“VIAGENS
CLANDESTINAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS TRENS DA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS”
: CEDCA-MA E AGÊNCIA MATRACA LANÇAM PESQUISA
(Informe da Secretaria Executiva
do Fórum DCA Açailândia)
O
CEDCA-MA/Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Maranhão
e a ong Agência de Notícias da Infância MATRACA lançaram na manhã da
terça-feira, 05/11/2013, no Grand Hotel São Luís, na capital maranhense, a
pesquisa “Crianças e adolescentes viajando clandestinamente nos trens da
Estrada de Ferro Carajás”.
A
pesquisa, financiada pelo CEDCA-MA com recursos do FEDCA/Fundo Estadual dos
Direitos da Criança e do Adolescente, foi realizada pela “Agência MATRACA”, em
2012, investigando uma realidade social verificada há cerca de treze anos,
quando se deram os primeiros registros das viagens “clandestinas” de Crianças e
Adolescentes nos trens da EFC/Estrada de Ferro Carajás, “os trens da Vale”.
No
decorrer destes anos, vários movimentos foram realizados e estimulados pelo
CEDCA-MA, MPE- MA/ Ministério Público Estadual do Maranhão, e organizações como
a Justiça nos Trilhos, Conselhos Tutelares de municípios maranhenses e
paraenses do “Corredor Carajás” e a Associação de Conselheiros e
Ex-Conselheiros Tutelares do Maranhão, além da ALEMA/Assembléia
Legislativa do Maranhão, no sentido de denunciar o problema, responsabilizar
judicialmente pessoas e instituições/empresas envolvidas, assim como apresentar
propostas que conduzissem à eliminação de tal situação e a efetivação dos
Direitos de Crianças e Adolescentes e suas famílias/comunidades, preconizados
em lei.
Carajás:
exclusão social e miséria em meio a uma das maiores riquezas minerais do mundo
Registros
do MPEMA, sobretudo através da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e da
Juventude, tendo como titular o Promotor de Justiça Marcio Thadeu Silva
Marques, confirmam a recorrente incidência de desrespeito aos Direitos de
Crianças e Adolescentes, especificamente aos Direitos á Proteção Integral e à
Prioridade Absoluta, conforme previstos na Lei n.º 8.069/90 – o ECA/ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTES, em seus artigos 3º e 4º, e na Constituição da
República, artigo 227.
A
situação pode ser entendida como consequência do modelo de desenvolvimento
adotado para essa nossa região Carajás/Tocantins, privilegiando
os”grandes
projetos
(Projeto Carajás). Essa nossa região constituiu uma das maiores reservas
minerais do mundo, que pouco “agregam” economicamente falando, consolidando a
exclusão social e a miséria, enquanto essa riqueza se esvai pelos trilhos da
EFC (uma das veias abertas da América Latina, com a licença de Eduardo Galeano,
conforme citado pela professora Selma, da UFMA...).
A
pesquisa, liderada pela professora Karla Serrão, que a lançou ao lado da
Conselheira Presidenta do CEDCA-MA, Maria Ribeiro da Conceição, e da
Coordenadora da Agência MATRACA, jornalista Lisandra Leite, enfatizou o período
2005 a 2010, tido como o de maior número de casos de Crianças e Adolescentes
viajando clandestinamente nos trens da EFC, e os municípios de Açailândia,
Pindaré-Mirim, Santa Inês, Vitória do Mearim e São Luís, no Maranhão, e Marabá,
no Pará.
(Tivemos
ainda as falas da Conselheira Estadual do CEDCA-MA, a psicóloga Nelma Pereira
da Silva, representante da SMDH/Sociedade Maranhense de Direito Humanos; da
Conselheira DCA de Açailândia, Maria Cristina da Conceição; do Conselheiro
Tutelar de Açailândia, Glen Hilton Soares Pereira; da professora da UFMA,
Selma, também Conselheira Estadual DCA; de representante da Vale).
A
pesquisa também faz recomendações para resolver a situação
A
pesquisa compreendeu estudos de campo, levantamentos bibliográficos e
documentais, entrevistas com Conselheiros(as) Municipais dos Direitos da
Criança e do Adolescente, Conselheiros(as) Tutelares, gestores(as) e
representantes das políticas municipais de Assistência Social, Educação e Saúde;
Ministério Público; Vale e sobretudo Crianças e Adolescentes envolvidos(as) nas
viagens, e suas famílias.
E elencou
sete recomendações preliminares para um processo que, a longo prazo, poderá
eliminar o problema das “viagens clandestinas” de Crianças e Adolescentes nos
trens da EFC-Vale., entre elas plano de segurança, pela Vale; protocolo de
procedimentos entre os envolvidos na situação (Vale, municípios e gestões
públicas, instituições do SGD/Sistema de Garantia de Direitos, famílias, etc);
imediato e permanente monitoramento; que sejam construídos Termos de
Ajustamento de Conduta entre municípios e MPE, estabelecendo metas para a
execução das medidas de proteção a quem têm direito as Crianças e Adolescentes,
e suas famílias; que os municípios garantam condições de funcionamento aos
Conselhos Tutelares; capacitações para integrantes do SGD, habilitando aos
procedimentos de controle, fiscalização e denúncias de violações de Direitos;
observação permanente do conteúdo do ECA, que concebe “Crianças e Adolescentes
como Sujeitos de Direitos, Pessoas em Condição Peculiar de Desenvolvimento e
Absoluta Prioridade”.
Como
próximos passos, o CEDCA-MA, com o Ministério Público Estadual, pretende
apresentar a pesquisa aos(as) Prefeitos(as) e gestores(as) de políticas públicas
sociais de municípios sob influência direta da EFC-Vale, iniciando pelos da
realização da pesquisa, e a partir daí, implementar ações decididas e decisivas
para eliminar esssa situação, uma ferida social que teima não cicatrizar,
quanto mais erradicar...
Açailândia
foi representada no lançamento da pesquisa pela Conselheira Secretária do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Maria
Cristina da Conceição Silva, a agente de saúde Maria de Jesus Silva (do
protoganismo familiar), o conselheiro tutelar Glen Hilton Soares Pereira (embora certa resistência do órgão, o Conselho Tutelar, em participar...), e
este que vos escreve, pelo CDVDH-CB/Centro de Defesa da Vida e dos Direitos
Humanos Carmen Bascaran e Fórum DCA Açailândia.
Infelizmente, não se contou,
embora antecipadamente acordada, com a importante representação da politica
municipal de Assistência Social, diretamente envolvida na situação, como
“ponta-de-lança” da efetivação dos Direitos de Crianças e Adolescentes, e suas
famílias, que vivem realidades de ameaças e violações levando-os(as) à rota dos
“trens da Vale”...
(Nas fotos da organização do evento: 1) Lisandra Leite, o representante da Vale, Eduardo Hirata, Maria de Jesus Reis Silva, Nelma Pereira da Silva, Maria Cristina da Conceição Silva, Glen Hilton Soares Pereira. 2) Karla Serrão, Maria Ribeiro da Conceição, Glen Hilton Soares Pereira, Nelma Pereiras da Silva e professora Selma Marques)
(Nas fotos da organização do evento: 1) Lisandra Leite, o representante da Vale, Eduardo Hirata, Maria de Jesus Reis Silva, Nelma Pereira da Silva, Maria Cristina da Conceição Silva, Glen Hilton Soares Pereira. 2) Karla Serrão, Maria Ribeiro da Conceição, Glen Hilton Soares Pereira, Nelma Pereiras da Silva e professora Selma Marques)
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