sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Só se fala no terror do sistema prisional maranhense. E o estado do atendimento socioeducativo a adolescentes em conflito com a lei não é terror também ?




Só se fala no terror do sistema prisional maranhense. E o estado do atendimento socioeducativo a adolescentes em conflito com a lei não é terror também ?

(Eduardo Hirata)

A falência do sistema prisional maranhense, crônica anunciada em bancarrota de anos, esconde a realidade de terror do descaso e da irresponsabilidade dos governos estadual e municipais, com o atendimento às medidas socioeducativas para adolescentes e jovens com a lei. As medidas restritivas de liberdade (internação, semi-liberdade/custódia/internação provisória) são de “responsabilidade da FUNAC, órgão estadual, enquanto as medidas em meio aberto (liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade) são de “responsabilidade” dos municípios (no caso açailandense, ao órgão da política de assistência social e do SUAS/Sistema Únicio de Assistência Social, o CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social.

Claro que o CREAS não atende sozinho, mas no conjunto da “rede”, ‘dentro’ do SGD/Sistema de Garantia de Direitos, com outros órgãos públicos, como o MPE/Ministério Público Estadual, Judiciário Estadual, Defensoria Pública Estadual, Conselho Tutelar (que como zelador direto de Direitos de Crianças e Adolescentes, de acordo com o ECA/Estatuto da Criança e Adolescente, tem o dever de ‘acompanhar’ para que o Estatuto seja respeitado e os direitos assegurados...), etc, etc.

Atualmente, “oficialmente”, o Maranhão não pode “internar” mais nenhum(a) adolescente, pois as unidades de internação estão interditadas pelo judiciário, e não autorizadas a funcionar, pelo CEDCA-MA/Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescentes. Outras unidades da FUNAC, de “semi-liberdade/internação provisória/custódia”, tanto na ilha-capital como em Imperatriz, estão também desautorizadas a funcionar, mas na prática, todas funcionam...

E funcionam mal, e isso a mais de uma década...  Atendem muito mal...  Para comprovar, entre 2004 e 2010, Açailândia teve quatro adolescentes assassinados na ilha-capital, quando cumpriam suas “penas” junto à sociedade, impostas pela justiça...

E nove adolescentes/jovens egressos de medidas restritivas de liberdade também tiveram fim prematuro e violento, entre 2004 e 2012.

Ou seja, adolescentes açailandenses condenados são na prática sentenciados à morte, e antes dela, maus-tratos de toda ordem do “sistema”...

E noventa por cento da população ainda quer reduzir a idade penal, para jogá-los (as) nas Pedrinhas e CCs da vida... E como isso é pouco, querem também pena de morte...

O ECA e o SINASE/Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, que são leis, não são implementados, e a ignorância e o desconhecimento nacional  é tão grande e absurdo, pregando  que não há “punição” para adolescentes infratores...

Não cuidemos de nossos(as) adolescentes e jovens infratores(as), hoje, agora, já, e teremos, em breve, mais matéria prima para  o  terror prisional...

Enquanto ECA e SINASE continuam menosprezados pela gestão governamental, o “atual sistema de atendimento socioeducativo maranhense” propicia seguidamente notícias como a seguir:

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Mais de quatro adolescentes fogem da Unidade Provisória Canaã no Vinhais

(Por Dalvana Mendes, jornal ‘O Imparcial’, São Luís-MA., 10/01/2014)

Cinco adolescentes fugiram, na noite dessa quinta-feira (09/01), do Centro de Juventude Canaã, unidade de internação provisória da Funac (Fundação da Criança e do Adolescente), no bairro do Vinhais. Entre os fugitivos está Tiaguinho, autor da morte de um frentista de um posto de combustível no Bairro do São Raimundo. O crime aconteceu no ano passado.

Esta é a segunda fuga em menos de 48 horas esta semana, totalizando 12 adolescentes em fuga. A primeira aconteceu na última terça-feira (07/01), sete adolescentes fugiram do Centro de Ressocialização Alto da Esperança, no bairro do Anjo da Guarda. A fuga aconteceu depois de uma confusão, os adolescentes saíram pelo portão principal da unidade. Todos os adolescentes estavam com armas artesanais e fizeram refém um colega de unidade. Em seguida, forçaram a saída pelo portão, depois de ameaçar os monitores de plantão.

Dois dos sete adolescentes que fugiram são considerados de alta periculosidade, sendo um deles conhecido como Renan, que participou da morte do empresário Daniel Smith. O outro conhecido como “Bananinha” que já praticou de vários assaltos e, admitiu que integra a facção criminosa denominada “Bonde dos 40”.

Segundo informações, O Centro de Juventude Canaã tem capacidade apenas para 30 adolescentes e contava, antes da fuga da quinta-feira (09/01), com 60 internos, e já o Centro do Alto da Esperança, para internação provisória, com capacidade para 12 menores, contava, antes da fuga da última terça-feira (07/01), com 17 internos.


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