“ 7 de setembro: GRITO DOS EXCLUÍDOS! JUVENTUDE
QUE OUSA LUTAR CONSTRÓI O PODER POPULAR!
(De
Mariane Matos,
do
Rio de Janeiro /RJ, para o jornal “Brasil de Fato”, 06/09/2013)
Dieymes
Pechincha, militante do Levante Popular da Juventude, fala sobre o Grito dos
Excluídos que acontece no próximo sábado: “ESTAMOS NAS RUAS PARA GRITAR POR
NOSSOS DIREITOS!”
O Grito
dos Excluídos, manifestação popular que acontece efetivamente desde 1995, tem o
tema deste ano ligado à questão dos jovens. Em contraste com a tradicional
comemoração passiva em torno do Dia da Independência, 7 de Setembro, o Grito
nasce com a finalidade de resgatar a soberania da nação diante do contexto
crescente de exclusão social.
Trazendo o
lema Juventude que ousa a lutar Constrói Projeto Popular, o evento de 2013
levanta o debate em torno dos jovens, que estão cada vez mais à margem da
sociedade.
“Estamos
descontentes por completo e estamos indo para a rua gritar pelos nossos
direitos”, defende o militante do Levante Popular da Juventude, Dieymes
Pechincha, nesta entrevista ao Brasil de Fato. Para ele,
é muito importante ocupar as ruas nesse momento. “Gritar é o que nos resta a
fazer nesse contexto em que as instituições já não nos ouvem”, afirma.
O 19º
Grito dos Excluídos acontece em todo o Brasil no dia 7 de setembro. No Rio de
Janeiro, o evento que está marcado para este sábado (7) a partir das 9h, na
Presidente Vargas, convida a população a repensar o modelo político, econômico
e social em que vivemos, bem como ocupar as ruas e reivindicar seus espaços na
cidade e na sociedade.
Brasil de
Fato – Qual o papel de manifestações populares, como esta convocada pelo Grito
dos Excluídos, no fortalecimento de um projeto mais popular para o Brasil?
Dieymes Pechincha: As manifestações, tanto as do aumento da
passagem, em junho, como a dos professores, agora, contribuem para o avanço de
um projeto de sociedade que contemple as classes de baixo. Esses protestos
mostram que, de fato, não estamos felizes com a forma que as coisas estão e
atestam que a gente tem a condição de colocar esse nosso grito na rua.
Portanto, o grande saldo que tiramos dessas manifestações foi a capacidade de
como as ruas se entupiram de gente. E, a partir disso, o retorno real de
vitórias, a gratificação do quanto a luta, quando massificada, constrói.
Diante do
evidente protagonismo da juventude nas recentes manifestações, qual a
importância do Grito deste ano?
O
Grito, e principalmente o seu lema, chega em um momento bastante interessante.
Estamos descontentes por completo e estamos indo para a rua gritar pelos nossos
direitos. Ou seja, é interessante como um lema, dentro de um ato que tem 19
anos de história, contemple tão bem a nossa realidade atual. Por isso, é muito
importante ocupar as ruas nesse momento, já que gritar é o que nos resta a
fazer nesse contexto em que as instituições já não nos ouvem.
A
juventude sempre foi sinônimo de esperança e energia. Trazê-los para a luta é
essencial para os movimentos sociais atualmente?
É
fundamental que a juventude se enfileire, construa com as próprias mãos esse
projeto. A gente tem visto o quanto que dialoga a forma como a juventude tem se
colocado na rua, trazendo novas metodologias e, principalmente, trazendo toda
uma nova simbologia para as lutas.
Vivemos em
tempos de extermínio da juventude negra e debates, como o da redução da
maioridade penal. Como você analisa este momento de emancipação popular?
Esse
processo de emancipação popular nas lutas e até mesmo esse diálogo com essas
questões do extermínio da juventude e a redução da maioridade penal colocam a
gente em um cenário de choque. É um momento fundamental para se questionar qual
a
pauta real que precisamos focar para avançar. É essencial seguir na luta contra
o extermínio da juventude e não tem como desatrelar esta questão da redução da
maioridade. Até porque, sabemos para quem está sendo projetada essa lei, pois
quem é preso de verdade em nosso país é a juventude pobre, negra e periférica.