Este é um
momento de juntar forças para impedir o avanço da agenda conservadora que
inclui medidas repressivas como a lei “anti-terrorismo” e a redução da
maioridade penal
(JornaL BRASIL DE FATO, 21/06/201)
(Por Maria
Luisa Mendonça)
As
mobilizações massivas, nunca vistas nas últimas décadas, estimulam a reflexão
coletiva e o debate político, mais do que necessário no Brasil. Essa é a melhor
notícia que poderíamos ter, apesar de estarmos com a sensação de nadar em águas
turvas, porém com muitos pontos luminosos.
O
início das mobilizações foi singular por apresentar uma pauta mais do que clara
- a redução da tarifa dos transportes - que foi vitoriosa. Essa pauta foi capaz
de aglutinar a juventude organizada, movimentos sociais, partidos de esquerda,
assim como uma multidão bastante diversa que busca participação política.
Portanto,
não existe nada de “apolítico” neste processo. A aversão a um processo que se
demonstra completamente “político” (no sentido amplo da palavra) foi
orquestrada pela mídia conservadora e seus porta-vozes.
A partir
dos primeiros protestos em São Paulo, a repressão policial foi rechaçada e uma
multidão ainda maior tomou as ruas do país.
Este pode ser um indício de que a sociedade
não está disposta a aceitar a violência do Estado. Em retrospectiva, era de se
esperar que os setores reacionários orquestrassem uma reação, como ocorreu
ontem com claros casos de grupos infiltrados nas manifestações para justificar
a repressão policial.
O discurso
fascista anti-partido preocupa, mas não pode tomar o centro da agenda. Estes
atos isolados são criados justamente para gerar medo e apagar o que importa no
debate – mudanças estruturais capazes de fazer avançar a luta por direitos.
Este processo será necessariamente longo e
deverá incluir pautas históricas dos movimentos sociais. Ao mesmo tempo, este é
um momento de juntar forças para impedir o avanço da agenda conservadora que
inclui medidas repressivas como a lei “anti-terrorismo” e a redução da
maioridade penal. No meio rural, o agronegócio também impõe violência, com a
repressão a povos indígenas e camponeses.
Outra
estratégia da direita é emplacar o discurso sobre o medo da inflação. Segundo
estes setores, a inflação seria um “fantasma” ou uma espécie de força
sobrenatural assustadora.
A vulnerabilidade da economia brasileira tem
sua raiz justamente na década de 1990 com a privatização de serviços públicos,
que atrelaram suas tarifas à taxa de câmbio. Por sua vez, os governos de Lula e
Dilma seguiram com uma espécie de malabarismo econômico que não permitiu
mudanças estruturais que atendessem as demandas sociais por reforma agrária e
urbana.
A
vulnerabilidade econômica atual tem origem na continuidade do apoio estatal a
grandes empresas, que se dizem “produtivas”, mas na verdade contribuem com a
especulação financeira ao atuar nos mercados de derivativos, de câmbio e de
commodities.
Este será
o grande nó político e econômico a ser desatado para gerar transformações no
longo prazo.
(Maria
Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos
Humanos)
(Meu comentário:
Na verdade, este foi apenas o começo,
vem muito mais pela frente! Mas é preciso ir devagar com o andor, e definir e
priorizar as pautas! Como tanto já se teorizou, não dá para fazer uma revolução
só com o facebook, ganhar as ruas é preciso!
Nos Direitos da Criança e do
Adolescente, temos no Estado do Maranhão duas pautas prioritárias bem claras: o
atendimento às medidas socioeducativas e a implementação dos Planos Estadual e
Municipais do Direito à Convivência Familiar e Comunitária.
Em Açailândia, articular e mobilizar
o SGD/Sistema de Garantia de Direitos.
Ah, em tempo: a principal instituição
do SGD, o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
na semana que passou, passou inteira, e pela segunda vez no ano, sem energia
elétrica, “cortada” por dona CEMAR... e sem telefone quer dizer sem internet,
sem telefone, sem trabalho... assim não, tem que reclamar mesmo, e até ir prá
rua, não?...
Eduardo Hirata)
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