No imaginário popular
brasileiro, quarta-feira de cinzas “adequa-se a pagar” os excessos e pecados
dos dias inebriantes e tresloucados do carnaval!
Mesmo não sendo “oficialmente”
feriado, a nação pelo menos até o meio-dia, praticamente para, curtindo a “ressaca” dos cinco ou mais dias “oficiais” do
carnaval, que varia de Salvador-BA, a nossa Açailândia do Maranhão, que não
teve “carnaval oficial”...
Mas a quarta-feira de
cinzas é religiosa, cristã, católica – a religião da maioria do povo
brasileiro, e tem um significado, como podemos relembrar no artigo a seguir.
(Eduardo Hirata)
(Artigo de um frade franciscano, segundo a Associação Devotos
de Fátima)
“Um pouco mais de um
mês, e vai chegar a festa mais importante do ano, a celebração do acontecimento
central e máximo de toda a história da humanidade. Está se aproximando a
Páscoa. E porque ela é tão grande, merece uma preparação à altura. Começa nesta
quarta-feira a nossa preparação para a Páscoa. E como inauguramos esta
preparação? Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como sinal de penitência,
isto é, como sinal de que estamos dispostos a seguir o verdadeiro caminho de
Deus para obtermos justiça e paz para todos. Além disso, passamos esse dia
fazendo jejum, também como sinal de penitência. Serão então quarenta dias de
preparação: Quaresma…
Quarta-feira de cinzas!
Celebramos neste dia o mistério do Deus misericordioso que aceita nossa
penitência, nossa conversão, isto é, o reconhecimento de nossa condição de
criaturas limitadas, mortais, pecadoras. Conversão consiste em crer no
Evangelho, isto é, aderir a ele, viver segundo o ensinamento de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Numa palavra, trata-se de entrar no caminho pascal de Jesus.
“Convertei-vos, e crede no Evangelho”: é o convite que Jesus faz (cf. Mc
14,15). Esta palavra, a gente ouve, recebendo cinzas sobre a nossa cabeça. Por
que cinzas? É para lembrar que, de fato somos pó! Mas não reduzidos a pó!…
A fé em Jesus
ressuscitado faz com que a vida renasça das cinzas. Quando o homem reconhece
sua condição de criatura realmente necessitada da ação de Deus, em Nosso Senhor
Jesus Cristo e no Divino Espírito Santo, então Jesus Cristo faz brotar frutos
de vida eterna de nossa condição mortal. Reconhecer-se assim, é entrar numa
atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida.
Esta páscoa, a gente
vive através dos exercícios da oração, do jejum e da esmola, no espírito do
Sermão da Montanha. Páscoa que celebramos na Eucaristia, na qual recebemos
Aquele que corrige nossos vícios, eleva nossos sentimentos, fortifica nossa
alma e, assim nos garante uma eterna bem-aventurança. Por isso que o
sacerdote canta na Oração Eucarística:
“Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso…, vós acolheis nossa penitência
como oferenda à vossa glória. O jejum e abstinência que praticamos, quebrando
nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia. […]
Pela penitência da Quaresma, vós corrigis nossos vícios, elevais nossos
sentimentos, fortificais nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna
recompensa”.