segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

“A MENINADA DOS OVOS DE CODORNA”: O TRABALHO INFANTIL PERSISTE EM AÇAILÂNDIA DO MARANHÃO (mesmo assim, Feliz Natal! À meninada, ás autoridades, a todas e todos nós...)







Na noite do domingo, 22, a Professora desabafa, indagando se o trabalho infantil em Açailândia do Brasil, é crime ou não, se tem que ser combatido ou não, a quem denunciar, o que fazer?


Referia-se a Professora, a  um fenômeno renitente (assim como o da “Meninada do Trem”...) de muitos e muitos anos aqui em nossa cidade, o do, vamos assim chamar “Meninada dos Ovos de Codorna”, a exploração da “mão de obra infantil” na venda de ovos de codorna, pelas ruas, calçadas, brs, bares, lanchonetes, restaurantes, boites,shows,  sobretudo na movimentada e agitada  noite açailandense.


Que dizer a Professora, e sua colega de profissão, testemunha rotineira dessa situação flagrante, explícita, límpida,  de violação de direitos, fato notório e público?


É reiterar que trabalho infantil é crime sim,definido na Constituição Federal (Emenda n.º 020), na CLT, na Lei Municipal Complementar n.º 007/2007, etc, etc.


E que Açailândia tem um “TAC do Trabalho Infantil”, firmado com o Ministério Público do Trabalho de 2007, que estabeleceu formas  de combater e punir esta exploração, mas que é olimpicamente ignorado e desrespeitado por todos e todas, a começar das “autoridades responsáveis”.


Sim, Professora, entre estas “autoridades responsáveis”,linha de frente na prevenção e na erradicação do trabalho infantil e na proteção do trabalho de adolescente, de acordo com as leis, os planos, temos ou teríamos sim o Conselho Tutelar, atuando de pronto e articulado com os CRAS, CREAS, PETI, Bolsa-Família, e sendo o caso, ainda com a Policia (tanto militar como a civil ou a rodoviária federal...), os Ministérios Públicos Estadual e do Trabalho, a Defensoria Pública, a Justiça do Trabalho e o Judiciário Maranhense... ( e  o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Câmara Municipal também tem responsabilidades neste campo...).


Ocorre que em Açailândia temos todas estas “autoridades”, que poderiam e deveriam por dever de oficio enfrentar dignamente e com competência esse “fenômeno”, mas por que não se articulam, não  se integram, não se mobilizam, nada se faz, nada acontece, nada muda, tudo continua na mesma, como dantes na terra de arantes, a terra do “não tô nem aí...”.


E constate, Professora, que não são tantos os Meninos (de vez em quando, uma e outra Menina...) protagonistas explorados, violados  nesse “fenômeno”: se sabe da “origem” (Vila Ildemar, como citou; Jacu, quiça outro bairro...), das famílias...


Como no fenômeno da “Meninada do Trem”, Professora, o “sistema” (todo aquele conjunto institucional público-governamental acima mencionado), somado às instituições não-governamentais, igrejas, comunidades, sociedade em geral (nós)  não funciona, aliás, é cúmplice por omissão.


Afinal de contas, é impressionante a quantidade de Crianças e Adolescentes, Meninos e Meninas, vivenciando rotineira, cotidianamente, situações de franca, e pública,  exploração, pelas ruas, calçadas,praças, entroncamento, feira, em dezenas de atividades, da venda vespertina e noturna de ovos de codorna, passando por  venda de cd piratas e contrabandeados , lavadores em lava-jatos,“secretárias domésticas e babás em casas de família", chegando á exploração sexual, não só no entroncamento das brs...


E a senhora está certa, Professora, em indignar-se: trabalho infantil, na sociedade globalizada, competitiva e excludente de hoje, Criança explorada vendendo ovos de codorna tem seu futuro hipotecado. Conheci um menino vendedor de ovos de codorna, que foi assassinado jovenzinho ainda, depois de, aliciado, aderir à bandidagem. E conheço outros dois, que depois de trabalharem desde os sete, oito anos de idade, iniciando vendendo ovos de codorna hoje, em torno dos vinte anos, “estão perdidos por este mundo sujo, em meio à droga, ao tráfico e ao crime...”.


E nesta época, natalina, festiva, e com as férias escolares, Professora, a situação piora, e muito, tenha certeza... A lavagem cerebral da mídia, o consumismo e o materialismo exarcebado dos dias atuais levam Crianças e Adolescentes  a “buscar seu dinheirinho”, e nem sempre de maneira lícita (como bem destacou o Major Comandante da PM, Eurico Alves, em recente evento)...


E todas as formas de “remuneração por sua mão de obra”, para pessoa menor de quatorze anos de idade, pela lei brasileira, é crime, é violação de direitos.


No final, Professora, só posso lhe dizer: é cobrar, cobrar e cobrar que a lei seja cumprida, que a impunidade seja encarada... água mole em pedra dura tanto bate até que fura...


Embora tudo isso, Professora, e como estamos no Natal, e Natal é também Esperança, esperança de tempos melhores, de vidas melhores, de transformações para melhor, representada pelo Nascimento do Menino Jesus que nos serve de modelo para que também nós tenhamos um novo nascimento.


Esse fenômeno, esperamos, seja prevenido e combatido como deve ser, e que Crianças e Adolescentes estudem e estudem, pois trabalho de criança é estudar e brincar, é viver a infância e a adolescência! Trabalho é coisa de gente adulta!



 (Nas fotos de uma também Professora, que publiquei a uns seis meses atrás, cenas de meninos dos ovos de codorna, “trabalhando” na Praça da Biblia. A situação foi devidamente denunciada, mas sem resposta oficial até hoje)

domingo, 22 de dezembro de 2013

QUAL É O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL?



QUAL É O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL?







(Adaptado de Pe. Francisco Sehmen, scj:Revista "Brasil Cristão" - N. 16, Edição 185 - de Dezembro de 2012)


O que é o Natal ? - O que significa desejar Feliz Natal? Uma volta de Jesus ao mundo, às famílias? Desejamos paz, alegria, vida nova, ou muitos presentes, festas banquetes, “papai noel”?


No passado, papai noel era sempre relacionado ao Menino Jesus. Nos dias atuais, infelizmente, andam separados. Sempre que o velhinho aparece, o Aniversariante é posto fora de cena. Perdeu-se no tempo, a figura original do ´papai noel como mensageiro do Menino Jesus.


Agora  transformou-se num "velho propaganda"   do consumismo.
Este  papai noel moderno só pensa numa coisa e só trabalha por uma causa: vender, vender e vender. Nos templos globalizados do consumismo, os shopping centers, onde recebe as crianças de classes  economicamente abastadas...

Para as crianças pobres costuma levar só brinquedos baratos, importados chineses, usados. E recebe-las para as fotos nas casinhas de papai noel...


Alheio à realidade, ele  nunca é visto chorando, mas sempre sorridente. Não gosta muito de caminhar pelas favelas, nem de visitar as casas onde crianças não colocam os sapatinhos ao pé da cama, lá onde andam descalças e dormem no chão.


Onde ficou aquele velhinho de barbas brancas, faces iluminadas de carinho, sorriso e ainda mais abertos dos nossos tempos de criança, que vinha carregado de presentes para o Menino Jesus do Presépio? Onde está o papai noel que distribuía presentes a todos, à família da empregada que passava este dia da fraternidade conosco?


Era o Menino Jesus que repartia os presentes. Costume que ainda perdura em algumas famílias. Papai Noel traz os presentes e os entrega em nome do recém-nascido de Belém.


Revivia-se o pleno sentimento da profecia de Isaías: "Um menino nasceu entre nós" ( Is 9, 5 ); Ele é o presente de Deus à humanidade, o motivo de nossa confraternização, manifestada na troca de presentes nesta Noite Feliz e de Paz.


Mas o papai noel dos tempos da globalização e da internet não é mais aquele. Não sabe mais que um dia sua missão foi parecida com a de João Batista, o precursor. Ele "não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz" ( Jo 1, 27). João alertou com severa advertência, válida para hoje: "No meio de vós há alguém que não conheceis" ( Jo 1, 26).


A alegria do Natal seria mais completa se Papai Noel testemunhasse como João Batista, a respeito de Jesus: "É necessário que Ele cresça e eu diminua" ( Jo 3, 30 ).


A tradição do Papai Noel é ligada a São Nicolau ( ou Santa Claus) , bispo da Turquia entre os anos 280 e 345. Sua vida é cercada de lendas que o retratam como uma pessoa bondosa, que dava muitos presentes. Após sua morte, começou a ser cultuado por toda Europa. Os reformadores nórdicos no séc. XVI, contrários à devoção aos santos, substituíram S. Nicolau pela figura ( fictícia ) do Papai Noel. Segundo a tradição, ele parte do Pólo Norte em um trenó cheio de presentes, puxado por renas, e passa de casa em casa para entregar presentes às crianças que foram obedientes durante o ano.


Há menos de 50 anos quem trazia os presentes era o Menino Jesus. Passava de casa em casa com seu burrinho. Ao lado do presépio, cada um colocava um chapéu, e dentro dele grãos de milho. Era o alimento para o burrinho ter forças para seguir viagem.


 No dia seguinte, o milho desaparecia e lá estavam os presentes. Talvez não resolva brigar com o papai noel, mas seria muito bom lembrar que o Natal celebra o Nascimento de Jesus Cristo.


Paralelo aos presentes pode nascer uma onda de fraternidade, capaz de levar a solidariedade e vida mais digna às crianças que apenas sonham com o papai noel e nunca tiveram a ventura de sua visita.


A grande virtude deste tempo é a esperança. O Menino que nasce é o "Sol Nascente", é a "Luz das Nações". Não podemos um natal pagão, sem Deus sem o Menino Jesus - um Natal só de pai noel  com árvore de natal, compras, presentes caros, com sentido de festa mundana.


Podemos celebrar o Natal com alegria Cristã, com luzes e presentes, mas com a simplicidade que a festa exige. Se o Menino não nasce no nosso ser, em nossa vida, no nosso coração não há Natal.


Se a palavra Natal significa "nascimento", então temos que deixar o Menino Jesus nascer em nosso coração.


Papai Noel não precisa desaparecer. Mas precisa mudar. Reconhecemos que ele faz gestos humanitários nos hospitais, nas fábricas e escolas, mas precisa fazer mais. Faça como o velho Simeão, no Templo e ajude            -nos a levar o Menino Jesus às crianças.


 Que o Menino seja conhecido, amado e seguido por todos nós. 



Feliz Natal, o verdadeiro, a todos nós!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Cartinha do Menino Jesus às crianças de hoje






Natal dos tempos globalizados de hoje destaca, coloca no centro de tudo, o “papai noel” presenteador símbolo do consumismo que a tudo, como um tsunami, arrasa...


Basta considerar a loucura  e a exasperação que se vive nestes dias, nas ruas e calçadas de praticamente todas cidades brasileiras, e de todo planeta...


Mas Natal, com o N maiúsculo, não é esse do papai noel artificializado-comercializado que por aqui e por aí está, mas é o do Menino Jesus...


Como na singela cartinha do texto de Leonardo Boff.


(Eduardo Hirata)


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Cartinha do Menino Jesus às crianças de hoje


Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor,  revela a cartinha do Menino Jesus, "encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamadas de favelas", para as crianças


(Jornal “Brasil  de Fato”,20/12/2013)


Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas,


Se vocês olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai  que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco,

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas a presenca escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles.

Se vocês conseguirem fazer renascer a criança escondida no seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade com todo mundo,

Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se quiserem dividir o que têm e desejarem, já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças sofrendo fome e chorando de frio,

Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis, os chefes de Estado, os sábios e outros  grandes em sua humanidade vêm de todas as partes do mundo para contemplarem a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima das palhinhas,

Se vocês ao verem a vaca, o boi, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino Jesus e que todos, estrelas, sois, galáxias, pedras,  árvores, peixes, animais e nós humanos formamos a grande Casa de Deus,

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos,

Se vocês  aguçarem bem os ouvidos e escutarem no ambiente, a partir dos ouvidos interiores, uma música suave e celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém, música que lhe traz alegria e profunda paz,

Então saibam que eu  estou chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, na Casa do Pai e Mãe de infinita bondade para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.

                                      Belém, 25 de dezembro do ano 1.

                                      Assinado: Menino Jesus


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