comprometimento das equipes escolares com a aprendizagem dos alunos. É comum que, em tais situações, as escolas ou até as equipes de supervisão escolar nutram baixas expectativas em relação às crianças e aos adolescentes. Todos podem aprender, desde que se ajustem as condições de ensino.


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*Claudia Costin é especialista em políticas públicas, professora visitante de Havard. Foi diretora de Educação do Banco Mundial e secretária de Educação do Rio de Janeiro.

[Fonte: Folha de S. Paulo,publicada no “Portal da ANDI, 26 de  junho de  2017)


·        Recomeçam as aulas do segundo semestre de 2017. Na rede municipal de ensino, o que se espera, diante dos rebuliços no semestre anterior, são as soluções para as questões da Escola Fernando Rodrigues de Sousa, na Vila Ildemar
·        .
·        Há muito tempo, a Escola, localizada em região praticamente abandonada e rejeitada pelo ‘poder público’, tornou-se refém do vandalismo, do tráfico e da violência, que atinge e barbariza toda comunidade.
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·        Lembro que – por isso mesmo, essa realidade – a Escola  e sua comunidade já foi alvo de vários projetos e ações sociais, como as da Vale, Escola que Vale, e até da PM/Polícia Militar do Maranhão, na época do comando do Major Eurico.
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·        Também foi, tristemente, alvo de muito noticiário ‘ruim’, de abandono do prédio e falta de salubridade, como de violência intra-escolar e extra-muros, etc., etc.
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·        Por último, mencionadas agressões físicas e psicológicas de alunos a professores, no último mês do primeiro semestre, e um requerimento do vereador Jarlis Adelino recolocaram a Fernando Rodrigues de Sousa na pauta.
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·        E certamente não vai ser a (re)construção do muro que resolverá o problema recorrente e permanente da Escola, mas o artigo acima, de Claúdia Costin, pode lançar algumas luzes e dar algumas pistas...


(Eduardo Hirata)

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

A Infância Entra em Campo - riscos e oportunidades para Crianças e Adolescentes no futebol




A Infância Entra em Campo - riscos e oportunidades para Crianças e Adolescentes no futebol


Nestes dias 27 e 28 de julho, “era” para acontecer uma formação especifica sobre o tema, destinada a dirigentes, técnicos, preparadores, educadores, pais e Crianças e Adolescentes, das “Escolinhas de Futebol” de Açailândia-MA.

A formação foi decidida no primeiro trimestre deste 2017, reivindicada pelo CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia, e pela AEFA/Associação das Escolinhas de Futebol de Açailândia, e pouco depois,  também pela LEA/Liga Esportiva de Açailãndia, junto ao COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia.

O COMUCAA, há muitos anos, financia, através  do FIA/Fundo Municipal para a Infância e Adolescência e conforme seu Plano de Ação e de Aplicação de Recursos, atividades desportivas educativas das “Escolinhas de Futebol”. Neste 2017, por exemplo, financia diretamente quatro delas ( Bola de Ouro, Bom de Bola Bom de Escola, Coração da Vila e Pé de Atleta), como também com atividade de futebol, a Associação de Moradores da Vila Capeloza, e de futsal, a Associação de Moradores do Pequiá de Baixo.Cada uma das Escolinhas de futebol e Associações receberá ao longo do ano, R$40.000,00 – quarenta mil reais.

No entanto, desde o assassinato de ‘VALDIR’,em 2007, fundador da “Escolinha Pé do Atleta”, pot um adolescente ex-atleta da Escolinha,  o tema tem sido objeto de discussões e polêmicas no “sgdca/sistema de garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes” local.

O COMUCAA, principal órgão do “sgdca” no município, de acordo com o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 88,  discutiu  e se dividiu quanto á prioridade de destinação de recursos às Escolinhas, ou às atividades esportivas e de lazer educacionais; condenou as condições das praças e equipamentos para a prática salutar e segura das atividades; processou aplicação de recursos, punindo entidades e dirigentes.

O CONTUA sempre questionou a habilitação e qualificação dos recursos humanos, bem como a precariedade do atendimento, sobretudo diante da falta de ‘parcerias’, integração e eficácia da rede, uma das causas apontadas para o assassinato de VALDIR, um dos pioneiros das “Escolinhas de futebol”, e a “exaltação à competividade e ao sucesso profissional”, não só da parte de Escolinhas como de pais, o que estimula(va) a agressividade e a violência.

Recordo que a falecida conselheira do COMUCAA Maria do Carmo Marchezini criticava as péssimas condições dos gramados e das instalações onde as Crianças e Adolescentes ‘treinavam e jogavam’, o que favorecia lesões.

E o ex- conselheiro e presidente do COMUCAA recomendava, sem ser atendido pelo plenário, formação continuada a todo pessoal, inclusive pais e às próprias Crianças e aos Adolescentes.

Destaca(va)-se ainda o descaso do poder publico municipal com o esporte e o lazer ás Crianças e Adolescentes.

Conforme o CONTUA e a AEFA, nos últimos dois anos “os problemas” se ampliaram e  agravaram, envolvendo inclusive conflitos entre dirigentes e preparadores de Escolinhas, sobretudo diante das ações de “peneiras e empresários externos”,mas também disciplinares entre a garota praticante.

Daí a decisão de realizar (essa frustada) “formação específica” de dois dias, que envolveria toda comunidade diretamente envolvida e interessada em “Escolinhas de futebol/ esporte educativo e formativo e suas relações com os DCA/Direitos de Crianças e Adolescentes”. Que agora está ‘prometida” para daqui a um mês, atropelando ‘calendário’ de outras “formações especificas”...

A “formação continuada do sgdca” é uma atribuição do COMUCAA, no âmbito municipal, de acordo com as Resoluções, sobretudo as nº105, 112, 113 e 116, do CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, máximo órgão normativo em DCA.

Em tempo: o Barcelona, hoje um dos três times com maior torcida entre a garotada aqui em Açailândia ( com as do Corintians e do Flamengo...),  faz “marketing” do UNICEF/ Fundo das Nações Unidas para a Infância, que dispõe de uma excelente cartilha sobre o tema, “A Infância entra em campo: riscos e oportunidades para crianças e adolescentes no futebol”.

E Ministérios Públicos ( o federal do Trabalho e estaduais, como os do Pará, de Goiás, de Minas Gerais, de São Paulo) e Judiciários, tem atuando, intervindo e punindo entidades e clubes (como Galo mineiro, a Portuguesa Santista) por irregularidades e afrontas aos Direitos da Criança e do Adolescente quanto ao Esporte, ao Lazer,à Profissionalização, á Educação, á Convivência Familiar e Comunitária, ao Respeito- á Liberdade e á Dignidade.

A seguir, um artigo sobre UNICEF e sua cartilha.

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A Infância Entra em Campo - riscos e oportunidades para crianças e adolescentes no futebol


( Do MPEGO, 24/04/2014)


O sonho é comum a milhares de crianças brasileiras: passar pelas "peneiras" e entrar em um clube para, no futuro, jogar futebol profissionalmente. Com isso, completa o sonho ter a chance de viver do esporte e transformar a vida dos familiares, quase sempre de condições duras. As histórias de sucesso, contudo, encondem a realidade. 

 As oportunidades e os riscos a que estão expostos crianças e adolescentes que desejam ser jogadores profissionais de futebol são o foco da publicação "A infância entra em campo - riscos e oportunidades para crianças e adolescentes no futebol", que foi lançada na última semana na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).

O estudo realizado na Bahia com o apoio do UNICEF mostra que nem sempre os ambientes destinados à prática esportiva se constituem em espaços seguros, onde os direitos da infância e da adolescência são respeitados.

A publicação é uma iniciativa do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca/BA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 (Secopa/Bahia). A iniciativa contou com o apoio da Associação Brasileira de Magistrados (ABMP), Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP).

O resultado, de acordo com os pesquisadores, é preocupante, pois muitos direitos se perdem à medida que o processo de profissionalização ocorre. "No País do futebol é natural que as crianças queiram (se tornar jogadores). Mas é preciso que o momento seja oportuno. E que não haja abdicação de nada. Todos os direitos precisam vir juntos", disse Fabiana Gorenstein, oficial da área de proteção do Unicef no Brasil.

De acordo com ela, a carreira de jogador do futebol apresenta "vulnerabilidades", impedindo a garantia integral de direitos à saúde, à educação, à convivência familiar e comunitária e à integridade física e psicológica. Em alguns casos, por exemplo, a convivência com a família é nula.

 Dessa forma, algumas crianças ficam até oito meses sem contato com os pais. "Isso prejudica a formação. Traz prejuízos graves à criança", ressalta Fabiana. A pesquisa mostra também que os meninos e meninas que frequentam centros de formação de atletas, como clubes e escolinhas privadas de futebol, são expostos a riscos como profissionalização precoce, exploração e abuso sexual e afastamento do ensino regular.

Também estão expostos à discriminação racial e de gênero e a riscos em relação à sua integridade física por conta de prática esportiva de alto impacto. Podem ainda ser afastados de suas famílias, o que facilita, dessa forma, a ação de aliciadores.

Denúncias

A ideia de realizar o levantamento surgiu após as denúncias anônimas recebidas sistematicamente pelo Cedeca. Ao longo de dois meses, foram entrevistadas 40 pessoas sobre a influência da prática do futebol na vida de meninas e meninos soteropolitanos. Entre os participantes da pesquisa, estão jogadores, familiares, dirigentes de clubes de futebol, técnicos, ex-atletas, diretores de ONGs que atuam com futebol, crianças e jovens participantes de programas esportivos e atores do Sistema de Garantia dos Direitos de Crianças e Adolescentes.

A pressão por resultados e os interesses econômicos, por parte da família e dos clubes, são destacados pelos entrevistados como as principais razões para o descumprimento da legislação.
"É alarmante observar que, a partir das respostas coletadas, o futebol aparece como um caminho de ascensão social mais atraente, em detrimento da educação formal no sistema público. Predomina a visão do estudo como obrigação, um mal necessário imposto pelas famílias e pelos clubes para obter a permissão de continuar jogando futebol", explica Maria Aparecida de Roussan, do Cedeca/Bahia.

De acordo com a pesquisa, as violações de direitos ocorrem em razão do desconhecimento sobre os direitos dos atletas por parte de atletas e familiares, dirigentes, treinadores e até mesmo os agentes. A ausência de uma legislação que especifique as particularidades na relação do atleta com o clube, determinando os direitos e deveres de ambas as partes, também contribui para que os abusos ocorram.

Na tentativa de mudar esse cenário, o estudo aponta a necessidade de aprovar uma legislação coerente com o Estatuto da Criança e do Adolescente, capaz de assegurar os direitos fundamentais desses jovens, protegendo-os de qualquer situação de vulnerabilidade. Recomenda ainda demarcar com clareza a distinção entre os esportes de alto rendimento, fortalecer os mecanismos de fiscalização e controle já em vigor nas esferas federal, estadual, distrital e municipal, além de promover o diálogo e integração entre escolas e instituições esportivas, assegurando a harmonização e o equilíbrio entre o esporte e o ensino formal.

Com o estudo, o UNICEF e seus parceiros nessa publicação propõem a criação de uma aliança entre os profissionais do futebol (clubes, centros de formação de atletas, empresários, dirigentes, gestores públicos, presidentes de federações), integrantes do Sistema de Garantia de Direitos, o Judiciário e o Legislativo para a construção de estratégias para garantir a prática do esporte de forma segura e inclusiva.

"Além de ser um direito, o esporte pode ser um fator decisivo para melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes e oferecer condições para o seu pleno desenvolvimento", diz o representante do UNICEF no Brasil, Gary Stahl. "É fundamental que o mundo do esporte se una às organizações voltadas para a proteção de crianças e adolescentes para que possamos garantir a prática do esporte de forma segura para meninos e meninas atletas".

Causas

Fabiana Gorenstein (Unicef) explica que a realidade está ligada, sobretudo, à incompatibilidade entre a Lei Pelé e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo ela, não há harmonia entre esses documentos no sentido de preservar o direito dos adolescentes que querem ingressar no esporte. "Há um desconhecimento mútuo: o mundo esportivo desconhece a garantia do estatuto. E existe um vácuo no estatuto. A criança não deixa de ser criança porque ela pratica esporte de alto rendimento."

A publicação traz, no total, cinco capítulos, além da introdução e da conclusão. Eles abordam, por exemplo, as diferenças entre esporte educacional e esporte de rendimento, além dos números, informações sobre a legislação brasileira e as principais ameaças aos direitos das crianças. A iniciativa de trazer à tona a realidade brasileira nas categorias de base está ligada também ao momento esportivo que o Brasil vive, pois a Copa do Mundo e a Olimpíada ampliam o sonho das crianças e adolescentes. Além disso, histórias de desrespeito aos direitos nos últimos anos têm se tornado fatos recorrentes.

"O diálogo está só no começo. É preciso compatibilizar esses dois mundos, mudar a mentalidade e instaurar na sociedade outra concepção. Garantir direito ao esporte seguro e protegido", conclui Fabiana.







quinta-feira, 27 de julho de 2017

Gestantes têm direito de escolher acompanhante antes, durante e depois do parto







(Da “Agência Matraca”, São Luis-MA, 20/07/02017)



A garantia de direitos de crianças e adolescentes deve começar antes mesmo do trabalho de parto. Desde os primeiros meses, a gestante tem direitos que devem ser preservados. Um desses direitos é ao acompanhante de sua preferência antes, durante e depois do trabalho de parto. Esse é um dos pontos acrescentado ao Estatuto da Criança e do Adolescente em 2016.


A lei que regulamenta esse benefício é a nº 11.108-07/04/2005, justificada por pesquisas científicas que comprovam que o trabalho de parto pode ter tempo reduzido, pode diminuir o uso de medicamentos, o número de cesáreas e até mesmo a depressão pós-parto. Além de servir como assistência à amamentação. O período base usado como pós-parto são os dez dias posteriores ao parto.


É importante lembrar que, com essa medida, os hospitais também devem comprometer-se de receber adequadamente os acompanhantes, oferecendo acomodação e as principais refeições. Além disso, a pessoa que irá acompanhar a mãe é uma escolha dela, portanto, é preciso deixar a parturiente à vontade para que ela saiba quem de fato poderá ajudá-la e quem ela quer em sua companhia.


Atualmente o Ministério Público da Saúde trabalha com uma estratégia que estrutura e organiza a atenção às mães e às crianças. A Rede Cegonha propõe uma série de ações que humanizam o atendimento materno-infantil. Segundo o coordenador da Coordenação de Assistência Materno e Infantil da Secretaria Municipal de São Luís, George Wellington Campos, a principal vantagem é a segurança que essa medida traz para as mulheres gestantes.


George conta que “quando a mulher tem alguém, por exemplo, a família ao lado dela, ela recebe sustentação para a dor, para o momento tão importante do parto, essa é a importância maior, garantir esses mecanismos de segurança e de humanização que fazem bem tanto para as mães como para as crianças”. Essa atualização no Estatuto representa avanço para a melhora desses atendimentos. Resta agora a efetivação e o cumprimento desse benefício no dia a dia dos tantos partos feitos pelo Brasil.


Texto: Vilma Santos
Foto: Lucas Fonseca


·         Aqui em Açailândia-MA., pouco mais de mês atrás, mais uma vez gestante, jovem, sentindo dores , mal-estar, desconforto  e  proximidade do parto, buscou o Hospital Municipal. Mandaram-na de volta para casa, que ainda não chegara a hora... Sua mãe, no desespero, levou-a a Imperatriz, ao Materno Infantil, onde se constatou que o bebê já estava morto a alguns dias...
·          
·         A família diz que já está buscando a justiça, questionando o não-atendimento e mesmo o acompanhamento pré-natal... Aliás, são “questionamentos” recorrentes, que deveriam já ter levado a uma discussão e avaliação dessa situação de atendimento...



(Eduardo Hirata)

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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Crianças e Adolescentes são os que mais sofrem em tempos de crise econômica











Crianças e Adolescentes são os que mais sofrem em tempos de crise econômica

 

(Publicado no “Correio Braziliense”, DF., 25/07/2017)  

 

(Foto Natália Limbert)



Fundação Abrinq detalha a problemática situação de crianças e adolescentes no Brasil e mostra que o país terá um longo caminho para cumprir Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pactuados com as Nações Unidas







Por serem mais vulneráveis, crianças e adolescentes costumam sofrer mais em tempos de crise econômica, já que dependem de uma boa alimentação, educação e proteção para se desenvolverem.


Com o intuito de garantir que essa parcela da população seja prioridade no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — firmado entre os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) —, a Fundação Abrinq publica hoje estudo em que detalha a realidade da infância no país para que, a partir dela, estratégias possam ser traçadas.


“As metas dos países são gerais e, por isso, fizemos um documento paralelo para mostrar a importância dessa população na implementação dos ODS. É como se tivéssemos tirado uma foto da realidade da infância hoje no Brasil e, com ela, a gente possa fazer um planejamento de onde e como vamos chegar”, explica Heloisa Oliveira, administradora executiva da fundação. “As crianças de hoje serão os adultos de 2030”, acrescenta, em referência ao prazo de até 2030 para o alcance das metas.




No início deste mês, a Comissão Nacional para os ODS — comandada pela Casa Civil da Presidência da República — apresentou, no Fórum Político de Alto Nível da ONU, o relatório preliminar de como o Brasil pretende cumprir, até 2030, sete das 17 metas acordadas. Dos sete ODS, quatro estão diretamente relacionados à infância e, baseada neles, a Abrinq, um dos membros da comissão, lançou o relatório A criança e o adolescente nos ODS: marco zero dos principais indicadores brasileiros — ODS 1, 2, 3 e 5.



Desigualdade


Heloisa destaca que a implementação dos objetivos só vai ocorrer se o país desenvolver as políticas em todos os níveis: municipal, estadual e nacional. “A ideia é que seja desenvolvido um plano que chegue até ao menor dos municípios. As desigualdades regionais no Brasil são enormes. Se as políticas forem baseadas nas médias nacionais, não alcançaremos os resultados. As médias escondem a realidade e nos fazem ter a ilusão de que está tudo bem.”



Um dos exemplos são as taxas de mortalidade infantil. Nas últimas décadas, o Brasil reduziu muito a morte de crianças menores que 5 anos. Apesar da melhora, em 2015, para 1.000 nascidos vivos ocorreram 14,3 óbitos, pouco mais da metade da taxa do ano 2000, de 30,1.


Entretanto, na camuflagem dos dados, está o índice de mortes evitáveis. Em 2015, 28.105 crianças de até 4 anos morreram no Brasil em situações que poderiam ser evitadas por serviços de saúde, prevenção, tratamento, reabilitação ou cuidados paliativos. O Pará é o estado com a situação mais grave: 1.786 mortes evitáveis, 70,9% do total.


A pobreza também precisa ser analisada com cuidado. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-2015), 27% dos habitantes vivem hoje com até meio salário mínimo (R$ 468,50) por mês. Quando a informação considera a população entre 0 e 14 anos, o percentual sobe para 40,2%, e ultrapassa os 60% quando é levado para unidades de Federação como Alagoas, Maranhão, Ceará, Bahia e Pernambuco.


Segundo o relatório da Abrinq, cerca de 17,3 milhões de crianças e adolescentes de até 14 anos estão em famílias de baixa renda. Desses, 5,8 milhões aparecem em situação de pobreza extrema.



·        Nosso Maranhão,  e por conseqüência nossa Açailândia, podem sofrer ‘na carne’ os efeitos perversos desta ‘crise’ que se implanta segura e gradualmente...
·        E as Crianças e Adolescentes, não bastassem já suas  precárias “condições sociais” atuais, sobretudo as carências e negligências familiares, e as relacionadas com a educação, a saúde, o lazer, serão as pessoas que mais sofrerão com “a crise”, numa fase de suas vidas toda peculiar de desenvolvimento, físico, intelectual, moral, ético.
·        Pior é que “o sistema”, que deveria assegurar o atendimento dos Direitos de Crianças e Adolescentes, por parte da família, da comunidade, da sociedade e do Estado/governos, encontra-se em acelerado processo de desmanche e bancarrota, como se comprova  aqui em nossa Açailândia...

(Eduardo Hirata)


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