quarta-feira, 26 de junho de 2013

Caso do menino desaparecido ELSON: três anos e meio. Família e comunidade querem agilidade nas respostas.





O menino com deficiência ELSON MACHADO SILVA, então com nove anos de idade, desapareceu em dezembro de 2009, no Assentamento Planalto I, região campesina do Novo Oriente, cerca de setenta quilômetros do centro da cidade de Açailândia do Maranhão.

Corre no judiciário maranhense uma ação, contra dois homens, pai- Adão “Preto” e filho-Josemir, que respondem em liberdade, após passarem por duas prisões, que totalizaram pouco mais de sete meses, aqui mesmo em Açailândia.

Pela ação judicial, o crime é de assassinato, motivado por descoberta de abuso sexual, cometido por Josemir, e acoberto pela pai, que já tendo “problemas” com o menino e família, arquitetou seu assassinato.

 O caso ELSON teve grande repercussão, sendo também divulgado em matéria nacional no programa dominical “Fantástico”da TV Globo, em janeiro de 2012.

A principal testemunha, e filha de Adão “Preto” então adolescente, que em carta escrita ao Ministério Público Estadual (na época o titular Promotor de Justiça José Telmário Serejo), hoje reside com o companheiro e filhos, em outro município maranhense.

Adão “Preto” e Josemir, que moravam no Assentamento Planalto I a muito tempo, não retornaram, trocando seu lote por outro no município de Bom Jesus das Selvas, dele se desfizeram e hoje moram na cidade-sede.

A deficiência mental  de ELSON provavelmente foi consequência de um erro médico, cometido num antigo hospital aqui mesmo de Açailândia.

Tinha o “BPC do INSS”, que foi “cortado”. Pertencia a uma família camponesa (hoje o pai, “Chiquinho”, trabalha numa reflorestadora, a mãe, Solange, continua na “roça”), com outros quatro irmãos (era o segundo na ordem).

Quando “desapareceu”, comunidades de toda área se juntaram para dias e dias de busca, chegando a reunir, em alguns deles, mais de uma centena de homens, rapazes, mulheres, moças, crianças, num verdadeiro “mutirão”... O corpo de bombeiros de Imperatriz também efetuou buscas, muito ligeiras e superficiais, conforme as lideranças comunitárias.

A policia civil, através do então Delegado Sidney Oliveira de Sousa, disse ao “Fantástico” que não teve condições e recursos para melhor investigar o caso, por falta de veículo, pericia, pessoal... E acabou, com o Promotor de Justiça Leonardo Tupinambá, “arquivando” o caso, só reaberto por movimento da Paróquia São João Batista junto ao Juiz de Direito André Bogea Santos e Procuradoria Geral de Justiça do Estado.

A família de ELSON, na contramão do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente e demais legislação, e das políticas e planos nacionais, estaduais e municipais de promoção, proteção e defesa de Direitos, jamais teve uma assistência do Estado (governos federal, estadual, municipal) digna deste nome.

Mesmo o acompanhamento jurídico é um apoio da atual Paróquia Santa Luzia, do Pequiá, e dos Irmãos Combonianos, e o “apoio moral” do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran.


Sobretudo CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia, e na época que existiu, o CRDH/Centro de Referência de Direitos Humanos do Estado, não deram a devida atenção ao caso.

O caso, além de danos morais de todo tipo á família (tida até como negligente pelas autoridades, o que de forma alguma condiz com a sua história e realidade) dividiu e divide não só a comunidade do Assentamento Planalto I, mas de toda a área, e é tema recorrente em outras situações “problemáticas” da região.

Um dos motivos, por exemplo, é o fato de que as mulheres de Adão “Preto” e Josemir são mãe e filha, de familiares que residem no Assentamento... Outro: poucas semanas depois de mudar para Bom Jesus das Selva, um filho, ainda bebê, de enteada de Adão, foi encontrado morto num “barreiro” em frente à residência, e o caso, com suspeitas de assassinato, jamais foi apurado...

Agora, a família e a comunidade, principalmente, já estão “prestes a perder a paciência”, como me disse um dos líderes comunitários: “... se a justiça não faz justiça ao ELSON e sua família que não se recuperou da perda e sofre vinte e quatro horas por dia a espera de respostas para que então finalmente possam ter paz...então será que a gente é que vai ter que fazer?...”

Na tarde desta terça-feira, 25/06/2013, a Secretaria Executiva do Fórum DCA Açailândia, exercida pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, reuniu-se com o CONTUA, para conversar e definir uma atuação junto ao caso.

O que se cobra é a atenção social devida á família, como também a comunidade, num trabalho de prevenção que evite o “acirramento dos ânimos”, e uma mobilização para que se agilize o processo judicial, visando uma resposta “legal” (um fato que incomoda mais da metade da comunidade do Assentamento e região é que Adão “Preto” e Josemir estão soltos, e família e a comunidade reféns das dúvidas e dos receios, com um sentimento de impunidade lhes angustiando).

O que se cobra é que o CONTUA, com o CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social,  e o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, articulem  e mobilizem o SGD/Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes, no sentido de definir o processo judicial e responder com eficácia às necessidades de reparação à família e à comunidade, como manda a lei e prescreve a política de Direitos Humanos do país.

E é preciso que se repita: o caso ELSON é emblemático, na questão de “desaparecidos”, mas temos outras Crianças e Adolescentes desaprecidos(as), também sem respostas.


E então, SGD e rede de atendimento dos Direitos de Crianças e Adolescentes, como fica(rá) o caso do menino desaparecido ELSON MACHADO SILVA?...