Quantos rolos de esparadrapo vale uma
viagem de jato de Natal ao Maracanã?
(Jornal
“Brasil de Fato-SP”,05/07/2013)
Heródoto Barbeiro*
Alguns políticos continuam
brincando com a paciência do povo. Aquela que se acabou nas recentes
manifestações e se cristalizaram em uma tentativa de invadir o Congresso e
protestar no plenário. O evento terminou em grossa pancadaria e o repúdio de
milhares de pessoas que vaiaram simbolicamente os seus representantes. Estes
ainda acreditam que estão impunes atrás das paredes e podem continuar
usufruindo das mordomias pagas pelos contribuintes que protestam. Usam e abusam
do dinheiro público porque se acostumaram a não ser cobrados. Só para dar um
exemplo, a Câmara Municipal de São Paulo custa 450 milhões por ano, metade do
valor com que a cidade subsidia o transporte público. Parece que nem mesmo o
abaixo-assinado com mais de um milhão de assinaturas do “Fora Renan”, assustou
essa gente.
Agora ficou mais fácil fiscalizar quem
usa indevidamente os jatinhos da FAB para passear e carregar amigos e parentes.
Como será que os oficiais da Força Aérea se sentem ao cumprir uma ordem de
gastar o querosene do povo para um desses nababos? O presidente da Câmara,
deputado Henrique Eduardo Alves, é um deles. No domingão do jogo final da
seleção na Copa das Confederações chamou um jatinho, como se chama um táxi,
para Natal. Iria ao Rio de Janeiro para uma reunião com o prefeito local que
não constava da agenda. Já que iria para o Rio, que mal tem levar toda a
família, para torcer para a seleção canarinho e ajudar a pátria em chuteiras?
Quanto custa um voo desses? Pego no contra o pé avisou correndo que vai pagar a
despesa. Estaria com medo de manifestações na porta da casa dele como ocorreu
na porta governador do Rio de Janeiro.
O presidente da Câmara é uma peça
importante no processo de reforma política que o país tanto precisa. É um cargo
de confiança. É um agente que precisa ter ética, ser transparente, defender o
interesse público e o fortalecimento da democracia. Mas o Brasil já tem um
homem com esse perfil, é Henrique Eduardo Alves, o admirador dos jatinhos da
FAB. Quantas outras viagens como essa ocorrem sem que o contribuinte ovino
saiba e continue bancando com os seus impostos? Quantos rolos de
esparadrapo vale uma viagem de jato de Natal ao Maracanã? São os mesmos
que vão liderar as mudanças, com a mesma cara de pau. Ainda acham que podem se
esconder atrás das mentiras que contam dia a dia e são espalhadas pelo país. Só
mesmo com o povo, muito povo, na porta do Congresso vai ser possível aprovar
mudanças para tirar os sangue-sugas nas nossas jugulares.
* Heródoto Barbeiro é
escritor e jornalista da RecordNews e R7.com
·
E aqui em Açailândia do Maranhão, prá não ficar lavando a roupa suja na
máquina de lavar dos outros, quem, onde e como estão nossos “caras-de-paus”?
Temos um “nativo” como
deputado federal, Hélio Batista dos Santos, que há muito não ares de sua graça.
Fale-se mal, mas pelo menos de vez em quando seu par, Francisco Escórcio, anda
por aqui e dá seus pitacos.
Nossa nobre Câmara
Municipal, que é por lei a grande propositora,monitora, fiscal e avaliadora das
políticas públicas municipais, salvo uma e outra vereadora, e outro vereador,
não explica nem justifica o aumento absurdo de 11- onze- para 17-dezesssete
membros, de um ano para outro...
Esse aumento de membros
não corresponde a um aumento na qualidade e eficiência das atribuições do “parlamento
mirim”, conforme definida na lei, a começar por nossa Orgânica municipal.
Em compensação,o
salário é muito, coisa em torno de dez mil reais mensais, a jornada semanal de
trabalho uma beleza, tudo a custo dos impostos e taxas pagas no suor e sacrifício
de um povo que adoece ainda mais no SUS local, vê suas crianças se alimentando
mal (ou não se alimentando) com a “merenda escolar”, padece com o lixo, a falta
de saneamento básico, o esgoto a céu aberto; se estressa no seu transporte
público e se acidenta nas ruas esburacadas; ensurdece com a poluição sonora,
boa parte dela “em nome de Deus”, aquela produzida por igrejas; tem um INSS mas
boa parte dos(as) segurados(as), atrás do direito previdenciário, precisa ir pro
Estreito e outras cidades; enlouquece aos poucos nas filas dos bancos e
lotéricas; se apavora com a violência crescente; desanima com a impunidade e a
morosidade da justiça... e por aí tem e por aí vai...
Mas nem tudo está
perdido, e o bom combate continua: dia 10 de julho, quarta-feira, 1600 horas,
Praça do Pioneiro, nova manifestação, priorizando a imediata redução da tarifa
de ônibus coletivo, de R$ 2,50 para 2,00. E as outras lutas também serão
revigoradas, como a remoção do povo do Pequiá de Baixo.
Com os “caras de paus
ou não” (de preferência sem a maioria deles, que nunca estiveram de fato com o
povo, a não sem em seus interesses grupais...
(Eduardo Hirata)