Suécia fecha 4 prisões e prova: a
questão é social
(Eduardo Hirata)
Neste tempos em que boa parte da
sociedade brasileira quer redução da idade penal (para amontoar nossos adolescentes e jovens nos presídios atuais, que certamente
em dez anos ou mais jamais deixarão de ser o próprio inferno?) penas mais duras, “taca” e até pena de morte,
uma notícia – da Suécia (bom, lá é primeiríssimo mundo, dizem...) para dar o que
falar, isto é, refletir!
O modelo sueco aponta para uma “alternativa”
brasileira, investimento sério e maciço no “social” e não somente em mais polícia,
mais armas, mais equipamentos “sofisticados”, ou em “leis mais duras”.
É bom o Brasil aprender com a Suécia,
ou a Suécia é que tem que aprender conosco?
Boa leitura e boa reflexão! E não à redução da idade penal!
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(por Lino Bocchini, na
revista Carta Capital,14/11/2013)
“Penas alternativas e investimento na
ressocialização de detentos derrubaram a população carcerária e levaram ao
fechamento de 4 prisões no país nórdico”
O jornal inglês The Guardian informou
em sua edição de ontem que 4 prisões e um centro de detenção foram fechados na
Suécia, pela Justiça daquele país, por falta de prisioneiros. O diretor de
serviços penitenciários local, Nils Oberg, afirmou que o número de detentos
estava caindo 1% ao ano desde 2004 e, de 2011 para 2012, caiu 6%.
Oberg e outras fontes ouvidas pelo
jornal inglês acreditam que a queda do número de presos tem os seguintes
motivos: 1) investimentos na reabilitação de presos, ajudando-os a ser
reinseridos na sociedade; 2) penas mais leves para delitos relacionados às
drogas e 3) adoção de penas alternativas (como liberdade vigiada) em alguns
casos.
Com uma política semelhante, a
superpopulação carcerária no Brasil e em outros países poderia ser bastante
atenuada. O exemplo sueco deixa claro, mais uma vez, que a questão da
criminalidade é, sim, social. Ninguém nasce malvado, não existe o que
popularmente é chamado de sangue ruim.
Na Suécia, 112º país do mundo em
população carcerária, são 4.852 presidiários para 9,5 milhões de habitantes –51
para cada 100 mil habitantes. No Brasil, que tem a 4ª maior população
carcerária do mundo, são 584.003 detentos, ou 274 por 100 mil habitantes.
E olha que a reportagem nem entra no
mérito de que naquele país nórdico toda população têm acesso a serviços
públicos de qualidade (educação, saúde, cultura etc) e que lá os direitos
humanos são levados a sério pelos governantes.
Acreditar que não há ligação entre a
questão social e o número de presos em um país é acreditar que há pessoas mais
propensas para o mal. Ou que quem nasce abaixo da linha do Equador é mais
malandro ou algo que o valha.
Isso sem falar na questão moral.
Insuflada pelos Datenas da vida, boa parte da população acha que mesmo quem
cometeu um crime leve tem de amargar longos períodos encarcerados em condições
sub-humanas. E grita contra qualquer investimento na ressocialização de
detentos –“pra quê gastar dinheiro com bandido?”.
O que o autoproclamado “cidadão de
bem” precisa entender é que a melhor opção para a segurança de sua família –e
para um mundo melhor— é o modelo sueco, e não a manutenção das prisões
brasileiras tais como estão hoje.