quinta-feira, 6 de março de 2014

Moradores de Piquiá de Baixo denunciam atraso no processo de reassentamento





É um  descaso monumental, um atentado à vida, um tapa na cara da dignidade humana, uma afronta à cidadania,  já é mais que crime, o que fazem com o povo do Piquiá de Baixo!

Todos os desrespeitos possíveis à lei brasileiras naquele vale condenado estão registrados! O lucro justifica tudo, “o progresso” justifica tudo,  o povo que se lixe!...

Para o “modelo desenvolvimentista”, o Piquiá de Baixo não passa de “os ônus do progresso”, e para os simpatizantes e fanáticos pelo capitalismo representado pela Vale, pelas siderúrgicas, pelas ‘florestas plantadas’ e seu carvão, e agora pela aciaria e satélites, é isso mesmo: “o progresso vale tudo”, ou parodiando o quadro do Silvio Santos “tudo por dinheiro”...

Meninos morreram e foram mutilados nas “muinhas”, resíduos assassinados da “indústria” local, todos e todas sofrem males respiratórios e outros, já relatados em vários estudos e pesquisas de cientistas e instituições abalizadas.

O povo quer sair daquela antessala do inferno ( e ele estava lá muito antes do nefasto Projeto Grande Carajás e suas consequências socioambientais perversas...), mas “ o poder público: executivo- municipal, estadual, federal-,  legislativo-idem, judiciário- estadual e federal” e o “poder empresarial” levam o povo na demagogia, cozinhando-o em banho-maria...

Até quando? E por quê?  (Eduardo Hirata)



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Moradores de Piquiá de Baixo denunciam atraso no processo de reassentamento

(Da Rede Justiça nos Trilhos, quinta-feira 6 de março de 2014)

Nessa quinta-feira (06), mais de 100 pessoas estão bloqueando por tempo indeterminado o acesso a duas empresas siderúrgicas no distrito industrial de Piquiá de Baixo (Açailândia-MA), um dos bairros mais poluídos do País.

Piquiá de Baixo está situado em meio a quatro indústrias de ferro-gusa: Viena Siderúrgica S/A, Queiroz Galvão Siderurgia, Gusa Nordeste S/A e Ferro Gusa do Maranhão Ltda. – Fergumar. Com aproximadamente 1.100 residentes, o bairro que é cortado pela Estrada de Ferro Carajás (EFC) ainda sofre os impactos de um entreposto de minério da empresa multinacional Vale S.A.

Tudo isso fez de Piquiá um “buraco de poluição” e violações do direito à saúde, à moradia e à vida. Entretanto, a comunidade demonstrou indignação e revolta e tem buscado os seus direitos. Mais de 90% da população de Piquiá querem um novo local de moradia, longe da poluição. Os moradores conseguiram um terreno para o reassentamento e participaram da elaboração do projeto urbanístico-habitacional do novo bairro.

Além disso, tem se efetivado várias negociações entre a Associação de Moradores, o Ministério Público Estadual, o Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Maranhão (SIFEMA), a Prefeitura Municipal de Açailândia, o Governo do estado do Maranhão, dentre outras instituições.

Em maio de 2011, a Prefeitura de Açailândia, o SIFEMA, o Ministério Público e a Associação de Moradores de Piquiá assinaram um Termo de Compromisso de Conduta (TCC) que detalhou ações e responsabilidades em vista do reassentamento.

Entre outros acordos já cumpridos, o termo estabelece que as empresas siderúrgicas efetuem o pagamento total da indenização do terreno destinado à construção do bairro, uma vez que houver a sentença definitiva de desapropriação do mesmo.

Segundo a Associação de Moradores, a sentença foi proferida em dezembro de 2013, mas até hoje o SIFEMA, interpelado de várias formas e notificado oficialmente no mês passado, não manifestou interesse em cumprir com o acordo.

Outra reivindicação urgente dos moradores é a respeito da aprovação do projeto urbanístico-habitacional do novo bairro por parte da Prefeitura de Açailândia. O projeto foi elaborado pelos moradores sob a assessoria técnica da Usina - Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado (CTAH) e está sendo já analisado pela Caixa Econômica Federal.

Desde maio do ano passado a Prefeitura está sendo solicitada a analisar o projeto. O prazo que a própria administração municipal indicou ao Ministério Público Estadual venceu no último dia 17 de fevereiro.
“A comunidade está dialogando há anos com as instituições e as empresas. Não recebendo respostas, volta a cobrar seus direitos de forma civil e não violenta, num ato público de denúncia do descaso de quem pode e deve contribuir, mas até agora não quis”, afirmam os integrantes da Associação Comunitária do bairro, que ainda esperam um posicionamento também do Governo do Estado e da Vale S.A. a respeito da complementação do dinheiro para construção do novo bairro.

Manifestação popular

Desde a manhã dessa quinta-feira (06), os moradores estão reunidos em frente a duas das maiores siderúrgicas, Queiroz Galvão Siderurgia e Gusa Nordeste S/A. Apoiados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terras (MST) e pelo Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Açailândia, demonstram resistência e afirmam que só sairão do local quando obtiverem respostas concretas a suas reivindicações.

Os moradores se organizaram de forma pacífica, bloqueando o acesso às siderúrgicas e impedindo que os carros de funcionários, de carvão e minério das empresas entrem nas mesmas. Segundo a Associação dos Moradores, caso nenhuma autoridade se manifeste, outras medidas serão tomadas.

“Às vésperas do dia internacional da mulher, queremos dizer que não é esse o progresso que defende e promove a vida de nossas mulheres e crianças”, afirmou um morador. “A vida vale mais do que o lucro de siderúrgicas e mineradoras”. Gritos de ordem e apresentações teatrais fazem parte das atividades realizadas no espaço da manifestação. Cartazes pedem por justiça e seriedade no acompanhamento da problemática de Piquiá de Baixo. Um fogão industrial e grandes panelas instalados debaixo de tendas mostram que os moradores pretendem permanecer até quando seus pedidos e seus direitos forem garantidos.

Mais informações sobre Piquiá de Baixo, clique “www. justicanostrilhos.org”  e “www.piquiadebaixo.justicanostrilhos.org”


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