quarta-feira, 10 de setembro de 2014

AUDIÊNCIA PÚBLICA DO CONSELHO TUTELAR DE AÇAILÂNDIA/CONTUA FRUSTOU AS EXPECTATIVAS










(Informe da Secretaria Executiva do Fórum DCA Açailândia – Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán)


Como bem resumiu, no final, um líder comunitário, “...e aí, seo Eduardo, isso foi uma audiência pública? Prá mim não foi, não..”


De fato, “a audiência pública de prestação de contas do CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia-MA, do período junho 2012 a julho 2014”  deixou a desejar, frustrando a expectativa de boa parte d@s participantes, na maioria grupos representantes de estudantes do ensino fundamental, municipal,  e do ensino médio, estadual, e ainda professores(as) e gestores(as) escolares, agentes e servidores(as) da umAssistência Social municipal; conselheir@s municipais dos direitos da Criança e do Adolescente e tutelares (inclusive de Imperatriz, Ribamar Fiquene e Governador Edson Lobão); lideranças comunitárias e religiosas.

Prevista para iniciar as 0800, com término as 1130 , só começou as 0855, encerrando as 1030 horas, ou seja, pouquinho mais de hora e meia do evento.

A audiência foi conduzida por Raimundo Rodrigues da Silva, assessor dos conselhos da política de assistência social (o CONTUA, entre eles), tendo iniciado com o Hino de Açailândia por um trio ao violão.

Na mesa de abertura, a Conselheira Tutelar Coordenadora Edna Maria Alves dos Santos, o Conselheiro Presidente do COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia-MA, Ismael Martins de Sousa; o adolescente Jorge Luis Martins Silva, estudante do “ Centro de Ensino Estadual Maria Izabel Cafeteira” e Delegado Estadual do Maranhão junto à 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;  o Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Gleudson Malheiros Guimarães; o advogado Ernos Sorvos, Presidente da Seccional da  OAB/Ordem dos Advogados do Brasil;João Luis Soares, da ADEFIA/Associação dos Deficientes Fisicos de Açailândia; Maria Luisa Vieira Oliveira, da Unidade Regional de Educação; a assistente social Márcia, da Casa Abrigo, representando a Secretaria Municipal de Assistência Social (secretaria a qual se vincula administrativamente o CONTUA); Mauritânia Sousa, do CRAS/Centro de Referência de Assistência Social-Centro;   a Delegada de Policia da Mulher, Silviane; a Professora Joanilza Aráujo, representando a Secretaria Municipal de Educação, e o representante do Fórum DCA Açailândia, este que vos escreve.

Nas falas das autoridades da mesa, a abertura do evento pela Conselheira Tutelar Coordenadora, Edna Maria, enfatizando a presença das Crianças, Adolescentes e Jovens das quatro escolas, @s professores(as) e gestoras, e tratando da importância do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa 24 anos neste 2014, e do fato de que esta 7ª gestão do CONTUA é e terceira consecutiva (2007, 2010 e 2013) eleita diretamente pelo eleitorado açailadense, sendo a sociedade legitimadora da composição do Conselho; do Conselheiro Presidente do COMUCAA, Ismael, sobre a importância do órgão; do Promotor de Justiça Gleudson Malheiros, que  esclareceu sobre o papel e as atribuições do Conselho Tutelar e da sua importância na efetivação dos Direitos de Crianças e Adolescentes, e do estreito relacionamento institucional entre ambos os órgãos; o Presidente da OAB local, Ernos Sorvos, que mencionou sobre a “incompletude do sistema”, ou seja “ que o sistema não fecha”, e por isso a resolutividade dos casos é prejudicada, não adiantando um órgão fazer sua parte se outro não faz, e que gostaria que o evento “fosse de fato uma audiência”, possibilitando também as críticas, positivas; a professora Maisa, relembrando o começo de tudo em Açailândia, nos idos 90, quando foi a primeira Presidenta do COMUCAA, logo após sua criação, em 1991 (Lei Municipal n.º 42/1991).

O Conselheiro Tutelar Glen Hilton Soares Pereira apresentou, no telão, o relatório, com a estatística de atendimento dos casos, de junho de 2012 a julho de 2014, divididos conforme os Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente, conforme o ECA, Lei Federal n.º 8.069/90: Vida e Saúde; Liberdade, Respeito, Dignidade; Convivência Familiar e Comunitária; Educação, Cultura, Esporte e Lazer, e Profissionalização e Proteção no Trabalho.

Para o Fórum DCA Açailândia, articulação não-governamental de entidades, a audiência pública do CONTUA pecou em não efetivar “o mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquer interessad@, com a possibilidade de manifestação oral d@s participantes, cujo objetivo é subsidiar decisões governamentais. Decreto 8.243, de 24 de maio de 2014, da Presidenta Dilma Roussef”.

A audiência do órgão diretamente zelador dos Direitos   de Crianças e Adolescentes, encerrou-se com a apresentação estatística, numérica, quantitativa, do Conselheiro Tutelar Glen Hilton.

O que contrariou a fala inicial da Conselheira Tutelar Coordenadora Edna Maria, quando tratou da “qualidade” do atendimento prestado, não apenas a questão quantitativa ( a Resolução do CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, de nº 139/2010, em seu artigo 25, dispõe sobre a solução efetiva e definitiva dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar, o que vem sendo bantante questionado aqui em Açailândia, não só pelo Fórum DCA Açailândia...) e da necessidade da “cobrança”, bem como da denúncia,  por parte da comunidade.

A falta da manifestação d@s participantes frustou a proposta do  Presidente da OAB, que em sua fala inicial, mencionou “criticas positivas”, visando qualificar o atendimento, dando-se efetiva resolutividade.

E são muitas essas “críticas positivas”, que sem dúvida melhorariam e muito, dando mais eficácia aos atendimentos do CONTUA, como o relacionamento interno d@s Conselheir@s, que se caracterizou como conflituoso no último ano- como citado pelo Promotor de Justiça Gleudson Malheiros-, inclusive passando pelo crivo de três comissões especiais e de sindicância, e outros itens que inclusive “incomodam” o COMUCAA, como a folga de cada Conselheir@, subtraindo em oito horas a jornada semanal de trabalho.

Sem dúvida, outro fator de deficiência no atendimento às Crianças e Adolescentes e suas famílias/comunidades, é a falta de condições estrututurais, como transporte, como foi citado tanto pela Conselheira Coordenadora como pelo Promotor de Justiça. E também na “rede de atendimento”, sobretudo os CRAS e o CREAS, “pontas de lança” no atendimento socioassistencial.

Mas sem dúvida, a eficácia e agilidade no atendimento às situações denunciadas de ameaças e violações de Direitos de  Crianças e Adolescentes,  levantam a maioria das reclamações contra a atuação do CONTUA.

Uma “prestação de contas” que o Fórum DCA Açailândia gostaria fosse dada: a atuação do CONTUA e os resultados da “Força-Tarefa”, constituída em meados de 2013, pelo COMUCAA (compondo com CONTUA, CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social, Fórum DCA), para buscar soluções e agilizar casos “emperrados”, como as situações das “CPI 2003 e 2009”, dos meninos assassinados na FUNAC, do menino desaparecido ELSON, entre outras, praticamente impunes judicialmente falando como também sem a devida atenção socioassistencial e humanitária às vítimas, suas famílias e comunidades, o que implica em ciclo continuado de ameaças e violações de Direitos às Crianças e Adolescentes dessas famílias, o que vem ocorrendo.

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