(Da Agência Matraca,
São Luís, citando o jornal O Estado do Maranhão, 15/05/2013)
“Por que você mata
aula? - Eu não mato aula, a escola que me mata”.
Costa do Sauípe-BA. – A coordenadora do Programa de Educação do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Maria de Salete
Silva, avalia que há, no país, um descompasso entre o que é ensinado nas
escolas e a realidade dos adolescentes.
Para ela, isso explica o elevado
índice de evasão escolar entre jovens.
“Por que você mata
aula?”, perguntou a coordenadora a um
adolescente que não queria frequentar a escola. O jovem respondeu: “Eu não mato aula, a escola que me mata”.
Que menino de 16 anos vai querer
estudar em uma turma com menino de 12? O que temos que fazer é garantir que ele
percorra esse fluxo aprendendo”, defendeu Salete.
De acordo com ela, há uma
“desvinculação da escola com o projeto de vida do estudante”.
“Não se trata propriamente de desinteresse,
mas a vida coloca questões que não estão envolvidas com a escola”.
Segundo Salete, para enfrentar esse
desafio, as instituições de ensino devem trabalhar para a “construção da
história de vida” e não apenas mandar estudantes para a universidade ou o
mercado de trabalho.
Divulgada no 14º Fórum de Dirigentes
Municipais de Educação da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), a publicação “Fora da Escola Não Pode! – O Desafio da Exclusão
Escolar” indica que, entre os adolescentes que abandonam os estudos, a fase
mais crítica ocorre a partir dos 15 anos de idade.
Segundo dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, com 6 anos, 95,4% das crianças
brasileiras frequentavam a escola.
Com 12 anos, a proporção de meninos e meninas
que concluíram os anos iniciais do ensino fundamental no Brasil era 76,2%. A
porcentagem diminui com o aumento da idade: 62,7% dos adolescentes com 16 anos
concluíram o ensino fundamental. Entre os jovens de 19 anos, apenas 48,7%
terminaram o ensino médio.
O Censo 2010 mostra que o percentual
de jovens de 18 a 24 anos que não concluíram o ensino médio e que não estudavam
chegava a 36,5%. Mais da metade (52,9%) abandonaram os estudos sem completar o
ensino fundamental.
Outra questão levantada no estudo é a
formação dos professores. Na educação infantil, 43,1% dos docentes não têm
curso superior. Nos anos iniciais do ensino fundamental, o percentual é 31,8%
e, nos anos finais, 15,8%. No ensino médio, o índice cai para 5,9%. “A
qualificação dos professores é uma grande barreira para garantir a oferta de
uma educação de qualidade aos estudantes brasileiros”, diz a publicação.
Entre grupos específicos, o estudo
aponta que as crianças e os adolescentes mais atingidos pela exclusão escolar
são aqueles que moram em áreas rurais, os negros, os índios, os pobres, os que
estão sob risco de violência e exploração e os com deficiência. Isso indica, de
acordo com a publicação, que “as desigualdades ainda existentes na sociedade
brasileira impactam diretamente o sistema educacional do país”.
“É preciso desafiar os dirigentes a
trabalharem junto com as políticas públicas, tem muitas que podem ajudar. Tem
que formar professor e escola”, diz Salete.
O 14º Fórum Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação da Undime vai até sexta-feira (17), na
Costa do Sauípe (BA). O encontro é o primeiro depois das eleições municipais de
2012. Ao todo foram feitas mais de mil inscrições de secretários de Educação,
técnicos e educadores de todo o país. ( O Estado do Maranhão / Educação- 15/05/2013)
Aqui em Açailândia do
Maranhão, o ensino médio estadual, com oito escolas, encontra-se parado, em
razão da greve do professorado, que já passa dos vinte dias.
Apenas duas, conforme o
SINPROESSEMA, o sindicato estadual da categoria, funcionam, parcial e
precariamente. A comunidade – pais e estudantes- apoiam a greve, a muitos anos
o ensino médio estadual está em bancarrota.
A evasão no EJA, da
rede municipal, é escandalosa, reconhecendo-se que beira os 50%- cinquenta por
cento. A atual administração municipal põe a culpa na anterior, mas atualmente o
quadro também continua sombrio.
No campo, a situação do
ensino é ainda pior: ainda faltam professores(as), carteiras, móveis, e i
primeiro bimestre já foi embora. Lider comunitário admite que muitos pais
pensam em trazer os filhos para a cidade, pois por lá “a situação não é nada
boa”.
(Eduardo Hirata, Secretaria Executiva
do Fórum DCA Açailândia)