quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Número de usuários de crack chega a 370 mil nas capitais brasileiras



Segundo estudo realizado pela Fiocruz, cerca de 40% do total de pessoas que fazem uso regular da droga estão no Nordeste 
19/09/2013
( Por Thais Leitão, da Agência Brasil, publicada pelo jornal “Brasil de Fato”, em 19/09/2013)

Os usuários regulares de crack e/ou de formas similares de cocaína fumada (pasta-base, merla e oxi) somam 370 mil pessoas nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.

 Considerada uma população oculta e de difícil acesso, ela representa 35% do total de consumidores de drogas ilícitas, com exceção da maconha, nesses municípios, estimado em 1 milhão de brasileiros.

A constatação está no estudo Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde.

 A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para o secretário nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Vitore Maximiano, o número de usuários regulares desse tipo de droga é "expressivo", embora corresponda a 0,8% da população das capitais (45 milhões).

 "Não é pouco, em absoluto, termos 370 mil pessoas com uso regular de crack. O número é expressivo e mostra que devemos ter total preocupação com o tema."

O secretário classificou de surpreendente o fato de, em números absolutos, a Região Nordeste concentrar a maior parte dos usuários, contrariando o senso comum, segundo o qual o consumo é maior no Sudeste.

Como a prática ocorre em locais públicos e durante o dia, ela costuma ser mais visível, devido à formação das chamadas cracolândias.

 De acordo com o estudo, no Nordeste há aproximadamente 150 mil usuários de crack, cerca de 40% do total de pessoas que fazem uso regular da droga em todas as capitais do país.

"Esse é um achado que surpreende: a presença de um forte consumo no Nordeste e também, proporcionalmente, no Sul [onde há 37 mil usuários de crack].

 No Nordeste, acreditamos que seja em razão do próprio IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] mais baixo, quando equiparado nacionalmente", disse.

 "Já em relação ao Sul, verificamos um componente histórico, uma vez que tradicionalmente há na região um maior uso de drogas injetáveis, cujo índice no país é muito baixo, mas sempre com maior predominância por lá", acrescentou.

A proporção do consumo do crack em relação ao uso total de drogas ilícitas (com exceção da maconha) também apresenta variações entre as regiões.

 Enquanto nas capitais do Norte, o crack e/ou similares representam 20% do conjunto de substâncias ilícitas consumidas, no Sul e no Centro-Oeste o produto corresponde a 52% e 47%, respectivamente.

O levantamento mostra ainda que, entre os 370 mil usuários de crack e/ou similares, 14% são menores de idade.

 Isso indica que aproximadamente 50 mil crianças e adolescentes usam regularmente essa substância nas capitais do país.

 A maior parte deles (56%) também estão concentrados nas capitais do Nordeste, onde foram identificados 28 mil menores nesta situação.

Em relação aos locais de consumo da droga, o estudo identificou que oito em cada dez usuários usam crackem espaços públicos, de interação e circulação de pessoas.

 A diretora de Projetos Estratégicos da Senad, Cejana Passos, ressaltou que, em razão dessa característica, não adianta fazer uma pesquisa com metodologias tradicionais, por exemplo, com perguntas diretas ao entrevistado se ele usa ou não a droga, com o objetivo de estimar o número de usuários.

Segundo ela, o método adotado, que investiga as redes sociais do entrevistado, com questionamento sobre as pessoas que ele conhece que usam a substância, foi possível chegar a um número mais preciso.

"Essas pessoas podem não estar na residência. Por isso, era preciso investigar o todo e cruzar as redes sociais", disse. 

"Pela primeira vez, a secretaria considera ter um dado muito confiável em relação ao número de usuários de crack nas capitais", acrescentou.

Para fazer o estudo, foram ouvidas, em casa, entre março e dezembro de 2012, 25 mil pessoas, que responderam a questões sobre as características das pessoas que integram suas redes de relacionamento.

Entre as perguntas, havia algumas focadas especificamente no uso do crack e outras que serviram como controle de confiabilidade dos dados, cujas respostas podiam ser comparadas aos cadastros de órgãos públicos, por exemplo, número de conhecidos que são beneficiários do Bolsa Família.

Além desse estudo as pastas divulgaram hoje a pesquisa Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil que traz informações sobre as características epidemiológicas dessa parcela da população.

(Foto: Marcelo Camargo/Abr)
(Créditos Infográfico: Arte DIJOR/EBC - Fontes: Ministério da Justiça e Ministério da Saúde)


( Eu, Eduardo Hirata:


E aqui em Açailândia, como andam as coisas em relação às drogas?

Ontem mesmo,uma mega- operação das Policias Civil e Militar encarou , prendendo alguns traficantes e estourando outras bocas de fumo.

Maconha, sobretudo, a droga referida.

O “crack”, combinado a outras drogas, sem dúvida, faz um estrago social danado, visível a olho nu, de modo público e notório, lá pelas bandas do Casqueiro, do Rabo da Gata, ou pelas ruas da cidade, com nossos(as) “ligeirinhos(as), zumbis”, como denomina o povo...

Mas a grande droga, escamoteada para debaixo do tapete, é mesmo o álcool, a partir da cervejinha de cada dia, e outras bebidas de mais alto teor e calibre...

Socialmente aceita, embala e vitamina baladas, festas, comemorações, “shows”... 

Ninguém aí para a tal “lei sêca” apesar dos registros policiais  e da saúde pública demonstrarem que bem mais da metade de acidentes automobilísticos, e das discussões, brigas, pancadarias e agressões, terem como componente estimulador imprescindível, o álcool...

Política pública de prevenção e combate? Que é isso aqui?

Campanhas educativas esporádicas, em determinadas datas, e o resto é caso de polícia...

Açailândia tem Conselho de Políticas Públicas sobre Alcóol e Drogas, recém-instalado, mas desvalorizado pelo executivo municipal, responsável pelas condições de funcionamento e manutenção: sem sede decente adequada, sem apoio técnico-administrativo...

E tem um Plano, no papel... A estrutura pública existente não é “especializada” e não também não tem condições de oferecer serviços sócio-assistenciais e de saúde com eficiência e resolutividade, casos do CAPS, do CREAS...

Resta uma rede, comunitária, também desprezada pelo poder  e orçamento  municipal, que tenta fazer alguma coisa: as comunidades terapêuticas Bom Samaritano e Casa de Rute, os AAA, o Amor Exigente, os encaminhamentos para outros municípios e Estados...

Assim como temos tido audiências públicas sobre o trânsito, Pequiá de Baixo, passou da hora de um grande debate, e encaminhamentos convincentes, sobre essa questão das drogas por aqui...




*************************************************