“Ainda existe gente honesta, enquanto muitos mentem, omitido a renda,
excluindo o esposo(a) porque o mesmo, trabalha de carteira assinada e etc. Essa
senhora, devolveu o seu cartão do Bolsa Família no final de 2013. Segundo ela,
não precisa mais deste benefício, gostaria que fosse cancelado e que não queria
tirar o direito de alguém mais necessitado.
(Luis Coco, no facebook, 26/01/2014)”
(Luis Coco, no facebook, 26/01/2014)”
Vira e mexe, aqui em nossa cidade, polêmicos
debates sobre o “Bolsa-Família”. Muita gente caindo de pau, taxando de “programa
politiqueiro e esmoler”, mas só tangenciando a superfície do debate, sem
dignar-se a uma análise mais profunda, suas vantagens e desvantagens, sua
legitimidade, seu impacto na sociedade,
na economia, etc, etc. Ficam, isso sim, na crítica rasa e simplista da
politicalha...
Mas a maioria das pessoas reconhece e aplaude o “Bolsa-Família”. Não esqueço, e admiro, o exemplo do empresário,
que no início do “Bolsa-Família”, era um desses que “caía de pau”, chamando de
coisa de vagabundo, de compra de votos, incentivo pra sem vergonhice, mas em
pouco tempo, mudou de idéia, quando reconheceu que os negócios cresceram, com
as compras necessárias e a honestidade e pontualidade das famílias, novas freguesas, e
antigas freguesas agora comprando mais...
A divulgação do servidor público
municipal de Açailândia, “Luis Coco”, é oportuna e também serve de exemplo,
dele e do programa, e também para o perfil das famílias beneficiárias.
Parabens, parabéns, a ela, e ele, sobretudo, o Brasil precisa e se constrói com gente assim!
E como “santo de casa não faz milagre”,
como diz a sabedoria popular, a seguir um artigo publicado na “grande imprensa”,
sobre o tema. (Eduardo Hirata)
(Foto da senhora açailandense que devolveu o cartão do “Bolsa-Família”,
e “Luis Coco”)
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QUEM É CONTRA O BOLSA
FAMÍLIA OU É MAL-INTENCIONADO OU É MAL-INFORMADO
(Por André Forastieri, do R7com, publicado em 04/06/2013)
Sempre que a
oportunidade aparece, ressuscita a campanha contra o Bolsa Família. Seu
objetivo não é acabar com o benefício. É tão impossível quanto acabar com o
salário mínimo, o Natal, o nascer do sol. As metas são outras: manter o Bolsa
Família com o menor valor possível, enxovalhar a reputação de quem o recebe,
influenciar a opinião pública para que se torne politicamente difícil a criação
de outros benefícios semelhantes, e bater no governo. A quem interessa? Aos que
têm outros destinos para o dinheiro dos nossos impostos.
Recentemente, a
correria por conta dos boatos sobre o fim do Bolsa Família ressuscitou os
zumbis de sempre. As questões habituais se arrastaram para fora da tumba: o
Bolsa Família é bom? É justo? Não é um estímulo oficial à vagabundagem e à
procriação destrambelhada? Não seria melhor deixar de lado essa política
assistencialista, e focar na geração de empregos, verdadeira porta de saída
dessa esmola? Não tenha dúvida: na próxima oportunidade que pintar, os mesmos
de sempre voltarão a atiçar com desinformação os mesmos preconceitos. É bom
estar preparado para retrucar.
A revista britânica
Lancet publicou semana passada estudo que relaciona de forma conclusiva o Bolsa
Família com a queda da mortalidade infantil. Dados de quase 3000 municípios
brasileiros foram utilizados, no período entre 2004 e 2009. A Lancet é a mais
tradicional publicação científica na área de saúde do planeta - existe desde
1823. Nas cidades em que o programa tem alta cobertura, a queda geral na
mortalidade infantil foi de 19,4%. Cruzando o Bolsa Família com causas
específicas de morte, o impacto é ainda maior: queda de 65% nas mortes por desnutrição
e 53% nas mortes por diarreia. A íntegra está aqui.
O Bolsa Família,
portanto, salva vidas. Não é uma solução permanente. É uma operação de
emergência, necessária hoje e todo dia. Sua missão fundamental é salvar vidas
em perigo, vidas que enfrentam uma calamidade permanente (o miserê nacional,
desastre que de natural não tem nada). Aí chegamos a outra crítica comum ao
programa: mas pra quê tanta criança? Essa mulherada sem vergonha não está
parindo um filho atrás do outro, só pra garantir uma renda fixa?
A resposta é um grande
não. A taxa de fertilidade do Brasil vem caindo rápido. Hoje é de 1,8 filhos
por mulher, a mesma que o Chile, menos que os Estados Unidos (1,9). Está abaixo
do nível mínimo de reposição da população (que é 2,1%). É evidente que se o
mundo tivesse dois bilhões de pessoas, em vez de sete, estaríamos melhor na
fita. Quanto menos pobre, menos pobreza... mas o fato inquestionável é que as
brasileiras têm cada vez menos filhos. E cada vez mais tarde - 40% das nossas
conterrâneas entre 25 e 29 anos ainda não têm filhos. Dados citados em um iluminador
artigo da Economist desta semana.
A importância do Bolsa
Família para essas famílias pobres ficou assustadoramente explícita nas
reportagens de TV sobre o corre-corre. Pareciam cenas de refugiados na África,
se batendo por um galão de água, um saco de ração. Por que nossos compatriotas
ficaram tão desesperados com a possibilidade de ficar sem o Bolsa Família?
Porque eles não recebem um monte de outros benefícios simultaneamente.
Comparando com os países que tem a melhor qualidade de vida, o Brasil tem
benefícios sociais minúsculos.
O sociólogo Alberto
Carlos Almeida fez uma comparação chocante entre Brasil e Inglaterra, em artigo
para o jornal Valor Econômico. Os ingleses ganham salários muito mais altos que
os brasileiros. E mesmo assim recebem muitos tipos de auxílio diferentes, que
aqui não existem. Alguns:
- bolsa funeral (R$
2100 para ajudar no enterro de seu familiar, incluindo pagar flores, caixão,
uma viagem de algum parente para o velório etc.)
- bolsa aquecimento no
inverno (média de R$ 2400 por mês para ajudar você a se aquecer no inverno)
- bolsa necessidades
especiais (para deficientes ou idosos, até R$ 1500 por mês)
- bolsa cuidador de
quem tem necessidades especiais (R$ 720 por mês)
- bolsa aquecimento por
painéis solares (até R$ 3600 por mês)
- seguro desemprego (R$
720 por mês)
E muitos outros de todo
gênero. Almeida destaca o bolsa criança, que paga R$ 1350 por mês para a
família que tem uma criança (e mais uns R$ 1200 para o segundo filho etc.).
Vale lembrar que a saúde pública inglesa é boa e gratuita, assim como a
educação, em sua maior parte. Por isso tudo, os ingleses são mais saudáveis e
educados que os brasileiros, vivem mais e melhor que nós, em um país sem
violência. Lá, os impostos são aplicados em benefícios que garantem uma vida
mais saudável e segura. Quando alguém criticar o Bolsa Família, faça-lhe um
favor: jogue esses dados na cara do infeliz. Nós, brasileiros, precisamos ter
consciência do que funciona bem em outros países, para cobrar as mesmas leis
aqui. Dou o link para a reprodução do texto de Almeida no site do Senado
Federal, porque no site do Valor é só para assinantes.
Certo que o Brasil não
é a Inglaterra. Certeza que há dinheiro suficiente para ajudarmos nossos
deficientes, idosos, crianças, desempregados e defuntos. Estão aí os estádios
faraônicos pra Copa, molezas diversas para empresas próximas do poder, benesses
variadas para apadrinhados etc. Somos a sexta maior economia do mundo. Nosso
desafio não é gerar recursos, é forçar a aplicação desses recursos no que trará
mais benefícios para nossa população.
O PT explora
politicamente o Bolsa Família? Claro, é isso que governos fazem, e oposição
idem. Aécio Neves até já disse que quem criou o Bolsa Família foi o PSDB (não
foi, mas criaram coisas parecidas. Lula, quando o Fome Zero não decolou,
reempacotou os benefícios criados pelos tucanos, engordou um tanto o bolo, e
marketou magistralmente). Minha sugestão é que os governos estaduais e
municipais da oposição criem seus próprios bolsa isso e bolsa aquilo. Que bom
se os políticos disputarem nosso voto nos dando dinheiro, em vez de tirar...
O questionamento do
Bolsa Família mais furado de todos é o moral: é justo uma pessoa receber
dinheiro, sem ter trabalhado por isso? Nem merece resposta. A questão não é de justiça,
é de isonomia. Os mais ricos já recebem bastante dinheiro sem trabalhar.
Embolsam rendimentos de suas aplicações financeiras, aluguel de imóveis e tal.
Acionistas de empresas recebem dinheiro sem trabalhar: os lucros. E herdeiros
recebem dinheiro sem trabalhar, às vezes sem nunca ter trabalhado de verdade.
Muitas crianças brasileiras felizardas já têm seus futuros assegurados, graças
ao que construíram seus pais ou avós. Nunca precisarão pegar no batente (e
mesmo assim, como sabemos, muita gente abonada continua trabalhando, porque
assim se sente realizada, produtiva, estimulada, ganha mais dinheiro ainda etc.
Dinheiro é 100%, mas não é tudo...).
Na próxima vez que a
campanha contra o Bolsa Família mostrar sua cara feia, ajude a cravar uma
estaca em seu coração. O Bolsa Família não é nenhuma maravilha, mas é
infinitamente melhor que nada. Tem que ser aplaudido, imitado, diversificado e
expandido para pessoas que não têm família. Tem que ter o seu valor aumentado,
bastante e rápido. Contra fatos, e vidas salvas, não há argumentos.
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