segunda-feira, 26 de maio de 2014

MENINO DESAPARECIDO ELSON E SUA FAMÍLIA RECEBEM A SOLIDARIEDADE DAS COMUNIDADES CAMPESINAS DE AÇAILÂNDIA E “7ª FESTA DA COLHEITA” RECOLHE ASSINATURAS EM ABAIXO-ASSINADO










(Informe da Secretaria Executiva do Fórum DCA Açailândia –                  Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran)


O menino ELSON, então com nove anos de idade, pessoa com deficiência, segundo filho de uma família de cinco irmãos, moradora e trabalhadora desde sempre no Assentamento Planalto I, região do Novo Oriente,que sofre um tremendo impacto social e ambiental com a suplicação da ferrovia Carajás, desapareceu em 14 de dezembro de 2009.

A família, o assentamento em peso, as comunidades vizinhas, centenas de pessoas,  procuraram desesperadamente pelo menino, durante dias.

Foram  a polícia, o corpo de bombeiros, mas praticamente nada procuraram, pouco investigaram. Em alguns meses, apenas a família e outras famílias vizinhas e amigas, continuaram “a busca”, as “autoridades (Conselho Tutelar, Polícia...)”, embora  comunicadas formalmente do desaparecimento, “nem aí...”.

Mas ainda em 2010, uma denúncia escrita da filha e irmã (além de mãe e gestante, adolescente, então...) dos principais suspeitos, um antigo assentado praticamente pioneiro, Adão,   e seu jovem filho, “de criação”, Josemir, “reavivou” o caso. Ela afirmou categoricamente que o motivo do desaparecimento de ELSON, que entendia como “assassinato”, seria sexual, ou seja, o menino sofrera abuso continuado de Josemir, começara a revelar a um primo, e por isso, Adão  arquitetou o “desaparecimento” do menino.
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A denúncia foi entregue ao Ministério Público, e a Paróquia São  João Batista/Irmãos Combonianos, em parceria com o CDVDH-CB/Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA Açailândia), passaram a “cobrar” com mais intensidade.

A adolescente, suas Crianças (uma no ventre), passaram um tempo sob acolhimento institucional, promovido pelo CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia e o então iniciante logo paralisado Centro de Referência de Direitos Humanos, do governo estadual.

E depois, com o companheiro, encaminhada a outro município, a “cuidados” de familiares.

Adão e Josemir chegaram a ser presos, passando um mês na cadeia, mas, alegando falta de provas, entre elas “o corpo”, a polícia civil, com a “homologação” do Ministério Público, “arquivaram” o caso ELSON.

Mas Adão e Josemir não voltaram ao Assentamento Planalto I, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais promoveu a troca de seu lote, por outro no município de Bom Jesus das Selvas.

Lá, no novo “lote”, a morte suspeita de outro menino, bebê ainda, “afogado num barreiro”. Bebê filho da jovem hoje companheira  de Josemir . E Adão tem por  companheira a mãe desta jovem...

Apesar de “denunciado” ao Conselho Tutelar, que repassasse ao Conselho de Bom Jesus das Selvas, e ao Delegado Regional de Polícia, a morte deste bebê, no “barreiro” do lote de Adão, o caso “ficou por isso”.

Entre absurdos ouvidos das “autoridades” naquela época: “... ele pode ter fugido pelo trem ...; ... a família era negligente, o menino andava por tudo quanto quintal e casa do assentamento; etc...”.

Esqueceram-se as  autoridades que o assentamento é pequeno, nem cinquenta famílias, e a criação e educação das Crianças, todo mundo cuidando, é bem diferente das Crianças da cidade... E que ELSON jamais saira dos limites do povoado, e o leito da ferrovia dista seis quilômetros... E por aí foi, aleivosias...

O caso ELSON foi divulgado no “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão, no último domingo de 2011. Solange, a mãe de ELSON, deu entrevistas a emissoras de rádio e televisão aqui de Açailândia.

E alguns meses depois, com o apoio do juiz André Santos, a Procuradoria de Justiça do Maranhão “desarquivou” o caso, e pai e filho acusados voltaram a ser presos, desta vez por pouco mais de seis meses, hoje, respondem penalmente em liberdade.

A ação penal correspondente ao caso ELSON se arrasta na justiça, tramitando em primeira instância. 

A família, ao arrepio da lei e da política de atendimento dos Direitos Humanos e de Assistência Social, não tem recebido nenhuma atenção dos órgãos “competentes”, tais como o próprio Conselho Tutelar, o CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social, criado e que deve(ria) funcionar assistindo vítimas, famílias e comunidades violadas em seus Direitos, etc.

Diante da morosidade do “sistema de segurança e justiça”, que parece desconhece o principio do ABSOLUTA PRIORIDADE no atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, conforme a letra da Constituição da República, artigo 227 e do artigo 4º do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, e do descaso do “sistema sócio-assistencial”,

 a “7ª FESTA DA COLHEITA” de Açailândia, celebração das comunidades campesinas por excelência, decidiu “encampar” apoio e solidariedade à causa por justiça a ELSON, sua família e comunidade, iniciando com um abaixo assinado, que será encaminhado ao Judiciário e à Assistência Social, apelando pelo cumprimento à lei e exigindo  o respeito aos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes.

Na “7ª FESTA DA COLHEITA”, o anúncio do abaixo-assinado foi feito pelo próprio Bispo Dom Gilberto Pastana de Oliveira, depois reforçado pelo paróco da Santa Luzia, Padre Dario Bossi, que apresentou a todas comunidades, a senhora Solange e o senhor Francisco, “Chiquinho”, pais de ELSON. Presente a Conselheira Tutelar Ivanessa Santos, representando o órgão público municipal encarregado pela sociedade de zelar pelos Direitos de Crianças e Adolescentes, nas situações de ameaças e violações.

Com o abaixo-assinado, a expectativa é a de fortalecimento para uma mobilização social, que possa levar a breve conclusão judicial do caso ELSON, e assegure a assistência devida à família e à comunidade.

(Nas fotos, Solange, mãe, e Francisco “Chiquinho”, pai, do menino ELSON, e Padre Dario Bossi)

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