quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

TJ-MA julga caso de exploração sexual infantil ocorrido em Açailândia



O episódio ficou conhecido como Caso PROVITA e sete pessoas foram condenadas em primeira instância


(Da “Justiça nos trilhos, 31/01/2018)


Na quinta-feira (1) de fevereiro, a partir das 9h, no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), em São Luís, haverá o julgamento de um caso emblemático de exploração sexual infantil. As vítimas dos crimes eram duas meninas, que contavam, à época dos fatos, com 12 e 13 anos. Os fatos criminosos em julgamento envolvem homens da elite empresarial e política da cidade de Açailândia entre eles, um ex-secretário municipal, advogados e empresários. O caso foi investigado pela CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa do Maranhão e ficou conhecido como Caso PROVITA de Açailânida porque na época as vítimas tiveram que ser encaminhadas ao Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas em virtude das ameaças de morte que estavam sofrendo.


A denúncia do Ministério Público do Maranhão, feita em 2007, aponta que as duas vítimas viviam em situação de vulnerabilidade social e foram aliciadas por Fabiano Souza Silva para realizar “programas” em Açailândia e, posteriormente, em outras cidades como Imperatriz (MA) e Teresina (PI). A situação perdurou por cerca de oito meses e as adolescentes foram resgatadas em uma ação do Conselho Tutelar de Açailândia.


Em 2016, o juiz da Primeira Vara Criminal de Açailândia, Pedro Guimarães Júnior, condenou em primeira instância Antônio Borges Neto, Antônio Sildemir da Silva Moreira, Geraldo Henrique Menezes da Silva, Ildenor Gonçalves dos Santos, Luis Janes Silva e Silva e Pedro Rodrigues de Sousa, a oito anos de reclusão cada, com cumprimento inicial em regime semiaberto e possibilidade de recorrer da decisão em liberdade. A pena foi com base no artigo 217-A do Código Penal: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”.


Outro sentenciado foi Fabiano Souza Silva, condenado com base no artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente que se refere a “submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual”. Ele recebeu a pena de três anos e seis meses de reclusão, em regime aberto.


Os réus recorrem ao TJ-MA em busca da reforma da decisão de primeira instância, por sua absolvição. As vítimas também recorreram porém sustentando a necessidade do aumento das penas e que o regime inicial de cumprimento seja o fechado.


Cabe agora ao Tribunal de Justiça decidir pela manutenção da condenação com ou sem o aumento da pena, ou pela absolvição dos sete réus. Na audiência serão ouvidos a Procuradora de Justiça Regina Rocha, representando o Ministério Público, o advogado Danilo Chammas, representando as vítimas e os advogados de defesa dos sete réus que quiserem se pronunciar.


Serão três desembargadores da 2ª Câmara Criminal do TJ a votar. O desembargador relator é José Bernardo Silva Rodrigues e o desembargador revisor é Vicente de Paula Gomes de Castro. O outro Desembargador que faz parte dessa Câmara é José Luis Almeida, que declarou-se suspeito e não participará do julgamento. Um outro magistrado deverá ser convocado para substituí-lo.


A Procuradoria de Justiça em seu parecer de 50 páginas, opinou pela improcedência dos recursos dos acusados e pela procedência do recurso das vítimas. Ou seja, recomendou aos Desembargadores que mantenham a condenação, aumentando a pena e impondo um regime inicial de cumprimento mais severo (fechado).



Na manhã da última terça-feira (30), por volta das 11h30, compareceram ao gabinete do Desembargador Relator, o Senador da República João Alberto (PMDB-MA) e o Desembargador do TJ-MA Jamil Gedeon (que não atua neste caso). Enquanto os três conversavam, os réus Antonio Borges Neto e Ildenor Gonçalves dos Santos aguardavam o resultado da reunião na ante-sala do gabinete. Pelo menos outros dois acusados foram vistos no Tribunal de Justiça na mesma manhã.


A sociedade civil de Açailândia, a Igreja Católica, entidades como o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos “Carmen Bascarán” e a Rede Justiça nos Trilhos, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Tutelar acompanham de perto o caso, que já perdura mais de 12 anos, e esperam que o TJ-MA julgue o caso com imparcialidade e mantenha as condenações dos réus, aumentando as penas como medida de Justiça, acolhendo o parecer feito pela Procuradoria de Justiça.


·        O caso “PROVITA”iniciou a mais de treze anos, denunciado pelo então radialista Jorge Quadros, na Rádio Clube FM, e pelo jornal “Açai Folha”, hoje “Jornal do Maranhão”.
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·        Mereceu a atenção também da “CPI da Pedofilia” do Senado Federal, presidida pelo senador Magno Malta a mais de seis anos, quando em Açailândia veio lançar o “Todos contra Pedofilia” e  depois também em São Luís.
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·        A CPI 2009-2010, presidida  pela então deputada  federal Eliziane Gama, incluiu o caso PROVITA em seus trabalhos, e realizou duas audiências aqui em Açailândia, no final de 2009 e inícios de 2010.
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·        As então meninas, adolescentes, hoje jovens, arrancadas de duas famílias, amizades e comunidades açailandenses, foram incluídas e acolhidas pelo PROVITA, que reconheça-se, cumpriu seu papel, garantindo a integridade, a segurança, a vida de ambas.
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·        E não fosse sobretudo a batalha de uma família vítima, em busca de justiça, e dos Combonianos, Justiça nos Trilhos e Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, não se chegaria a este momento.
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·        Mesmo com o desfecho atual - ano passado - de outros dois casos do mesmo crime – violência e exploração sexual contra Adolescentes, da mesma época  a chamada “CPI estadual 2003-2004”, em que condenados duas vezes, em primeira e segunda instância pelo mesmo TJ-MA., passaram presos pouco mais de mês e hoje estão livres, embora diga  a Constituição Federal, lá no artigo 227§ 4º: A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

(Eduardo Hirata)


***** (Na foto, publicada no blog Luis Cardoso, FABIANO depondo em  audiência da CPI Estadual na Câmara de Vereadores de Açailândia)











terça-feira, 30 de janeiro de 2018

DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO: CENTRO DE DEFESA DA VIDA E DOS DIREITOS HUMANOS CARMEN BASCARAN APRESENTA O PROJETO RAICE/REDE DE AÇÃO INTEGRADA DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO
















DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO: CENTRO DE DEFESA DA VIDA E DOS DIREITOS HUMANOS CARMEN BASCARAN APRESENTA  O PROJETO RAICE/REDE DE AÇÃO INTEGRADA DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO






DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO




No dia 29 de janeiro de 2018, às 9h da manhã o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán - CDVDH/CB, na sua sede, comemorou, o DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO, data que lembra a todas as vítimas do Trabalho Escravo e, especialmente, a Chacina de Unaí, onde três auditores fiscais e um motorista foram assassinados durante uma operação de fiscalização na área rural do Estado de Minas Gerais, no ano 2004.



Numa roda de conversa com poder público, onde estiveram apenas presentes representantes da Secretaria Municipal de Educação - SEMED, o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes – COMUCAA e o Conselho Tutelar - CONTUA, sociedade civil organizada, com a presença de entidades como Associação Comunitária dos/as Moradores/as do Piquiá -ACMP, Justiça nos Trilhos – JNT, Associação Comunitária Juscelino Kubitcheck de Oliveira – ACJKO, Bom de Bola Bom de Escola, Pastoral da Criança, Agentes de Saúde e a comunidade em geral, o CDVDH/CB apresentou a situação do Trabalho Escravo no Maranhão e concretamente no município de Açailândia, evidenciando o alto índice deste crime contra a humanidade nas fazendas, carvoarias e construtoras locais.


Segundo o Ministério Público do Trabalho - MPT, o Maranhão se encontra como o primeiro[1] Estado que é local de origem de trabalhadores/as que são escravizados/as no próprio Estado e Estados vizinhos e, dentre seus municípios, Açailândia, junto com Santa Luzia e o Codó, destacam por ser os principais locais de origem e incidência de casos de Trabalho Escravo.


Desde sua fundação, o CDVDH/CB assumiu a bandeira do combate ao Trabalho Escravo como foco principal no seu objetivo na Defesa dos Direitos Humanos, dado o alto número de casos encontrados em Açailândia e região, com características de total desumanidade onde têm trabalhadores/as que foram assassinados/as, outros morreram em acidentes ou doentes, numas condições de trabalho análogas à escravidão. A maior parte destes/as trabalhadores/as são aliciados/as pelos "Gatos", normalmente também gerentes das fazendas e as carvoarias onde ocorre a escravidão. Os gatos oferecerem grandes oportunidades de emprego, com carteira, salário justo, alimentação, hospedagem, passagem até o local de trabalho, deslocamento, mas isso não falam que será tudo descontado do/a trabalhador.


As fazendas e carvoarias, normalmente distantes e isoladas em áreas de difícil acesso, os/as trabalhadores/as são obrigados/as a beber água dos brejos onde o gado banha e bebe, dormem apenas protegidos/as por um barracão de madeira e lona plástica, onde a chuva, as muriçocas, ratos e baratas estão presentes cada noite; não tem banheiros, a alimentação é só café puro, arroz e feijão, e é pouco e de má qualidade, se têm um acidente ou ficam doentes não têm assistência médica, tem que comprar tudo com o “gato”, desde o sabonete até as ferramentas de trabalho. Trabalham sem horários, o dia todo, roçando a juquira, construindo cercas, derrubando árvores, enchendo e esvaziando os fornos do carvão. São ameaçados/as, insultados/as, alguns/mas agredidos/as fisicamente, sexualmente e, ao final do mês, do semestre, dos anos, só têm dívidas com o patrão.


Esta é nossa realidade do Trabalho Escravo, esse é o crime que o CDVDH/CB, enfrenta há mais de 20 anos, junto com muitos/as outros/as parceiros/as.


Desde julho do ano passado, com o apoio da ONG espanhola Manos Unidas, o CDVDH/CB está implementando o projeto RAICE - Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão - projeto piloto que pretende a articulação inter-setorial para efetivar ações de prevenção e inserção social de famílias sobreviventes do Trabalho Escravo ou vulnerável a ele, através de atividades socioculturais para crianças e adolescentes, formação cidadã, capacitação profissional, organização comunitária para a geração de emprego e renda, a conquista de direitos e, articulando-se com outras organizações e as políticas públicas, esta responsabilidade do poder público municipal e estadual, garantir que essas famílias acessem à educação, à saúde, aos serviços sociais e, em conjunto, quebrar os fatores chave de vulnerabilidade dessas famílias e comunidades diante à escravidão.


Tudo isso, pretendendo também identificar modelos válidos e efetivos de enfrentamento à escravização que possam ser replicados em outros municípios do Estado.


O Trabalho Escravo é conseqüência direta de uma discriminação estrutural histórica, econômica, política e cultural, associada a uma violação sistemática dos direitos fundamentais, que se sustenta no Brasil de geração em geração. Por isso, o ciclo da escravidão passa necessariamente pela prevenção e a repressão deste crime, bem como pelo estímulo de alternativas que levem à inserção social das vítimas, efetivando o direito de seu desenvolvimento pleno, adquirindo uma visão crítica e construtiva que lhes permita assumir seu protagonismo e um papel ativo como transformadores/as de sua realidade local, atendendo os níveis pessoal, familiar, comunitário, profissional, econômico e cultural.


Por isso, para o êxito da proposta, sem dúvida, é necessário a articulação e compromisso por parte do poder público. A SEDIHPOP - Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, a COETRAE/MA - Comissão para a Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão, o MPT - Ministério Público do Trabalho, a SETRES - Secretaria de Estado de Trabalho e da Economia Solidária a Organização Internacional do Trabalho - OIT, já são alguns/mas dos/as parceiros/as comprometidos/as em apoiar a iniciativa do CDVDH/CB que pretende implementar, além de em Açailândia, em Santa Luzia, Pindaré Mirim e Monção.


No dia 29, foi o momento de sensibilizar e articular os organismos e organizações de Açailândia, onde, depois de apresentar e discutir várias alternativas de parceria e envolvimento com o projeto, que em concreto pretende o atendimento de 24 famílias resgatadas do Trabalho Escravo e 50 famílias em situação de vulnerabilidade, todas elas da Vila Ildemar, foi encaminhado que: representantes de organismos locais começarão a participar dos eventos de formação cidadã comunitária que o CDVDH/CB organiza periodicamente nos bairros da Vila Bom Jardim e Vila Ildemar para a formação de novas lideranças na área da prevenção e denúncia do Trabalho Escravo; Agentes de Saúde, Professores/as, Agentes dos Sistema de Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes e Agentes da Assistência Social começarão a ter um olhar diferenciado em relação a possíveis situações de Trabalho Escravo e se articularão com o CDVDH/CB para a verificação e atendimento desses casos; potencializaremos a articulação e mobilização cidadã para a pressão social não apenas para enfrentar o Trabalho Escravo, mas as inúmeras violações de Direitos Humanos que acontecem no nosso município.


Além disso, o CDVDH/CB pretendia apresentar às Secretarias Municipais todas as demandas detalhadas dessas famílias, mas, infelizmente, apenas participou a SEMED que se dispôs a ajudar no que for possível, sobre tudo no incentivo ao retorno à escola e pensar alternativas mais eficientes para a alfabetização de pessoas adultas.
Para a realização do evento, o CDVDH/CB contou com o apoio fundamental de voluntários/as, especialmente de Jessé Rosa que percorreu todas as ruas de Açailândia distribuindo convites e sensibilizando aos organismos públicos para participar do evento, e Almudena Sánchez Malmierca, (Instagram de Almudena: almudena_almodicreativa), ilustradora espanhola que, ao conhecer a causa do CDVDH/CB, decidiu contribuir através da sua arte nos ajudando com o cartaz para a divulgação.


Muito obrigado/a a todos/as os/as que nos ajudaram e participara deste momento de articulação local que representa um grande passo para avançar no combate ao Trabalho Escravo em Açailândia.


·         Do site do CDVDH-CB:







*** Um dos ‘temas’ mais em voga em Açailândia do Maranhão nos últimos anos tem sido “rede, atendimento em rede, atuação em rede, mobilização em rede, rede, rede, rede...”. Chegamos a constituir várias, mas a exemplo da “rede de enfrentamento à violência sexual contra Crianças e Adolescentes”, através do Grupo de Monitoramento, competência do COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, ou da “rede de enfrentamento ao trabalho infantil”, “redes” só mesmo no papel, como foi levantado e criticado na plenária aberta.

Os objetivos e metas do projeto RAICE são simples, claros e diretos, mas a atenção, a execução, não podem ficar só nas costas do CDVDH-CB, mas dependem fundamental da “rede”, e de cada instituição/programa/atividade, seja pública-governamental ou civil/comunitária, com sua ação específica, de assistência e previdência social, saúde, educação, profissionalização-geração de emprego e renda.

Tomara que a RAICE constitua-se em fator animador e rejuvenescedor das outras “redes socioassistencias e de promoção, proteção e defesa de Direitos Humanos” aqui em Açailândia do Maranhão, hoje esfaceladas quando não francamente ‘desativadas, inoperantes’...


(Eduardo Hirata)


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domingo, 28 de janeiro de 2018

DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO – 29 de Janeiro- : Plenária aberta do CDVDH-CB/ Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, para a construção da RAICE/Rede de Ação Integrada de combate ao Trabalho Escravo

 Trabalho Escravo: Frei Xavier Plassat, da  Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirma que a redução no número de trabalhadores resgatados em  2017 não significa menos ocorrência do crime no Brasil.  A situação está mais invisível, enquanto o governo deixou de priorizar o combate.

(De vários veículos de comunicação)

Marcado pela tentativa do governo de esvaziar o combate ao trabalho escravo por meio de portaria que mudava conceitos e regras de fiscalização, o ano de 2017 terminou com 404 homens e mulheres resgatados de condições análogas à escravidão no Brasil. O número é 46% menor que o registrado em 2016, quando 751 foram retirados da situação por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho. A quantidade de inspeções também caiu, de 207 para 184.


Dos 404 trabalhadores resgatados em 2017, 107 (26%) estavam em regiões metropolitanas, principalmente nos setores da construção civil (60 resgatados) e do setor têxtil (27). Na área rural, os segmentos com mais flagrantes foram agricultura, pecuária e produção florestal. Mato Grosso é o campeão de resgates (78 trabalhadores), seguido por Pará (72) e Minas Gerais (68).

Coordenador da campanha contra o trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o frei Xavier Plassat afirma que a redução no número de trabalhadores resgatados não significa menos ocorrência do crime no Brasil. Pelo contrário, os dados, segundo ele, apontam que a situação está mais invisível, enquanto o governo deixou de priorizar o combate.

O frei lembra que as restrições orçamentárias no ano passado chegaram a paralisar as inspeções em algumas partes do país. Além disso, ele aponta o deficit de auditores-fiscais e uma sofisticação do crime que dificulta denúncias e inspeções.

— Está mais difícil saber. Não se faz apelo público no interior do Pará e do Maranhão, até pelo rádio como ocorria há 10 anos, para aliciar trabalhadores — diz Plassat, acrescentando:

— É um crime invisível e que permanece. Monitoramos essa situação desde 1997 e não há indícios de redução de trabalho escravo no último ano.


Plassat não atribui a queda de resgatados ao impasse criado pela portaria do governo do ano passado, que modificou o conceito de trabalho escravo e dificultou as fiscalizações. Segundo ele, o problema foi solucionado com rapidez, após a repercussão negativa internacional e a suspensão da norma pelo Supremo Tribunal Federal. Depois disso, o governo substituiu a portaria.

Em 2017, o número de fiscalizações da equipe móvel do trabalho escravo, que faz ações mais pontuais, superou o das superintendências regionais, que têm mais capilaridade e capacidade de resposta. Historicamente, as equipes locais sempre foram mais atuantes que o grupo volante. O fato é considerado sintomático de um desmantelamento da política pública de combate ao trabalho escravo.

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* Aqui em Açailândia do Maranhão, o “Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo – 29 de janeiro” contará com evento no CDVDH-CB/Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran.

·        Será uma “plenária aberta” para a construção da RAICE/Rede de Ação Integrada para combater a Escravidão.

·        O local será a sede do CDVDH-CB, Rua Bom Jesus, nº 576, Centro, a partir das 0900 horas.

·        O CDVDH-CB, em várias parcerias, destaca-se nacionalmente em ações de prevenção e combate ao trabalho escravo, a superexploração e a precarização do trabalho.




O dia 28 de janeiro é o DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO, assim, no próximo dia 29 o CDVDH/CB estará organizando uma roda de conversa para a apresentação do Projeto Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão – RAICE – que tem como objetivo a construção de uma rede de trabalho efetiva que envolva poder público, sociedade civil organizada e comunidade no geral, para todos/as juntos/as enfrentarmos o Trabalho Escravo, suas origens e consequências. 

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Então venha participar, no dia 29, às 9h00, na Sede do CDVDH/CB (Rua Bom Jesus nº 576, Centro, Açailândia/MA).








sábado, 27 de janeiro de 2018

Brasil fecha 328 mil postos de trabalho em dezembro




Ano registrou 3ª queda consecutiva, segundo dados do Caged desta sexta-feira (26)




Jornal do Brasil. RJ, 26/01/2018.






O Brasil encerrou o ano de 2017 com menos postos de trabalho, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta sexta-feira (26). Dezembro foi o segundo mês consecutivo que apresentou queda, com o fechamento de 328.539 postos de emprego, uma queda de 0,85% em relação ao estoque de novembro.

De acordo com os dados, as contratações, no ano passado, totalizaram 14.635.899, e as demissões, 14.656.731. Com o fechamento de 20.832 vagas no acumulado do ano, 2017 é o terceiro ano consecutivo de saldo negativo, já que 2016 a queda foi de 1.326.558 vagas, enquanto 2015 teve 1.534.989 postos de trabalho fechados.

Apesar do terceiro ano consecutivo com piora dos índices, 2017 representou leve melhora em relação a 2015 e 2016. Segundo o coordenador de Estatísticas do Trabalho do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, o resultado de dezembro "veio dentro das expectativas de mercado, que já esperava um saldo consolidado do ano próximo da estabilidade”.


Setores com quedas e altas

Os setores da Construção Civil e da Indústria de Transformação tiveram as maiores reduções em 2017 (-103.968 e -19.900 postos, respectivamente). Já o saldo positivo foi registrado na Agropecuária, com abertura de 37.004 postos em 2017, revertendo a queda de 2016 (-14.193 vagas); e em Serviços, com 36.945 novos postos, interrompendo as quedas de 2016 e 2015 (-392.574 e -267.927, respectivamente).

Conforme o Caged, no ano passado a geração de empregos formais foi liderada pelo Comércio, com saldo positivo de 40.087 postos de trabalho formais. O resultado foi superior aos de 2016, quando foram registradas perdas de 197.495 vagas, e de 2015, quando foram fechados 212.756 postos.


Rio de Janeiro tem piores índices

Dentre os estados que tiveram redução no número de vagas formais, Rio de Janeiro (-92.192 postos), Alagoas (-8.255 postos), Rio Grande do Sul (-8.173 postos), Pará (-7.412 postos) e São Paulo (-6.651 postos) tiveram os resultados mais expressivos.

Entre as regiões do país com saldo positivo, o Centro-Oeste registrou alta de 36.823 postos, e no Sul, foram geradas 33.395 novas vagas. Os números confirmam a reversão da queda verificada nessas regiões em 2016 (-66.410 vagas no Centro-Oeste e -147.191 no Sul) e em 2015 (-64.887 no Centro-Oeste e -229.042 no Sul).

No Norte, houve fechamento de 26 postos no acumulado do ano, enquanto no Sudeste (-76.600 postos) e no Nordeste (-14.424 postos) o Caged registrou quedas na geração de emprego. Nos anos de 2016 e 2015, os saldos negativos nessas regiões foram mais expressivos: Norte (-78.989 vagas e -97.111, respectivamente); Sudeste (-791.309 e -892.689); e Nordeste (-242.659 e -251.260).


Santa Catarina teve abertura de 29.441 postos, Goiás teve alta de 25.370 postos, Minas Gerais (24.296 postos), Mato Grosso (15.985 postos) e Paraná (12.127 postos).


Destaques de dezembro  O setor de Comércio, no mês de dezembro do ano passado, teve saldo positivo de 6.285 empregos. Por outro lado, Indústria de Transformação (-110.255 postos), Serviços (-107.535 postos), Construção Civil (-52.157 postos), Agropecuária (-44.339 postos), Administração Pública (-16.400 postos), Extrativa Mineral (-2.330 postos) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (-1.808 postos) apresentaram quedas no saldo de emprego formal.




O saldo das cinco regiões do País refletiu os resultados setoriais. O Sudeste (-174.396 postos), Sul (-72.740 postos), Centro-Oeste (-34.808 postos), Nordeste (-34.332 postos) e Norte (-12.263 postos) tiveram redução do saldo no último mês do ano. O mesmo aconteceu com as 27 Unidades Federativas, principalmente São Paulo (-116.391 empregos), Minas Gerais (-36.446 vagas), Rio Grande do Sul (-25.459 vagas), Paraná (-25.003 vagas), Santa Catarina (-22.278 vagas) e Rio de Janeiro (-15.578 vagas).

Novas modalidades – O Caged registrou 5.841 desligamentos por acordo em dezembro. Houve 2.851 admissões para trabalho intermitente no mês, contra 277 desligamentos. Para trabalho parcial, dezembro teve 2.328 admissões no último mês do ano, com 3.332 desligamentos, um saldo de -1.004 empregos.




·        Segundo o IBGE, o Brasil começa 2018 com mais de 13 – treze – milhões de desempregad@s, sem contar @s que migraram para o subemprego ou à informalidade.
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·        Aliás, essa realidade brutal e perversa se constata no cotidiano aqui de Açailândia do Maranhão, com o subemprego e a informalidade num crescendo avassalador, e centenas de jovens, mulheres, homens, ‘correndo’ atrás de emprego.
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·        Enquanto isso, o gigante adormecido impávido colosso assiste boquiaberto, das gerais descobertas, o congresso nacional, o governo federal, o judiciário, aniquilarem sadicamente direitos e conquistas trabalhistas e previdenciários, pregando que com isso, atacando o povão, salvam a nação e viva o Brasil!
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(Eduardo Hirata)