quarta-feira, 29 de junho de 2016

"Apoio a ação violenta reforça tese de que bandido bom é bandido morto"

Sociedade


Entrevista - Renato Sérgio de Lima


"Apoio a ação violenta reforça tese de que bandido bom é bandido morto"


Vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública diz que o País fracassou ao adotar uma política que valoriza o confronto policial


Por  Débora Melo —  29/06/2016 , em “Carta Capital”, SP.



(Foto: Marlene Bergamo/Folhapress.  Legenda: Amigos e parentes enterram o menino Waldik, de 11 anos, morto pela GCM durante uma perseguição)



No último dia 19, um grupo de cem moradores da Vila Andrade, na zona sul de São Paulo, recebeu com aplausos e gritos de “heróis” os policiais militares envolvidos na morte do menino Ítalo, criança de dez anos atingida com um tiro na cabeça durante uma perseguição. Menos de uma semana depois, uma ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) em Cidade Tiradentes, na zona leste, terminou com a morte de Waldik, de 11 anos.

Em entrevista a CartaCapital, o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que o apoio popular funciona como uma espécie de autorização para a prática de ações violentas por parte dos agentes de segurança.

Para Lima, o Estado fracassou ao adotar uma política que valoriza o confronto e trata o cidadão como inimigo. "A população precisa entender que não se enfrenta o crime no cano quente de um revólver", diz.
Pesquisa realizada em 2015 pelo Fórum e pelo Instituto Datafolha mostrou que 50% dos entrevistados concordam com a frase “bandido bom é bandido morto”. As informações integraram o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que também revelou que policiais civis e militares mataram ao menos 3.022 pessoas no Brasil em 2014, alta de 37% em relação à letalidade policial de 2013.

Confira a entrevista:

CartaCapital: Nós tivemos no início do mês o caso do menino Ítalo e, no último fim de semana, uma criança de 11 anos foi morta pela Guarda Civil Metropolitana. São casos isolados?

Renato Sérgio de Lima: A princípio acho que não, não são casos isolados. Mas também não está acontecendo nada de extraordinário, infelizmente. Com o episódio do menino Ítalo, a gente experimentou o mesmo que aconteceu com o caso do estupro [coletivo, no Rio], ou seja, o problema ganhou visibilidade. Mas o número de homicídios, de estupros e de mortes em decorrência de intervenção policial no Brasil mostra que isso é um problema recorrente. A violência no Brasil é recorrente, mas vive de crises.

Nesses momentos redescobrimos o problema, mas a violência nunca deixou de fazer parte do cotidiano do Brasil, sobretudo dos pobres, dos negros e dos jovens. A experiência com a violência e com a resposta violenta por parte do Estado, não só das polícias, é algo muito presente na vida dos jovens das periferias do País. Infelizmente este não é um momento de crise aguda, é uma crise recorrente que nós insistimos não enxergar.

CC: Diante da constatação de que a violência é recorrente e faz parte do cotidiano, o que deu errado na estratégia de segurança pública?

RSL: Pode soar exagerado, mas eu diria que quase tudo deu errado. O Estado – e quando eu digo Estado estou me referindo a todos os poderes, em todas as esferas – tem sido ineficaz em dar respostas para reduzir a violência e para garantir direitos à população, direitos que estão consolidados na Constituição desde 1988, mas nos quais a gente não consegue avançar. Temos uma dificuldade muito grande em aproximar o Estado da população, aproximar as polícias da comunidade.

O Estado brasileiro insiste em adotar uma receita de como administrar conflitos sociais que é uma receita falida, na qual o enfrentamento é valorizado. Isso coloca em xeque a vida dos jovens, sejam eles policiais ou não, porque muitos policiais que estão na rua são jovens e boa parte é formada por negros. Então o perfil da população que está vivendo esse faroeste é, de um lado e de outro, muito similar.


Enquanto isso, vamos vivendo de crise em crise. O mesmo aconteceu no caso da médica que foi morta no Rio de Janeiro. Quando alguém mais proeminente na sociedade é vítima de violência, instala-se uma crise. E proeminente eu digo no sentido de conseguir mobilizar a sociedade e a opinião pública, não apenas por ser mais rico.

O que aconteceu com o menino Ítalo, o que aconteceu no Rio de Janeiro, o que tem acontecido na abordagem da Brigada Militar de Porto Alegre são ecos da timidez com que o Brasil optou tratar o tema da segurança. O País vive administrando crises e não pensa como resolver o problema de forma inovadora.

CC: A que o senhor atribui a repercussão do caso do menino Ítalo?

RSL: Um dos fatores é, sem dúvida, a idade dessa criança. Não dá para pensar que uma criança de dez anos é um bandido perigoso. Responsabilizar uma criança de dez anos e achar que o problema é dela é abandonar um projeto de País e de humanidade. Esse episódio revelou o fracasso das políticas públicas, acho que por isso chamou tanta atenção.

Outra coisa que mostra esse fracasso é o conservadorismo. É bastante preocupante a reação de alguns dos moradores da região onde ele foi morto, defendendo [a polícia] e dizendo que é assim que tem que responder, que os policiais apenas fizeram o trabalho deles, independentemente de investigação. É a população ensandecida.

Mesmo que consideremos que os policiais agiram dentro do que a legislação permite, você não pode comemorar o resultado. Mesmo que a lei permita que em uma situação extrema você mate alguém em legítima defesa, de você mesmo ou de outra pessoa, comemorar e defender essa ação é mais uma evidência de que fracassamos em um projeto de Estado. Comemorar a morte nunca é uma saída se a gente quer um País mais justo, onde os direitos sejam garantidos. A morte não é algo a ser comemorado, mesmo que tecnicamente não seja crime.

CC: Quais as consequências disso na ação policial?

RSL: O apoio à ação violenta reforça e retroalimenta a tese de que bandido bom é bandido morto. Reforça segmentos da polícia que acham que essa é a saída. Isso dificulta bastante qualquer projeto de modernização das instituições, porque, se a população acha que essa tem que ser a resposta, as instituições muitas vezes ecoam esse imaginário.

Infelizmente isso vai se reproduzindo, mas a gente não pode ter medo de dizer que essa não é a saída. Se fosse, nós não teríamos os números de homicídios crescendo há quase 30 anos.

CC: O senhor disse que o Brasil vive administrando crises e não pensa em resolver o problema de forma inovadora. O que seria uma proposta inovadora? No caso das polícias, é possível inserir por aqui uma cultura de não violência?

RSL: Polícia é força, é a tradução da força. A força pode ser exercida para garantir direitos, quando os mais fortes estão subjugando os mais fracos, ou também pode ser usada para provocar tiranias. Quando olhamos para democracias consolidadas, percebemos que as instituições policiais estão sob escrutínio público, sob rígidos mecanismos de controle e transparência e não têm medo de prestar contas. Isso seria uma revolução no Brasil.

Mais do que isso, precisamos de uma polícia que se aproxime da população. É preciso afastar a ideia de que a população é inimiga. Vamos avançar muito quando conseguirmos desfazer essa cultura do enfrentamento e pensar que as polícias podem e devem ter na população uma parceira para exercer sua tarefa. Essa ideia do inimigo talvez seja a grande inovação.

CC: desmilitarização da polícia seria um caminho?

RSL: Se você entende a desmilitarização como a substituição dessa cultura do enfrentamento, como o fim da cultura do inimigo, acho que é um caminho a ser explorado. Mas se a desmilitarização for simplesmente eliminar estruturas hierárquicas, acho que não passa por aí.

CC: A presidenta afastada Dilma Rousseff sancionou o Estatuto Geral das Guardas, que deu porte de arma aos agentes. Isso foi um equívoco?

RSL: Não, porque o estatuto deixou muito claro que o papel das guardas não é fazer o papel da Polícia Militar, não é fazer o papel de polícia repressiva. É fazer prevenção. Isso pode ser uma boa estratégia, se bem coordenada.

CC: O GCM envolvido na morte do menino Waldik acabou sendo preso por homicídio culposo –  depois pagou fiança e foi liberado. Se ele assumiu o risco, não deveria ter sido homicídio doloso?

RSL: O homicídio culposo foi registrado porque, como era guarda, não poderia ser o auto de resistência, morte com intervenção. Então foi o mecanismo jurídico encontrado para o guarda não permanecer preso.

A princípio, a leitura que eu faço é que o delegado optou por não punir o agente e não considerou a ação equivocada. Eu discordo, porque nenhuma abordagem, nenhuma perseguição precisa ser feita daquela forma. A forma de parar um carro não é atirando. Existem outras técnicas para parar um carro, não é atirando no vidro, não é atirando na pessoa.

As forças de segurança precisam entender que não é enfrentando de peito aberto que os problemas serão resolvidos, e sim usando inteligência, capacitação e técnicas.

CC: Mas essa é uma mudança que vai vir de baixo?

RSL: Essa é uma mudança que precisa vir tanto de baixo como de cima. Mas, para isso ser de fato alcançado, a população também precisa parar de apoiar essas ações e entender que não se enfrenta o crime no cano quente de um revólver.

Da forma como a gente faz segurança pública hoje, sem desqualificar os 700 mil profissionais que atuam na área no País, fazer garantir a segurança da população e os direitos é quase impossível. Os policiais e os guardas correm riscos desnecessários, e a população se sente cada vez mais insegura e refém do medo da violência.


·         Aqui em Açailândia do Maranhão, não se tem uma pesquisa “oficial”, mas certamente bem mais de metade  da população partilha do sentimento “...bandido bom é bandido morto...” e “... que se corte logo o mal pela raiz...” – (nas situações que envolvem crianças e adolescentes “infratores”...).

Impressiona também o aumento das ocorrências de “apreensões” de adolescentes, noticiadas pela imprensa local (emissoras de rádio e tevê, jornais, blogs), e a pregação monocórdia da maioria dos comunicadores, seguindo na mesma linha do “sentimento da população” (... os comunicadores dizem do sentimento do povo ou o povo é que manifesta os ditos pelos comunicadores?...)

Enquanto isso, nesse tsunami de “criminalização” da adolescência e da juventude, e da pregação do “extermínio físico puro e simples, à bala, da bandidagem...”, impotentes o “sistema judiciário e de segurança”, o próprio Conselho Tutelar, ponta de lança e “porta de entrada” do “sistema de atendimento socioassistencial”,  diretamente o zelador dos Direitos da Criança e do Adolescente  (Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 131), pouco fazem, a não ser “liberar, deixar de mão”. Então, logo, “infratores” e bandidos, para gaúdio e júbilo dos comunicadores e de mais da metade da população, estarão mortos e enterrados, bem enterrados, pra não incomodar mais a sociedade... Mas também logo “substituídos”, como numa máquina de produção, por outros “infratores” e bandidos, pois o “sistema”, como bem define o capitão PM Nascimento, do “Tropa de Elite” , -  “é foda”...

(Eduardo Hirata)

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terça-feira, 28 de junho de 2016

Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Açailândia-MA: GRUPO DE MONITORAMENTO reúne, discute a situação e encaminha atividades



Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Açailândia-MA:
GRUPO DE MONITORAMENTO reúne, discute a situação e encaminha atividades



O “Grupo de Monitoramento do Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Açailândia-MA”, reuniu-se na manhã desta terça-feira, 28/06, entre 0900 e 1110 horas, na sede do CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social, órgão da Secretaria Municipal de Assistência Social/SEMAS, localizado na Avenida  Dorgival Pinheiro de Sousa, Centro.

A reunião foi conduzida pela Coordenadora do Grupo de Monitoramento, Macleide Aráujo, assistente social do CREAS, e  contou com a participação de Ronnedy Santos Carvalho, assistente da 4ª Promotoria de Justiça/4ª PJAçai; Leidilane de Sousa Nascimento, estagiária de Serviço Social na SEMAS; Angela Márcia Lima Silva, assistente social e Conselheira Presidenta do COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia-MA., ao qual se vincula o “Grupo de Monitoramento”; Rosalva Elias de Macedo, representante da Secretaria Municipal de Cultura; Maria Silvania de Oliveira, do CRAM/Centro de Referência de Atendimento da Mulher; Tamires Sampaio, estagiária na SEMAS; Terezinha Braz Almeida e Benilza Oliveira Santos, Conselheiras Tutelares; Ivanete Silva Sousa, que representou o CDVDH-CB/Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, e este que vos escreve (pelo Jornal do Maranhão).

Entre os assuntos tratados, relatos e comentários sobre as reuniões de “avaliação do Plano Municipal...”, no dia 20 de maio passado, que encerrou a “Semana de Enfrentamento da Violência Sexual contra e Adolescentes 2016”, e a do dia 07 de junho, na sala de reuniões das Promotorias de Justiça de Açailândia.

Em relação à “Semana Municipal de Enfrentamento...”, avaliou-se que, embora o “atropelo” do planejamento e organização à ultima hora, saiu a contento, com as atividades previstas. Discutiu-se sobre a quase desativação do “Grupo de Monitoramento nos últimos anos, o quem enfraqueceu não só a “Semana de Enfrentamento...”, mas todo “sistema de enfrentamento...”, previsto no Plano Municipal.

Sendo que nas duas  reuniões mencionadas concluiu-se pela necessidade de um melhor e mais eficiente atendimento às vitimas e famílias vítimas de violência sexual, propôs-e, pelo Promotor de Justiça da 4ª PJAçai, Dr. Gleudson Malheiros Guimarães, na reunião do dia 20/05, a efetivação do “Centro Integrado Especializado de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência Sexual”, um dos objetivos previstos no Plano Municipal, atualizado em 2013 pelo COMUCAA.

Para um encaminhamento neste sentido, bem como “acompanhamento” às ações judiciais das “CPI 2003-2004 e 2009-2010), o Grupo definiu a tarefa à 4ª PJA e ao CDVDH-CB, através do Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, José Vagner Mesquita Mendes.

O Grupo decidiu, com a Conselheira Presidenta do COMUCAA, que o Conselho lembrará o 26º aniversário do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal n.º 8.069/90, no próximo dia 13 de julho, com atividade focando o ECA, tematizando o Enfrentamento da Violência Sexual, e  contra Redução da Maioridade Penal.

Outra decisão deu-se em relação à “Lei Municipal n.º 273/2007 – a Lei Maria Marta”, que estabelece uma lembrança pública, no dia 26 de agosto. O CONTUA/ Conselho Tutelar, a Coordenadora do Grupo, com a Secretária de Assistência Social, Maria de Fátima Camelo Silva, deverão cuidar desse assunto, junto à família, para atividade pública.

O “Grupo de Monitoramento”, com destaque à 4ª PJAçai, as estagiárias da SEMAS e o COMUCAA, se comprometeram para articularem parcerias, com as secretarias municipais, sobretudo as  da assistência social, educação e saúde, bem como outro projetos e programas, como o “Selo SGD/Sistema de Garantia de Direitos” e a Comissão Juvenil do Fórum DCA/dos Direitos da Criança e do Adolescente Açailândia, para atividades de prevenção, principalmente junto a escolas e públicos de serviços públicos socioassistencias.

Outro tema discutido foi o do “trabalho infantil”, em virtude de sua ‘vinculação’ com a exploração sexual, com a Conselheira Presidenta do COMUCAA assumindo que estudará com a SEMAS e programas específicos, e o CONTUA, para a prevenção e o combate ao trabalho infantil.

Decidiu-se ainda que as próximas reuniões terão como local a sala de reuniões do COMUCAA, Rua Marly Sarney, n.º 1.112, Centro. A próxima reunião, dependendo de confirmação, poderá acontecer no dia 05 de julho.

A Coordenadora do Grupo de Monitoramento, Macleide Araújo, comprometeu-se a encaminhar cópias aos membro, das atas das reuniões do dia 20/05 e 07/06, bem como da atual. A Conselheira Presidente do COMUCAA, Angela Márcia Lima Silva, disse que o Conselho já baixou a devida Resolução, instituindo e oficializando o Grupo de Monitoramento.


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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Construção da “ POLÍTICA E PLANO DECENAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE AÇAILÂNDIA-MA”: 2ª reunião ainda não definiu oficialmente a “Comissão Intersetorial para Discussão e Elaboração do Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes”









Reuniu-se na manhã desta quinta-feira, 23/06/2016, pela segunda vez ( a primeira aconteceu no dia 09/06), a “Comissão Intersetorial para Discussão e Elaboração do Plano Decenal dos Direitos Humanos


A reunião teve como local o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia-MA., localizado na Rua Marly Sarney, n.º 1.112, Centro, entre 0920 e 1100 horas.

De inicio, uma controvérsia em relação ao “quórum” para legitimidade da reunião, visto que a grande maioria das instituições convidadas pelo COMUCAA não se fazia presente, estando representadas a Secretaria de Cultura, com Rosalva Elias Macedo;  a Educação Especial da Secretaria de Educação, com Eunice Dourado Chaves; o CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social, através de Macleide Araújo; o programa Saúde na Escola, da Secretaria de Saúde, com Gerisvaldo Cardoso Abreu; o adolescente representante da Comissão Juvenil, Carlean da Silva Santos,  a estudante Leidilane Sousa (UNISA), as conselheiras municipais dos direitos da Criança e do Adolescente, Angela Márcia Lima Silva (presidenta) e Gele Maria Santos (tesoureira); as assessoras do COMUCAA, Licia  Raquel Silva e Veronice Pereira Carvalho; o representante do CDVDH-CB/Centro de Defes da Vida e dos Direitos Humanos, este que vos escreve. ( Ao longo da reunião, compareceram a conselheira tutelar Edna Maria Alves dos Santos e a conselheira municipal de saúde, Benilza Lusquinho. Foi anunciado pelo COMUCAA que o representante do Fórum DCA/ DOS Direitos da Criança e do Adolescente Açailândia, Raimundo Rodrigues, se atrasaria, mas que se contasse com ele ).

Houve o entendimento de quem se fazia presente, dava legitimidade à reunião, afinal, pela segunda vez o COMUCAA assegurou que efetuou os convites em tempo hábil, sensibilizando as instituições para comporem a “Comissão Intersetorial”, de acordo com o artigo 2º da Resolução CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente n.º 171/2014, que estabelece os parâmetros  para discussão, formulação e deliberação dos Planos Decenais dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente em âmbito estadual, distrital (DF) e municipal.
A assessora do COMUCAA, ex-conselheira tutelar e assistente social Veronice Carvalho, fez leitura de uma síntese da primeira reunião, de 09/06.
A seguir, proposta do representante do CDVDH-CB, fez-se a leitura e breves comentários do documento-síntese do CONANDA, com os princípios, diretrizes, objetivos gerais e metas dos “Planos Decenais”, e da Resolução CONANDA n.º 171/2014, que norteia todo o processo de “construção do Plano Decenal”.
Confirmou-se o calendário de reuniões da “Comissão Intersetorial”, tratado na reunião de 09/06 ( já divulgado por este que vos escreve, em seu blog).
Ressaltou-se a necessidade e importância do COMUCAA “conscientizar” as instituições, referidas na Resolução CONANDA n.º 171/2014, de participarem da construção do Plano Decenal Municipal, compondo  a “Comissão Intersetorial”, e que a próxima reunião, prevista para dia 07 de julho, tenha quórum bem maior.). (Deliberou-se que o tema a ser focado na reunião será a discussão do ‘Enfrentamento à Violência Sexual’, avaliando o respectivo Plano

Sendo que o artigo 2º, I,  da Resolução CONANDA n.º 171/2014, atribui a “coordenação” da ‘Comissão Intersetorial’ ao COMUCAA, e que na primeira reunião (de 09/06) se decidiu que cada instituição apresentaria dois representantes, um titular e um suplente , o representante do CDVDH-CB repetiu antiga proposta, de que esta “coordenação/presidência” fosse da presidência da Comissão Permanente de Politica de Atendimento ( a conselheira presidenta Daianny participou da primeira reunião), o que foi aceito, e eu a “relatoria” fosse escolhida nesta reunião.

No entanto, na ausência de qualquer membro da Comissão Permanente de Política de Atendimento do COMUCAA, não se decidiu sob a “coordenação/presidência” da Comissão, passando-se a discussão da escolha de “relator(a)”, cujo requisitos básicos seriam os da disponibilidade, diante das exigências práticas da função de relatoria, e de conhecimento técnico e institucional.

Discutiu-se até a possibilidade da “contratação” pelo COMUCAA, através do FIA/Fundo Municipal para a Infância e a Adolescência, mas isso foi descartado. O representante do CDVDH-CB, então, colocou-se a disposição para a relatoria, pela experiência na relatoria e participação em outros planos municipais, colocando-se também á disposição para colaborar, o representante da Secretaria de Saúde, mas após “consulta” da conselheira presidente Angela Márcia Lima Silva, à secretária executiva do COMUCAA, Maria de Fátima Sousa , também foi descartado, sob o argumento de que a “relatoria” deve ser assumida por conselheiro(a) municipal dos direitos da Criança e do Adolescente, o que na prática significa que o(a) representante suplente do COMUCAA assumirá a “relatoria”. ..  

Decidiu-se que a diretoria do COMUCAA, composta por quatro membros, reúna-se imediatamente com os membros da Comissão Permanente de Política de Atendimento e definam “coordenador(a) ou presidente(a), e relator(a)” da Comissão Intersetorial, definição já para a manhã da terça-feira próxima, 28/06,quando se reunirá o “Grupo de Monitoramento do Plano Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”,plano a ser “incorporado” ao Plano Decenal.

A assessoria do COMUCCA forneceu a cada membro da “Comissão Intersetorial”, presentes da reunião, cópias da Resolução CONANDA n.º 171/2014, dos Planos Municipais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, Promoção-Proteção e defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, mas reiterou-se a necessidade de se completar o “kit” , com exemplares dos planos de Atendimento às Medidas SocioEducativas/Sistema Municipal de Atendimento Sócioeducativo-SIMASE, e outros “aprovados” pelo COMUCAA, em vigência, para que seja “avaliados, atualizados e incorporados” ao Plano Decenal.

Foi levantada a questão da “formalização” da Comissão Intersetorial, exigida pela Resolução CONANDA n.º 171/2014, artigo 2º. Colocou-se pela conselheira presidenta qu uma Resolução de 2014,  criara a “Comissão...”, então seria apenas trocar os nomes dos representantes que saíram. O representante do CDVDH-CB, com a concordância da assessoria do COMUCAA, situou que esta resolução mencionada não tem mais nenhuma validade, automaticamente “revogada”. A resolução, tratava sim da criação da “Comissão...”, mas no final acabou estabelecendo “parâmetros” para aprovação do SIMASE, e não do “Plano Decenal”.

Outro assunto, também se referindo a “plano” (neste caso ao “Plano de Ação do Selo UNICEF”) foi pautado pelo representante da Secretaria de Saúde, Gerisvaldo Cardoso Abreu, que alertou “... Açailândia está prestes a perder o Selo UNICEF, só não correu porque muitos municípios maranhenses estão na mesma situação...”.

A conselheira presidenta do COMUCAA afirmou que a articuladora do Selo UNICEF Edição 2013 -2016 Amazônia, Maria Cristina Conceição Slva, e a secretária executiva do COMUCAA, Maria de Fátima Sousa, estiveram em São Luis, junto ao UNICEF e eu tudo está bem, precisa realizar agora só o “II Fórum Comunitário” e preencher  o relatório, e que Açailândia vai sim ser certificada, pela segunda vez consecutiva.

Várias ações da saúde , como vacinações e campanhas contra o mosquito “aedes egipty”, além de ações da educação, compõe o “relatório” para o Selo UNICEF, o que foi contestado pela representante do Conselho de Saúde, Benilza Lusquinho, que disse jamais ter conhecimento que tais ações se referiam ao “Selo UNICEF”.

O que se teve de concreto, pela articulação do Selo UNICEF,  a “Comissão Interinstitucional” – então incipiente, foi a “II Semana do Bebê”, ainda em 2013, mas cuja proposta seria a realização anual, e o “I Fórum Comunitário”, em 2014, realizado na Igreja Batista Missionária.

Em apoio à colocação do representante da Secretaria de Saúde, o representante do CDVDH-CB disse estranhar que assim é, ou seja, o “regulamento” do Selo UNICEF estaria então todo “furado”, pois a mais de ano e meio não se tem “oficialmente” atividade alguma, e que jamais “funcionou “ duas instâncias participativas do Selo UNICEF, o Comitê Interinstitucional, com prioridade à representação da sociedade civil, e O NUCA/Núcleo de Crianças e Adolescentes.

A conselheira presidenta da COMUCAA afirmou que o “II Fórum Comunitário” será realizado dia 22 de julho, garantida a participação popular, e que a articulação do Selo UNICEF e o COMUCAA “convocarão/reconstituirão” brevemente o “Comitê Interinstitucional”.

Ao final da reunião, a conselheira presidenta do COMUCAA reafirmou sua disposição e compromisso na elaboração e aprovação do Plano Decenal, no prazo previsto pelo CONANDA., 03 de dezembro deste ano, buscando todos os recursos e apoios para sua consecução.

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terça-feira, 21 de junho de 2016

COMUCAA dará inicio oficialmente ao “Processo de elaboração, discussão e e aprovação do Plano Decenal Municipal de Direitos Humanos na manhã de 23/06





Enfim, o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia-MA., e cumprindo com a Resolução CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente n.º 171/2014, dará “oficialmente” início ao “Processo de elaboração, discussão e aprovação do Plano Decenal Municipal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes”.

O evento, primeira reunião do ainda incompleto “Comitê Intersetorial de Elaboração do Plano Decenal”, está programado para às 0900 horas desta quinta-feira, na sede do COMUCAA (Rua Marly Sarney, n.º 1.112, Centro).

Na manhã da terça-feira, 21/06, os convites às entidades que já confirmaram participação no Comitê Intersetorial, bem como outras convidadas, não haviam sido expedidos.

Entre outros objetivos e metas, o “Plano Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes”, devidamente adequado ao âmbito municipal, temos:

§ a incorporação das diretrizes e dos compromissos internacionais dos quais o Brasil é signatário no âmbito das Nações Unidas, notadamente a Convenção sobre os Direitos da Criança, os Protocolos Opcionais, os Objetivos e Metas do Milênio e sua tradução no documento “Um Mundo para as Crianças”;

§ a ampliação do foco da “proteção especial” para uma política de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, com a reiteração de seu caráter transversal;

 § a passagem de uma experiência de elaboração de planos temáticos (Erradicação do trabalho infantil, Enfrentamento da Violência Sexual, Sistema Socioeducativo, e Convivência Familiar e Comunitária,) para elaboração de uma Política Nacional e de um Plano Decenal voltados 4 para todo o segmento infância e adolescência e não para os chamados “grupos vulneráveis”;

 § a superação de planos governamentais com duração temporal circunscrita a, no máximo, uma gestão, em favor de um planejamento de médio prazo, ou seja, de uma política de governo para uma política de Estado;

§ o fortalecimento dos conselhos de direitos, ao fomentar a formulação de planos para as respectivas unidades federadas de sua abrangência e, assim, concretizar seu papel formulador de políticas, atribuição que poucos conselhos vêm de fato assumindo.

Conforme a Resolução CONANDA n.º 171/2014, Artigo 7º, o COMUCAA tem o prazo de 03 de dezembro de 2016 para elaborar e deliberar o “Plano Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes de Açailândia-MA”


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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Conanda reitera posição contrária à redução da maioridade penal







Conanda reitera posição contrária à redução da maioridade penal



( Assessoria de Comunicação da SEDH-PR, 13/06/2016)




O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) reiterou seu posicionamento contrário à redução da maioridade penal. Na última semana, durante assembleia ordinária, o colegiado publicou nota em que classifica como inconstitucional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2012, que tramita no Senado e prevê a redução da idade penal nos casos de crimes hediondos (com exceção do tráfico de entorpecentes) e de roubo qualificado. O Conanda solicitou aos senadores que rejeitem a proposta e convocou os defensores de direitos da criança e do adolescente a se manterem contrários a qualquer retrocesso e ataque a direitos historicamente conquistados.


Para o Conselho, a mudança na idade penal fere um direito fundamental e o princípio da proteção integral, desconsiderando a condição peculiar de desenvolvimento da criança e do adolescente. O Conanda acredita que essa medida não pode ser apontada como solução para a grave questão da violência no Brasil e defende a implementação efetiva do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).


As unidades socioeducativas devem seguir os preceitos legais para ressocializarem os adolescentes, segundo o Conselho. Atualmente, esses espaços, na avaliação do Conanda, são marcados pela violência, superlotados e sem estrutura suficiente para suportar o quantitativo de internos.


Na última reunião, o Conanda tratou também das graves violações de direitos humanos registradas no sistema socioeducativo do Ceará e recomendou o afastamento do Secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social do estado, Josbertini Clementino, por descumprir medidas emergências para solução da crise do sistema. Solicitou ainda a extinção do modelo de parcerias com entidades não governamentais; contratação imediata de 450 profissionais socioeducadores; oferta de ensino fundamental e médio e obras para ampliação de unidades de internação no interior do estado e na capital.


ECA: Em julho de 2016, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completará 26 anos. Para marcar a data, o Conanda reiterou, na última assembleia, a importância da manutenção dos direitos conquistados a partir desta lei e manifestou seu repúdio a quaisquer tentativas que impliquem em retrocessos. Citou como ameaças, além da discussão sobre a redução da idade penal, o aumento do tempo de internação e ameaça às políticas sociais e à própria estrutura executora das políticas da infância e adolescência.


Também destaca como desafios o alto índice de homicídios na adolescência; a longa permanência em instituições de acolhimento; o desrespeito ao direito de opinar e participar; e a exclusão de crianças e adolescentes indígenas, quilombolas e de outros povos tradicionais.


Em relação aos avanços conquistados após o ECA, o Conanda cita a ampliação do acesso à escolarização, a superação da extrema pobreza (por meio do Programa Bolsa Família), a proteção à saúde materna, ampliação da cobertura vacinal e redução da mortalidade infantil, a diminuição do trabalho infantil e a erradicação do sub-registro de nascimento.



·        Aqui em Açailândia do Maranhão, o conselho correspondente, o  COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, nunca assumiu , na palavra e  na cão, o “posicionamento” do CONANDA,lembrando que em 2014, em Brasília, os conselhos dos direitos da Criança e do Adolescente (CDCAs), mais os da Juventude e outras organizações (como por exemplo, a Pastoral da Juventude), manifestaram firme disposição de enfrentar o “movimento” pela redução da idade penal...


Ano passado (2015), a Comissão Juvenil do  Fórum DCA Açailândia, em seu encontro anual de “Adolescentes Protognistas”, tratou do tema da redução da maioridade penal, sob o lema “18 razões peça não redução da idade penal” decidindo também que neste 2016, este tema seria o foco de suas atividades, que são financiadas pelo FIA/Fundo Municipal para a Infância e a Adolescência, controlado pelo COMUCAA.


No calendário do COMUCAA, não consta nenhuma “ação” assim “maior” contrária à redução da idade penal (e infelizmente, não é novidade que temos  conselheir@s e ex-conselheir2s, recentes, inclusive tutelares,  favoráveis  à  redução da idade penal...).


Espera-se que em torno de 13 de julho, aniversário de 26  do ECA/Estatuo da Criança e do Adolescente, o COMUCAA  se lembre da data e pelo menos “face alguma coisa” so bre o tema em pauta...


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sábado, 11 de junho de 2016

Brasil tem um caso de estupro a cada dois minutos, estimam pesquisas







Brasil tem um caso de estupro a cada dois minutos, estimam pesquisas



(Câmara dos Deputados/Comissão de Direitos Humanos-CDHM, DF., 09/06/2016)





A realidade dos estupros no Brasil é ainda pior do que se considerava até então. De acordo com a representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Olaya Hanashiro, que participou de audiência pública sobre o tema na Comissão de Direitos Humanos e Minorias nesta quinta-feira (9), estudos recentes apontam que a cada dois minutos uma mulher é violentada no país. Até o ano passado, estimava-se uma vítima a cada 11 minutos.


Segundo a pesquisadora, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2014, produzido pelo Fórum, mostra que apenas 13% das vítimas registraram o crime. Outro trabalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados dos serviços de saúde, aponta índice de notificação ainda menor, de 10%.

Assim, na realidade, seriam 500 mil estupros por ano, contra os cerca de 50 mil registrados. A subnotificação, conforme Hanashiro, não surpreende. “Os aparelhos de segurança acabam afastando a vítima porque a obrigam a passar por revitimização, isso se existirem”.

Vítima do médico Roger Abdelmassih, que estuprou 58 pacientes, Vana Lopes confirma essa tese. “As vítimas não denunciam os estupradores porque é muito difícil”.

Segundo ela, quando foi violentada, em 1993, recorreu à Justiça para lutar por seus direitos e foi ignorada, mesmo tratamento que recebeu ao ir à delegacia fazer ocorrência. “Não é fácil ir à Justiça e ser desprezada”, relatou.


“Cultura do estupro”


Na concepção dos participantes, a “cultura do estupro” decorre do patriarcalismo e do conservadorismo. A pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres da Universidade de Brasília (UnB), Lourdes Bandeira, ressalta que até hoje acredita-se que só as virgens podem ser vítimas de estupro, como na Idade Média. “Também se considera que só é vítima se gritar, se reagir à agressão”, sustenta.

Conforme Lourdes Bandeira, existe no imaginário social um padrão de vítima e de estuprador. A vítima seria a mulher promíscua, de moral duvidosa, e, o estuprador, um monstro sem controle de seus instintos. A pesquisadora destaca que esses mitos contribuem para a manutenção da cultura do estupro.

Bandeira sublinha que “não existe o grande monstro estuprador, a grande maioria dos ataques é cometida por homens comuns sem nenhuma anomalia, que não consideram que cometeram crime, e são tidos por boas pessoas”. Estudos demonstram que entre 70% e 80% dos casos de violência sexual ocorrem dentro de casa e são praticados por parentes da vítima ou amigos próximos.

A professora da Universidade Federal de São Paulo e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, também sustenta que os estupradores não são doentes, mas “machistas, patriarcais e de mau caráter”.

Autora do requerimento para a realização do debate, a deputada Érika Kokay (PT-DF), defende ser importante entender que a culpa do estupro não é apenas do estuprador. Para ela, responsável por essa cultura é “a sociedade machista que considera as mulheres, porque quase 80% das vítimas de estupro são do gênero feminino, objetos, nega a elas sua humanidade”.


Crianças e adolescentes


Érika Kokay ressalta ainda que crianças e adolescentes representam 70% do total de casos de violência sexual. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que a cada duas horas, uma menina menor de dez anos é estuprada.

Para o presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Fábio Paes, “o processo que gera o machismo é o mesmo que faz enxergar a criança como não gente”. Ele defende que a mudança deve ocorrer em três esferas – compreensão do fenômeno, mudança das estruturas sociais e de ações e atitudes. Para isso, considera fundamental incluir esses temas nos currículos das escolas.


“Desmonte”


Os debatedores também denunciaram o “desmonte” da estrutura pública voltada às mulheres. Eleonora Minicucci lembrou que o governo interino retirou o status de ministério da Secretaria de Direitos Humanos. “Já a Secretaria de Políticas para Mulheres virou um ‘puxadinho’ dentro do ministério da Justiça”, disse. Com isso, na concepção da professora, o país volta “à época das trevas, quando a violência contra as mulheres era considerada apenas caso de polícia”.


Érika Kokay sustenta que “a ruptura democrática” ameaça todos os direitos. Na concepção da deputada, nesse momento, “vozes sexistas, machistas e facistas contidas pelo peso da democracia vêm à tona com força total, como no rompimento de diques”.


Já a pesquisadora Olaya Hanashiro lembrou que nenhuma conquista está garantida, e é preciso continuar lutando por elas. “Precisamos empoderar nossas crianças e adolescentes, as vítimas, é assim que a gente vai combater essa cultura”, defende.




‘Não há cultura do estupro em nosso País’, diz Feliciano

POR JULIA AFFONSO

10/06/2016, n’ O estado de São Paulo, SP
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Em reunião da Comissão de Direitos Humanos, deputado se referiu à mãe, à mulher,a três filhas e à sogra: 'sempre ensinei às minhas mulheres para que deem o respeito para que sejam respeitadas'

(Marco Feliciano. Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)
Em reunião da Comissão dos Direitos Humanos, na Câmara, nesta quinta-feira, 9, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que ‘não há uma cultura do estupro em nosso País’. A sessão debateu a questão dos estupros no Brasil.
“Não existe, no nosso País, a cultura de estupro. Existem estupradores”, afirmou o parlamentar.
Em maio, uma jovem de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo, no Rio. O caso chocou o mundo, que cobra providências da Polícia do Estado. Nesta semana, outras duas menores foram vítimas de estupros coletivos, uma no Piauí e outra em Minas.
A fala do deputado foi interrompida por gritos de ‘fascistas’. Marco Feliciano foi ainda vaiado.
“Cultura tem a ver com crença, arte, moral, lei e costumes. No nosso País, não existe uma religião que apoie o estupro. Então, portanto, não é crença. No nosso País não existe beleza no estupro, então, também não é arte. No nosso país, também não existe moral no estupro e não ha lei que apoie o estupro. Tampouco o costume do estupro”, disse.
 “Existe o estupro? Existe. Existe, em nosso país, um bando de gente delinquente. Sociopatas, psicopatas, pessoas maltratadas pelo seio da sua família, pessoas que tiveram algum tipo de trauma. Existe no nosso país, este tipo de condição. Que as mulheres do nosso país precisam de mais respeito? Isso é natural. Existe já um grande número de deputados nesta casa que as defendem. Eu moro em uma casa com 6 mulheres, minha mãe, minha esposa, minha sogra e três filhas. Sempre ensinei às minhas mulheres para que deem o respeito para que sejam respeitadas.”
Neste momento, Feliciano foi vaiado novamente. Os manifestantes afirmaram: ‘minhas mulheres, não são sua propriedade’.
O deputado declarou em seguida. “Não há cultura do estupro em nosso País, não há uma cultura do estupro. Eu me nego a viver em um país onde há uma cultura relacionada ao que quer que seja com violência e morte. Não consigo conceber essa ideia.”
Durante a sessão, a representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Olaya Hanashiro, afirmou que estudos recentes apontam que a cada dois minutos uma mulher é violentada no país. Até o ano passado, estimava-se uma vítima a cada 11 minutos.
Cultura do estupro. De acordo com os participantes da sessão da Comissão, a “cultura do estupro” decorre do patriarcalismo e do conservadorismo. A pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres da Universidade de Brasília (UnB), Lourdes Bandeira, ressalta que até hoje acredita-se que só as virgens podem ser vítimas de estupro, como na Idade Média.
A professora da Universidade Federal de São Paulo e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, sustentou que os estupradores não são doentes, mas “machistas, patriarcais e de mau caráter”.
Autora do requerimento para a realização do debate, a deputada Érika Kokay (PT-DF), defende ser importante entender que a culpa do estupro não é apenas do estuprador. Para ela, responsável por essa cultura é ‘a sociedade machista que considera as mulheres, porque quase 80% das vítimas de estupro são do gênero feminino, objetos, nega a elas sua humanidade’.

(Marco Feliciano. Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

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·        Bom, desse “deputado e pastor’ o Marcos Feliciano, que por estas artes politiqueiras brasileiras  chegou a presidir a CDHM, o que se esperar? Hipócrita, fundamentalista, conservador.

Foi à audiência pública, já quase no final, para responder à citação do deputado Chico Alencar, só para avacalhar, o que é típico dele. Graças à maioria de parlamentares como ele, que a classe política anda desmoralizadíssima no país...


(Foto do Conselheiro Presidente do CONANDA, Fábio Paes, da internet)


(Eduardo Hirata)
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