· “CURA
GAY”?
O tema é renitente aqui em Açailândia do
Maranhão, como em todo o Brasil
(Açailândia é Brasil!...).
Para a esmagadora maioria da população, não só
evangélica, “gay” é um “sem vergonha, um depravado, que merece taca, cadeia e
morte torturada pra deixar de safadeza”, como me disse um aposentado,
evangélico “salvo pela graça de Jesus”.
Como tenho cabelo comprido, faço rabo de cavalho,
aparento ser um ‘espantalho, um et., um
coisa estranha’, pelo fato de ser japonês – não, sou brasileiro,
paulista de nascença, maranhense de coração...- e mais ainda, posar de
barbicha, bigode e barba rala...
Nos tempos do ‘Bin Laden’, a criançada me tinha por
ele, e desde sempre, como “viado’ também – há muito uso cabelão comprido... Não
sou gay, mas e se fosse, qual o problema que incomoda tantos(as) ‘irmãos/ãs’?
Lembro que alguns anos atrás, o executivo anterior
encaminhou projeto de lei à Câmara Municipal, para a criação de quatro
conselhos municipais, sendo um o de “Diversidade Sexual”.
Na sessão,
um “lobby’ de uma dezena de pastores (ou bispos, ou apóstolos, a alta
hierarquia eclesial...) ‘intimidou’ a nobre edilidade, certamente com ‘ameaças’
de fogo eterno no inferno com o espeto do capeta belzebu...
Os outros
três conselho ‘passaram’, mas o da “Diversidade Sexual” (um dos pastores na
ocasião me disse: “... Hirata, não dava mesmo pra aprovar esse conselho de
gays...Açailândia é de Jesus!”.
E agora volta à tona a “cura gay”. Do jeito que é a
nossa Açailândia, é bem capaz de vir a ser, sim, e entregue a(o)s ‘especialistas
na cura gay’, que não serão psicólogos(as), psiquiatras, mas “as igrejas”, que
hoje já se acham na “cura das drogas”, e
com bom recurso público...
E vamos que vamos, como diz o Boechat...
(Eduardo Hirata)
******************************************
A “cura gay” é mais uma chance de evangélicos
ganharem dinheiro com a ignorância alheia. Por Kiko Nogueira
No “DCM/Diário do Centro do Mundo”
19 de setembro de 2017
A decisão da Justiça
do Distrito Federal permitindo, em caráter liminar, que psicólogos possam
tratar homossexuais como doentes abre espaço para a famigerada “cura
gay”, empulhação de evangélicos e curandeiros doentes.
O Conselho Federal de
Psicologia vai recorrer às instâncias superiores, mas a felicidade de
fanáticos religiosas é imensa.
Num “debate” entre Marco Feliciano e o vlogueiro
Felipe Neto no ano passado, um dos momentos mais estapafúrdios entre tantos
momentos estapafúrdios foi quando o pastor e
deputado declarou conhecer “mais de 5 mil” gays.
“Desses 5 mil, 90 por cento deles passaram por
abuso sexual na sua infância. Foram abusados por algum adulto. Noventa por
cento. Os outros dez por cento que sobraram tiveram transtorno com a figura do
pai, transtorno com a figura da mãe. Foram violentados”, disse.
Em 2013, Marco Feliciano aprovou na Comissão de
Direitos Humanos e Minorias um projeto de lei de um colega propondo a
“cura gay”.
Garante que conhece várias pessoas que “largaram” o
vício. Em junho do ano passado, convocou oito delas para dar um
depoimento na Câmara.
O próprio Feliciano deveria passar por esse tipo de
tratamento antes de prescrevê-lo aos outros. Algumas das técnicas usadas:
. “Profissionais” ligam eletrodos na genitália e
passam filmes pornôs gays. Dependendo da reação, choque.
. Um emético é servido aos “pacientes” durante a
exibição de — novamente — pornôs gays. O sujeito vomita enquanto assiste.
. Um outro método conhecido: reza. Ou, como
fanáticos chamam, “intervenção espiritual”. Há sessões de “descarrego”.
. Em abril de 2012, o escritor Gabriel Arana
descreveu sua experiência: o terapeuta culpou seus pais por sua
homossexualidade e pediu-lhe para se distanciar de suas melhores amigas.
. Um jovem americano processou seu psicanalista
depois que ele pediu que ele se despisse e se tocasse para se “reconectar com
sua masculinidade”.
Nos EUA, Obama pediu a extinção dessa picaretagem.
“Partilhamos da preocupação a respeito dos efeitos devastadores sobre as vidas
de trangêneros, gays, lésbicas e bissexuais”, disse a assessora da Casa Branca,
Valerie Jarret. Foi uma reação ao suicídio de Leelah Alcorn, transgênero de 17
anos que se atirou na frente de um trator.
Lá como cá, essa empulhação é uma obsessão da
direita religiosa. Desde 1990 a Organização Mundial da Saúde não considera a
homossexualidade uma doença.
Para além da burrice, do atraso e da demagogia,
está a velha vontade de ganhar dinheiro.
Em 2013, pelo menos seis clínicas brasileiras
ofereciam serviços de “conversão” — todas elas, ligadas a igrejas. Eis mais um
filão a ser explorado por oportunistas em nome de Jesus.
Acompanhe
as publicações do DCM no Facebook.