Meus votos, nossos
votos...
Minhas resoluções de
ano novo, já as define... é o pé no chão, o realizável no curto-curtíssimo
prazo, aqui em Açailândia do Maranhão.
Mas como a Ruth de
Aquino, no artigo a seguir, também tenho ‘meus votos’ para 2014, ano eleições e
de copa do mundo de futebol, e de muitos mais, e tão importantes quanto e
como...
E meus votos batem com
os dela...
(Eduardo Hirata)
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Nossos desejos são nossos votos, na
urna e numa ideia fixa: uma sociedade mais educada e sadia
NOSSOS VOTOS
( por RUTH DE AQUINO, colunista da revista
Época, 30/12/2013)
Confesso ter problema com a palavra
“aposta”. Todos os significados dela me incomodam. O significado mais comum
implica ganhar ou perder dinheiro. Ou se aposta num cavalo ou numa certeza.
Quando se aposta – com um amigo ou num vício – , arrisca-se muito. Grana ou
reputação. Às vezes ambas.
Prefiro os desejos às apostas.
Podemos ser mais livres e delirantes ao desejar. Podemos ser utópicos. No ano
de 2014, de eleição e Copa, nossos desejos são, mais do que qualquer troféu,
nossos votos. Votos na urna e numa ideia fixa: uma sociedade mais educada, mais
sadia, mais responsável, mais ética e menos violenta.
1. Que o próximo presidente ouça a
voz das ruas e, antes de investir US$ 4,5 bilhões em caças suecos, escolha suas
prioridades de emergência, entre elas a Saúde, evitando que pacientes morram na
fila da rua ou da cirurgia, por negligência e omissão.
2. Que o próximo presidente entenda a
expressão “mobilidade urbana” e, em vez de inundar as ruas de carros
particulares, invista em trens e transporte público de qualidade, com
integração real entre rodoviárias, aeroportos, metrôs e ônibus. Que invista
também em rodovias mais seguras, porque nossas estradas hoje são de quinta
categoria.
3. Que o próximo presidente,
consciente de que quase 40% das famílias brasileiras são hoje chefiadas por
mulheres, invista numa política nacional de creches, em quantidade e qualidade,
permitindo assim que possamos conciliar com um mínimo de tranquilidade e
competência nossas funções de mãe e trabalhadora.
4. Que o próximo presidente remunere
direito os professores e aumente a carga horária das escolas no Brasil, do
ensino fundamental às universidades, para que crianças e adolescentes não
fiquem apenas cinco horas por dia em instituições de ensino, enquanto os pais
trabalham em tempo integral.
5. Que o próximo presidente ataque de
frente o deficit profundo de habitação popular, poupando as famílias
brasileiras de viver indignamente em barracos e favelas sem esgoto, sem
segurança nem saneamento, com perigo de desmoronamento ou risco de tuberculose,
junto a áreas de elite nos grandes centros urbanos ou nos rincões remotos e
abandonados.
6. Que o próximo presidente tenha
ética, determinação, apoio e moral suficientes para tirar a política brasileira
desse pântano de corrupção e privilégios, acabando com supersalários e
supermordomias num dos Congressos mais caros e menos eficientes do mundo. Que
sejam punidos exemplarmente todos que tirarem proveito particular de seus
cargos públicos.
7. Que o próximo presidente ajude os
Estados a ter uma política consequente de segurança. Temos visto apenas
iniciativas isoladas e criativas, como as UPPs no Rio. Sem uma contrapartida
maciça de serviços públicos e sociais, elas acabam torpedeadas por bandidos com
e sem farda. O risco é viver, cada vez mais, em cidades sem lei, onde se corre
o risco de ser assaltado e morto ao andar na rua, ir à praia, pegar um ônibus,
comer num restaurante, pegar dinheiro num caixa eletrônico de banco, chegar a
sua garagem ou parar num engarrafamento.
8. Que o próximo presidente leve a
sério o meio ambiente e o destino do lixo com campanhas de educação. E que não
apenas multe, mas prenda os especuladores criminosos que destroem nossos
parques, lagoas, praias e reservas.
9. Que o próximo presidente revele à
população como são gastos os impostos, num país onde a arrecadação tributária
bate recordes. E que os impostos sejam transformados em benefício dos
contribuintes.
10. Que o próximo presidente não
escamoteie os índices de inflação e não
minta sobre o real estado da economia do Brasil.
Aí sim, o Brasil seria campeão em
2014.
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