A semana que antecede o
natal, este que está aqui e por aí, ( mas não deveria ser assim) é
verdadeiramente uma loucura, beirando a alucinação, ou melhor, alienação...
E um dos grandes “dilemas”
do período é “o presente”. Os presentes que vou dar, os presentes que espero
receber. Como se importante no natal fosse dar e receber presentes (nesse natal
que aqui está e por aí também, é assim...).
O artigo a seguir, do
Padre Marcelo Barros, nos aclara o assunto e desmistifica essa corrida (tipo
velozes e furiosos...) aos presentes...
O melhor presente de Natal
(Por Marcelo Barros, jornal Brasil de Fato,
17/12/2013)
O poeta francês Charles
Peguy afirmava: “A esperança é uma menina. Ela é encarregada de sempre recriar,
onde o hábito é acomodar-se. Ela semeia inícios, onde a tendência é propagar a
decadência. Ela suscita vida nova, onde o ritual é a rotina”
Nessa semana antes do Natal, muita
gente se pergunta que presente pode dar às pessoas e tem também quem se sinta
responsável por elaborar alguma mensagem ou palavra a dizer no começo das
festas de confraternização comuns nessa época do ano.
Aqui deixo minhas sugestões. Ao enfrentar a
agressividade do trânsito em nossas grandes cidades, ao testemunhar a violência
urbana de cada dia e ver ou ouvir os noticiários restritos a crimes e
escândalos nacionais, alguém mais sensível pode concluir: este mundo está perdido.
Nesse contexto, os enfeites de Natal,
ao invés de mostrar o colorido da festa, parecem ressaltar o vermelho do
sangue.
As melodias de Papai Noel podem
acirrar ainda mais a voracidade do comércio.
E, nesse contexto, fica mais difícil ainda
escolher um significativo presente de Natal.
Se eu pudesse, proporia que cada um oferecesse
a si mesmo/a e às pessoas que ama lentes novas e diferentes para ver o mundo.
Nesses dias, os organismos
encarregados da segurança no Recife espalharam pelo centro da cidade várias
câmaras de vídeo para filmar atos de violência e culpar os responsáveis.
De fato, conseguiram captar flagrantes de
assaltos, roubos e outros incidentes de violência cotidiana. No entanto, depois
do primeiro dia, a equipe encarregada de rever as imagens gravadas se espantou.
Constatou uma coisa surpreendente. De fato,
além dos incidentes de agressões que, de fato, ocorreram, as imagens mostravam
cenas comoventes de pessoas anônimas que ajudavam as outras. Anciãos apoiados
para atravessar uma rua. Jovens se dispunham a carregar pacotes de pessoas
cansadas.
E muitas outras amostras de
solidariedade humana. O mais surpreendente foi que as cenas de bondade e
solidariedade das pessoas eram muito mais numerosas do que os incidentes de
violência.
A equipe especializada em investigar crimes
precisou mudar sua perspectiva de visão para constatar o que não esperava ver e
concluir o contrário daquilo que era a sua expectativa.
Aquelas pessoas descobriram que o Brasil não
está tão mal, nem as pessoas são tão más, como diariamente as redes de
televisão e grande parte da imprensa comercial fazem questão de mostrar.
Ao contrário, há amor e
solidariedade, escondidos em cada coração humano e doidos para ser
desenterrados.
Mesmo que da manhã à noite, sejamos
atordoados por programas que mostram o mundo se acabando com muitos crimes
hediondos, defendem a violência policial e insinuam a urgência da pena de
morte, é possível ver algo diferente e apresentar o reverso da história.
Esse pode ser o melhor presente a ser intercambiado
nesse Natal. Sua Santidade, o Dalai Lama percorre o mundo inteiro para propagar
que em cada pessoa existe uma semente de compaixão.
Segundo ele, a tarefa essencial é
ajudar as pessoas a fazer desabrochar e cultivar essa planta em sua vida.
Atualmente, o papa Francisco insiste
em que redescubramos a alegria da boa notícia de que Deus tem para o mundo um
projeto de amor. Jesus nos revelou:
Deus assumiu a condição humana para
fazer com todo ser humano possa se tornar divino. Essa é a mensagem do Natal.
Se assimilarmos isso e espalharmos essa
notícia, podemos contribuir para um renascimento de esperança.
O poeta francês Charles Peguy
afirmava: “A esperança é uma menina. Ela é encarregada de sempre recriar, onde
o hábito é acomodar-se. Ela semeia inícios, onde a tendência é propagar a
decadência. Ela suscita vida nova, onde o ritual é a rotina”.
Que o nosso presente de Natal, a nós mesmos e
uns para os outros seja essa esperança, que como cantava a canção, é
equilibrista, mas sempre capaz de, sem se machucar, andar na corda bamba de
sobrinha e ensaiar assim o mundo novo que a cada dia renasce a partir do amor e
da solidariedade humana.