(Informe da Secretaria
Executiva do Fórum DCA Açailândia – Centro de Defesa da Vida e dos Direitos
Humanos Carmen Bascaran/CDVDH-CB)
O “Jornal da Mirante,
2ª Edição”, da TV-Mirante Açailândia, noite de 25/02/2014, apresentado por
Celia Fontinele, mostrou-nos a
reportagem “Jovens e adolescentes se prostituem na BR-010”.
Destacou mais a
realidade em Estreito e Porto Franco,
mas essa realidade é terrível também aqui em Açailândia do Maranhão, cruzamento
das BR-010, a Belém-Brasília, com a BR-222, Açailândia-Santa Luzia.
No chamado
“Entroncamento”, o ponto de cruzamento das duas BR federais, de intenso
movimento, dois grandes postos de combustíveis e de serviços, e desde sempre
local de prostituição, e nos últimos quinze anos, aproximadamente, de
exploração sexual infanto-juvenil, não só de meninas como de meninos.
A exploração sexual de
meninas e de meninos, lamentavelmente, nunca teve um enfrentamento a altura, ou
seja, permanente, contínuo, eficaz.
Algumas “campanhas”, em
datas significativas, como a “Semana de Combate”, em meados de maio, e só.
Palestras e vídeos para camioneiros, e só.
Os programas e serviços
de atendimento psicossocial, educativo e de saúde a Crianças e Adolescentes e
suas famílias; Conselho Tutelar, Policias,
Ministério Público, Judiciário, jamais se “integraram” de maneira
competente para erradicar a exploração sexual no “Entroncamento” e outros
pontos vulneráveis nas rodovias que cortam o município de Açailândia.
Na foto, uma cena, de
2008 num dos postos de combustível e serviços do “Entroncamento”. A personagem,
então adolescente prostituída (pois Criança e Adolescente não se prostitui, e
sim são prostituídas) seis anos depois, é uma jovem mãe, prostituta, drogada,
traficante, que “não consegue deixar a vida”, também pela ineficácia do
“sistema de garantia de direitos” e da rede de atendimento, que não consegue “recuperá-la/resgatá-la”.
Constitui protagonista
emblemática do fracasso das politicas públicas e das ações sociais de prevenção
e enfrentamento à exploração sexual de Crianças e Adolescentes.
Sua trajetória e
história, rumo à degradação , nos deveria servir de lição de erros e
negligências, e de laboratório para testar/planejar uma ação mais resolutiva e
concreta, a favor da dignidade humana, aviltada nos “entroncamentos e beiras
das BR do Maranhão”, como nos apresentou a reportagem da TV-Mirante.
E agora, entramos no
carnaval, período propício a mais exploração, conjugada com o tráfico humano,
como nos alerta a “Campanha da Fraternidade”, da CNBB/Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, da Igreja Católica Apostólica Romana, para este 2014.
Açailândia do Maranhão continuará a
compor o “mapa da exploração sexual de Crianças e Adolescentes nas rodovias
federais brasileiras”?
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Jovens e adolescentes se prostituem
na BR-010
Rodovia federal é uma
das movimentadas do estado.
Em um trecho de 200
quilômetros foi possível flagrar várias situações.
(Do G1 MA com
informações da TV Mirante. Apresentado no “JM 2ª Edição”, TV
Mirante-Açailândia, na noite de 25/02/2014
Uma das mais movimentadas rodovias
federais que passam pelo Maranhão, a BR-010 (Belém-Brasília), convive com o
tráfego intenso de caminhões que levam mercadorias e o progresso para outras
cidades maranhenses, mas, ao mesmo tempo, com uma triste realidade: a
prostituição infanto juvenil. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na
região tocantina foram detectados seis pontos de vulnerabilidade, localizados
entre as BRs 010 e 230, próximo à cidade de Estreito.
Em um trecho de quase 200 quilômetros
foi possível flagrar várias situações e encontrar jovens, adolescentes e
adultos que fazem do sexo uma forma de ganhar dinheiro. “Tenho que fazer os
programas porque tenho um filho para criar”, disse uma das pessoas.
E não é preciso ir longe. A cabine do
caminhão vira ponto de encontro para os momentos íntimos. “Tem muita menina que
fica fazendo programa. Da meia noite até umas 5h. Costumo cobrar R$ 50, R$ 100
[por programa]”, contou uma adolescente.
Uma das vítimas desta situação é uma
menina moradora de Porto Franco. De corpo franzino e baixa estatura, há dois
anos ela começou a fazer programas. “Tinha 15 anos. A gente fica aqui passeando
no posto, aí aparecem os caminhoneiros e nos chamam para fazer programa”,
afirmou.
A jovem cobra por programa R$ 100.
Mas a quantia não compensa os danos psicológicos, principalmente a violência
doméstica causada por sua madrasta. “Ela me batia de cabo de vassoura",
acrescentou. Mesmo assim, a jovem disse que pretende largar a prática e começar
uma vida nova: "Quero ser missionária evangélica".
O consumo e o comércio de drogas são
comuns e de forma indiscriminada. “A polícia sabe onde tem ‘boca’. A polícia
sabe quem trafica, porque existem muitos policiais à paisana”, disse uma das
pessoas que costuma realizar programas na área.
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