quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Direitos da Criança e do Adolescente em Açailândia do Maranhão: descaso, ineficiência, omissão e impunidade. O ’sgdca’ em bancarrota.



Querido Leitor, querida leitora:


Retornando ao blogspot, depois de uma boa temporada em ‘recesso, assim meio forçado...”. Mas boquiaberto com os desmantelos públicos que vivemos em Açailândia do Maranhão e no Brasil, por onde andei em volteios, idas e vindas. Parece que estamos velozmente regredindo, perdendo o que se conquistou de Direitos Humanos após verdadeiras ‘guerras’...



                                              (DESABAFO E CARTA ABERTA)



Direitos da Criança e do Adolescente em Açailândia do Maranhão: descaso, ineficiência, omissão e impunidade. O ’sgdca’ em bancarrota.


Impressionante, e revoltante, o quadro de descaso e de omissão, de ineficácia e de impunidade que vivemos em relação ao cumprimento e atendimentos aos Direitos da Criança e do Adolescente aqui em Açailândia do Maranhão.

Pode ser obsessão particular, mas é de questionar o que se há sobre as conseqüências das históricas CPIS Estaduais de 2003-2004, com ações judiciais tramitando em passo de tartaruga, ‘tocadas’ por uma ou duas instituições e pessoas  mais interessadas e compromissadas, mas com as vítimas, as famílias e as comunidades,  em franca ‘desassistência’ desde sempre...

Sem falar dos casos dos meninos assassinados ( Raimundo Nonato, Francisco Clésio, Tiago, Francisco Guilherme)  quando sob medidas socioeducativas a “cuidados’ da FUNAC/Estado do Maranhão, mas também com obrigações socioassistenciais locais.

Isso sem falar dos casos dos assassinatos de Rafael, ‘Carequinha’ e tantos outros, também ‘passados’ por medidas socioeducativas que comprovam sua ineficácia, a bancarrota do sistema, num pisoteio explicito ao SINASE.  ( O CREAS, por exemplo, sem condições mínimas, de pessoal especializado e recursos e meios de atendimento,).

Ou o caso do menino com deficiência,  desaparecido e assassinado, o  Elson Machado, do Assentamento Planalto I, prestes a completar oito anos de impunidade (judicial e socioassistencial).

Muitos e muitas “moradores(as) de rua, pés inchados, perambulantes – a população de rua”, assim se tornaram, na deficiência das “ ações de prevenção”, e de crianças e adolescentes, se tornam jovens e adultos(as) hoje rejeitados(as) e discriminados(as) nas ruas e praças açailandenses, “...um perigo para a população de bem...” 

O Conselho Tutelar, na falta e fragilidade, ou praticamente a ‘inexistência’ da rede de atendimento, incapaz de atender com resolutividade às situações de ameaças e violações dos Direitos de Crianças e Adolescentes, quase que volta aos tempos antigos, idos dos anos 90 e começo dos anos dois mil, quando Açailândia não tinha a ‘estrutura (CRAS, CREAS, Bolsa Familia,  Defensoria, MPE, Judiciário, etc., etc.) que hoje tem, e que deveria ‘encarar’ a questão social com mais empenho, qualidade e resolução.

Se os órgãos públicos, governamentais, estatais, criados e “mantidos” para atender s as Crianças, Adolescentes e suas famílias, são incapazes de um ‘enfrentamento’ de verdade às ameaças e violações dos Direitos Infanto-Juvenis,  elencados nos artigos 227 da Constituição da República e 4º do ECA., é preciso assumir que a “sociedade civil – a participação popular – o movimento social” também  “... não está nem aí pro azar...”, essa mesma sociedade civil, representada por suas entidades no Fórum DCA/DOS Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia, tão atuante e ‘cobradora’, silenciou nos últimos quinze meses, nunca mais se ‘reuniu’,  e com esse silêncio e omissão, avaliza e carimba essa situação de descaso e impunidade  em relação aos Direitos da Criança e do Adolescente.

Ou seja, é de se indagar “cadê o sgdca- sistema de garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes de Açailândia-MA”?  Confundido popularmente com a termo “rede de atendimento’, o “sistema”, criado pelo ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente e normatizado pelas resoluções do CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, composto por dezenas de órgãos e instituições governamentais e não-governamentais., não consegue conversar,dialogar,integrar, articular, mobilizar governos/Estado e a sociedade civil na promoção, proteção e defesa dos Direitos Infanto-Juvenis, e desemboca neste quadro horroroso, um culpando o outro pela situação, e cada um  “tirando o corpo fora”...  

Na marcha que vai o Brasil, é provável que a maioridade penal seja “rebaixada’, que a violência sexual deixe de ser “crime hediondo” ( a ‘soltura do prefeito de Coari, recentemente, sinaliza a isso...), que adolescentes em conflito com  a lei aqui em Açailândia continuem à luz do dia sendo ameaçados, agredidos, baleados, espancados, assassinados, e a negligência e abandono familiares sendo premiados, ao invés de ser punida e reparada.

As escolas, falamos aqui das municipais,  com maior “clientela”, estão aos panderecos,  com prédios que já deveriam ter sido interditados pela Defesa Civil ou alguma outra “autoridade competente e pertinente”, tais os riscos que se colocam à integridade e saúde dos(as) estudantes, professores(as), servidores(as) – a comunidade escolar. Sem falara da falta de professores(as), da falta de tudo para se assegurar um ‘ensino’ co o mínimo de responsabilidade, dignidade e qualidade.

O trabalho infantil não é mais nenhum escândalo, não causa nenhuma surpresa, não levanta nenhuma indignação, é claro, flagrante – na rua central movimentadissima, em pleno meio de manhã de dia da semana, o menino e a me nina conduzem, quase em disparada, a carroça, que recolhe restos de comida aos porcos... E os domingos, na feira, então... E nas calçadas, vendendo de tudo um pouco. Só falta voltarem aos bares e lanchonetes, as crianças vendedoras de ovos de codorna...

O consumo de drogas ( e admitamos que bebidas alcoólicas, a simples cervejinha, é droga, e – que hipocrisia – droga lícita!...) cresce em velocidade de formula 1, e ninguém aí prá encarar (mas para estimulara, aí sim...),e  cada vez mais crianças e adolescentes ‘entram nesse mundo’, e em pouco tempo, infernizam a vida de suas famílias, e por tabela, a da sociedade toda...

Incluamos essa ‘crise , a do cumprimento e do atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente,  nos temas das “crises” que afetam o Brasil.

Lavemos a roupa suja aqui mesmo no nosso quintal...



(Eduardo Hirata, Açailândia-MA., 22/02/2017)





***********************************************************************