sexta-feira, 22 de julho de 2016

O 171 de Alexandre de Moraes na redução da maioridade penal. Por Mauro Donato






(No DCM/Diário do Centro do Mundo,21/07/2016)



O Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, está trabalhando para destravar um projeto que aumenta o tempo máximo de internação de menores infratores. A proposta que eleva de três para dez anos o limite da pena já passou pelo Senado, mas está parada na Câmara dos Deputados desde julho de 2015.

Alexandre de Moraes tem conversado com o novo presidente da casa, Rodrigo Maia, com o propósito de agilizar a questão que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A autoria do projeto é de José Serra mas o idealizador é o governador Geraldo Alkmin que em 2013 chegou a viajar a Brasília para defendê-lo no Congresso.

Ao que tudo indica, o ministro não quer aguardar pela aprovação da PEC da redução da maioridade penal (171/1993) ou visualiza como escassas as chances de vitória da emenda constitucional. A PEC foi aprovada na Câmara em agosto do ano passado e agora tramita no Senado.

Ferrenho defensor do projeto é também o deputado Carlos Sampaio (PSDB): “O intuito é criar instrumentos eficazes no combate à crescente participação de adolescentes na prática de atos infracionais considerados graves”. O instrumento eficaz para isso se chama educação mas tucanos preferem evitar tratar os problemas na raiz. Não apenas degradam as escolas públicas como pouco fazem para que a Fundação Casa seja um centro de recuperação e ressocialização. Falida, é um centro de tortura que no ano passado teve seu recorde de fugas.

Não se pode perder de vista que a pasta de Alexandre de Moraes chama-se Justiça e Cidadania. Que cidadãos se formam nas cadeias brasileiras? Saem de lá escolados no crime e com dívidas a pagar. A probabilidade de livrar-se do mundo crime é quase nula depois que se esteve detido. Sobretudo se o réu pertencer ao segmento predileto para receber as culpas do mundo: negro e pobre.

Vamos ilustrar melhor o quadro da justiça no Brasil para o leitor que esteja buscando ponderações: Branco, rico e maior de idade, Carli Filho, então deputado estadual no Paraná, dirigia seu Passat a 170 km/h (suspeita-se que participando de um racha). Alcoolizado e com a carteira de habilitação suspensa devido a módicos 130 pontos em infrações de trânsito, Carli Filho bateu em outro carro e matou seus dois ocupantes (a 170 por hora, ele mesmo não morreu junto por estar a bordo de um caríssimo modelo alemão recheado de airbags e avançada engenharia de segurança. Viu como ser rico faz diferença?).

Isso foi há sete anos, no dia 7 de maio de 2009. Desde então, lá na exemplar República de Curitiba, o que se viu foram denúncias de sumiço de provas, de adulteração na imagens de câmeras de segurança que registraram o acidente e até de ameaça de morte. Julgamento até agora, nada. Carli Filho está livre, leve e solto.

Alexandre de Moraes parece ter aprendido bem com ex chefe. Até o final do ano passado, era Secretário de Segurança de Geraldo Alckmin que é craque em fazer acontecer o que lhe é negado pela justiça. Sua reorganização escolar, vetada pelo judiciário, de alguma maneira ocorreu e ainda ocorre.

A questão da maioridade penal é um tema de alta periculosidade em termos de tiro que sai pela culatra e precisa de amplo debate, aprofundamento na resolução da origem do problema. Fazer esses desvios populistas que atendem a parcela conservadora da sociedade nada mais é do que perpetuar o cenário.


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(Sobre o Autor: Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo)




·        Repercutiu na mídia  açailandense a nota do Ministério Público do Maranhão, dando conta da condenação do governo estadual, em ação movida pela 4ª Promotoria de Justiça de Açailândia/Promotoria da Infância e da Juventude, cujo titular é o Promotor de Justiça Gleudosn Malheiros Guimarães.

A causa da condenação?

O governo estadual, obrigado por lei a atender as medidas sócioeducativas privativas de liberdade (semiliberdade, internação) pára Adolescentes em conflito com a lei, não tem unidade de atendimento aqui no município.

 Aliás, tirando a capital, São Luís. a FUNAC, órgão do governo estadual responsável pelo atendimento à essas medidas socioeducativas, só mantem unidade em Imperatriz, e mesmo assim, só custódia-semiliberdade, e não internação

É sempre importante relembrar que Açailândia já tem quatro (04) Adolescentes assassinados na ilha-capital, quando cumpriam medidas sócioeducativas de internação, e são perto de duas dezenas, inclusive moça, as vítimas assassinadas quando egressas da FUNAC.

De modo muito precário, ineficaz, irresolutivo, Açailândia só atende Adolescentes em medidas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade, decretadas pelo Judiciário, e executadas através do CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência, órgão do governo municipal.

E o povo, na maioria, quer é “taca, redução da idade penal cadeia, e boa parte, até pena de morte – e olha que a maioria do povo se diz ‘cristão’...” , estimulada pela imprensa , e a maior parte de suas emissoras de rádio e televisão.

(Eduardo Hirata)


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