Aproveitando estes dias
de carnaval, para refletir sobre nosso mundão e “suas coisas”, e o que
realmente importa em e para as nossas Vidas!
Com o texto de Padre
Claudio Bombiere, a seguir. (Eduardo Hirata)
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VII domingo comum - Uma antropologia
do dinheiro como absoluto existencial! (Mt.6, 24-34)
(Do Padre Claúdio
Bombiere, em seu blog Claudio Maranhão, 02/03/2014)
Quem de nós, em época de eleições
políticas, já não ouviu expressões do tipo ‘melhor votar num rico do que em um
pobre, pois o rico já tem o dele, e não precisa roubar...Já o ‘pobre’ vai
querer meter a mão, pois ele não tem...e vai roubar’.
Nada de mais equivocado. O ‘rico’,
embora não qualquer rico, dificilmente se tornou rico de forma honesta. e
chegou aonde chegou cultuando o que ele considera o bem mais precioso da sua
vida, o dinheiro. E dele se tornou um escravo e um devoto submisso. Nem com
dinheiro suficiente para viver no luxo a vida inteira vai detê-lo de querer
obter sempre mais dinheiro. A sua procura virou doença, dependência, e mesmo
com as reservas abarrotadas ele tentará arrancar mais e mais dinheiro de quem
quer que seja.
Mais do que isso. Se um rico deixa de possuir
aqueles bens que inicialmente tinha, sentirá a mesma crise de ‘abstinência’ que
um dependente químico sente, e fará de tudo para procurar o necessário para
sentir as mesmas emoções e poder que sentia no auge da sua ‘embriaguez’.
O assim chamado ‘pobre’ também ele não está
livre de sentir a mesma atração por dinheiro, e mergulhar nas mesmas formas de
dependência.
Afinal, a sensação de potência que o
dinheiro elevado a senhor absoluto da nossa vida proporciona é algo que afeta a
todos.
Jesus sabia disso, e é aos pobres que ele se
dirige, pois estes, embora sintam a mesma atração e sedução, ainda possuem a
chance para não entrar na mesma lógica dos já dependentes do dinheiro.
Reconhecer a supremacia de Deus, e o da misericórdia e da justiça, e não do dinheiro,
significa acreditar que Ele nunca nos abandonará, nunca nos deixará entregues
ao 'nosso destino'.
O dinheiro, ao contrário, por ser 'coisa'
movida a interesse e conveniência, nos abandona e nos faz sentir ‘coisas’ e não
gente, livre e autônoma.
Deus, ao contrário, no seu modo de
nos governar vai permitir que compreendamos que Ele está sempre conosco, como
uma mãe solícita que entende e atende as nossas reais necessidades, sem nos
deixar faltar do que precisamos para viver como verdadeiros filhos adoradores
do único Deus que não escraviza e não domina.
Mais uma vez Mateus nos diz que os
que encaram as leis e as normas cultuais como meios absolutos para encontrar
Deus são os mais expostos a tornar absolutas as coisas. Não acreditam que é
Deus que se deixa encontrar e conhecer de forma gratuita e livre, mas são os
humanos através da sua suposta obediência e subserviência cega.
Afinal, quem coloca o dinheiro em primeiro
lugar quer dizer para si mesmo e para os outros que ele mesmo pode ser ‘deus’,
e que pode viver sem o verdadeiro ‘Deus’.
A sua queda será grande!