sábado, 6 de julho de 2013

A mesma cara de pau



Quantos rolos de esparadrapo vale uma viagem de jato de Natal ao Maracanã?

(Jornal “Brasil de Fato-SP”,05/07/2013)

Heródoto Barbeiro*

Alguns políticos continuam brincando com a paciência do povo. Aquela que se acabou nas recentes manifestações e se cristalizaram em uma tentativa de invadir o Congresso e protestar no plenário. O evento terminou em grossa pancadaria e o repúdio de milhares de pessoas que vaiaram simbolicamente os seus representantes. Estes ainda acreditam que estão impunes atrás das paredes e podem continuar usufruindo das mordomias pagas pelos contribuintes que protestam. Usam e abusam do dinheiro público porque se acostumaram a não ser cobrados. Só para dar um exemplo, a Câmara Municipal de São Paulo custa 450 milhões por ano, metade do valor com que a cidade subsidia o transporte público. Parece que nem mesmo o abaixo-assinado com mais de um milhão de assinaturas do “Fora Renan”, assustou essa gente.

Agora ficou mais fácil fiscalizar quem usa indevidamente os jatinhos da FAB para passear e carregar amigos e parentes. Como será que os oficiais da Força Aérea se sentem ao cumprir uma ordem de gastar o querosene do povo para um desses nababos? O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, é um deles. No domingão do jogo final da seleção na Copa das Confederações chamou um jatinho, como se chama um táxi, para Natal. Iria ao Rio de Janeiro para uma reunião com o prefeito local que não constava da agenda. Já que iria para o Rio, que mal tem levar toda a família, para torcer para a seleção canarinho e ajudar a pátria em chuteiras? Quanto custa um voo desses? Pego no contra o pé avisou correndo que vai pagar a despesa. Estaria com medo de manifestações na porta da casa dele como ocorreu na porta governador do Rio de Janeiro.

O presidente da Câmara é uma peça importante no processo de reforma política que o país tanto precisa. É um cargo de confiança. É um agente que precisa ter ética, ser transparente, defender o interesse público e o fortalecimento da democracia. Mas o Brasil já tem um homem com esse perfil, é Henrique Eduardo Alves, o admirador dos jatinhos da FAB. Quantas outras viagens como essa ocorrem sem que o contribuinte ovino saiba e continue bancando com os seus impostos? Quantos rolos de esparadrapo  vale uma viagem de jato de Natal ao Maracanã? São os mesmos que vão liderar as mudanças, com a mesma cara de pau. Ainda acham que podem se esconder atrás das mentiras que contam dia a dia e são espalhadas pelo país. Só mesmo com o povo, muito povo, na porta do Congresso vai ser possível aprovar mudanças para tirar os sangue-sugas nas nossas jugulares.

* Heródoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com


·         E aqui em Açailândia do Maranhão, prá não ficar lavando a roupa suja na máquina de lavar dos outros, quem, onde  e como estão nossos “caras-de-paus”?

Temos um “nativo” como deputado federal, Hélio Batista dos Santos, que há muito não ares de sua graça. Fale-se mal, mas pelo menos de vez em quando seu par, Francisco Escórcio, anda por aqui e dá seus pitacos.

Nossa nobre Câmara Municipal, que é por lei a grande propositora,monitora, fiscal e avaliadora das políticas públicas municipais, salvo uma e outra vereadora, e outro vereador, não explica nem justifica o aumento absurdo de 11- onze- para 17-dezesssete membros, de um ano para outro...

Esse aumento de membros não corresponde a um aumento na qualidade e eficiência das atribuições do “parlamento mirim”, conforme definida na lei, a começar por nossa Orgânica municipal.
Em compensação,o salário é muito, coisa em torno de dez mil reais mensais, a jornada semanal de trabalho uma beleza, tudo a custo dos impostos e taxas pagas no suor e sacrifício de um povo que adoece ainda mais no SUS local, vê suas crianças se alimentando mal (ou não se alimentando) com a “merenda escolar”, padece com o lixo, a falta de saneamento básico, o esgoto a céu aberto; se estressa no seu transporte público e se acidenta nas ruas esburacadas; ensurdece com a poluição sonora, boa parte dela “em nome de Deus”, aquela produzida por igrejas; tem um INSS mas boa parte dos(as) segurados(as), atrás do direito previdenciário, precisa ir pro Estreito e outras cidades; enlouquece aos poucos nas filas dos bancos e lotéricas; se apavora com a violência crescente; desanima com a impunidade e a morosidade da justiça... e por aí tem e por aí vai...  

Mas nem tudo está perdido, e o bom combate continua: dia 10 de julho, quarta-feira, 1600 horas, Praça do Pioneiro, nova manifestação, priorizando a imediata redução da tarifa de ônibus coletivo, de R$ 2,50 para 2,00. E as outras lutas também serão revigoradas, como a remoção do povo do Pequiá de Baixo.

Com os “caras de paus ou não” (de preferência sem a maioria deles, que nunca estiveram de fato com o povo, a não sem em seus interesses grupais...


(Eduardo Hirata)