terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quanto Custa para Torturar. Nada!






Quanto Custa para Torturar. Nada!

Quando no ano de 2006 a 'FEBEM - Fundação do Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo' transmutou-se em 'Fundação Casa' haviam passados nada menos que dezesseis anos de promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Dezesseis anos, portanto, para ajustar ao marco legal vigente uma instituição manchada por maus-tratos e torturas... 

Quem se deixou iludir pela repaginação institucional acordou atônito com as recentes denúncias publicadas pelo Fantástico de domingo, dia 18 de agosto. Quem conhece a lida do Governo do Estado de São Paulo através da referida Fundação sempre soube que ela mudou de nome, mas nunca alterou sua prática de tortura imposta aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.

Pior: o mesmo Governo do Estado mostra através do alardeamento de tratativas para a redução da maioridade penal a crua face de sua essência autoritária e de sua incapacidade de implementação de políticas públicas. Chega de afronta ao Estado de Direito! O marco legal de proteção integral e de prioridade absoluta está ai para ser efetivado.


O Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos, Organização de Defesa de Direitos Humanos de Criança e Adolescente, situado na Capela do Socorro (Zona Sul da Cidade de São Paulo), não só repudia a tortura na Unidade de Internação de Adolescentes, no Complexo de Vila Maria, como responsabiliza cível e criminalmente o governo do Estado de São Paulo por este ato de crueldade. Ato recorrente no Estado de São Paulo. O mesmo Estado que bem pouco tempo o Governador deu entrada no Congresso Nacional com uma proposta de aumento do tempo da Medida Socioeducativa de Internação para oito anos.

O CEDECA Interlagos vem a publico igualmente denunciar a violência que campeia dentro das Unidades de Internação em todo o Estado. O que a população viu na televisão é só uma amostra da pedagogia que impera na Fundação CASA.
  
Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos –WWW.cedecainter.org.br

Aqui no nosso Maranhão, com governadora Roseana Sarney, não é muito diferente de São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin. Tudo farinha do mesmo saco, como diz o povo...

A Fundação Casa tem a equivalente FUNAC, aqui no Maranhão. Ela “cuida” das medidas sócioeducativas privativas de liberdades de adolescentes em conflito com a lei. Mantem unidades de semi-liberdade, internação provisória/custódia e internação na ilha-capital, e m Imperatriz (menos internação).

O CJE/Centro de Juventude Esperança, internação masculina (antiga Maiobinha) em São José do Ribamar, encontra-se interditada judicialmente desde julho de 2012. O Governo Roseana Sarney, nem aí pro destroço...

O CEDCA-MA/Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, em recentes vistorias (ao Conselho cabe o registro e a fiscalização dessas unidades), condenou a maioria,por falta de condições dignas e adequadas de atendimento,  e não renovará registro da maioria, enquanto não obedeceram às normas do SINASE/Sistema Nacional de Atendimento Sócioeducativo e da lei  federal nº 12.594/2012 (lei do SINASE).

As desculpas, esfarrapadas, para a bancarrota do “atual sistema de atendimento”  são várias: não é só no Maranhão que “a coisa tá uma calamidade...”; as prefeituras não fazem sua parte no atendimento; no Estado a muitos meses não morre assassinado nenhum internado; estamos providenciando... estamos construindo um complexo em Imperatriz... estamos... vamos... planejamos...

Açailândia perdeu dois adolescentes e mais dois jovens, assassinados quando cumpriam medidas sócioeducativas na antiga Maiobinha, hoje CJE. Sem contar pelo menos outros oito, e mais uma jovem, assassinados(a) pouco tempo após cumprirem essas medidas, pagarem suas penas...

E ainda temos uma multidão pedindo redução da idade penal e até a pena de morte para adolescentes infratores, quando sequer somos capazes de arranhar o cumprimento do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente e da “lei do SINASE”...

Triste Açailândia, triste Maranhão, triste Brasil!