sábado, 28 de setembro de 2013

“ECA NA ESCOLA COMO INSTRUMENTO DE GARANTIA DE DIREITOS E DEVERES ARTIGO 53 A 59”: REUNIÃO COM GESTORES/AS DE ESCOLAS MUNICIPAIS.





“ECA NA ESCOLA COMO INSTRUMENTO DE GARANTIA DE DIREITOS E DEVERES ARTIGO 53 A 59”: REUNIÃO COM GESTORES/AS DE ESCOLAS MUNICIPAIS.

O COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia, por provocação do CONTUA/Conselho Tutelar, e em parceria com o MPE/Ministério Público Estadual, CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência Social e a PM/GEAP-PROERD, realizou na manhã desta sexta-feira, 27/09/2013, no auditório da Câmara de Vereadores, Rua Ceará, Centro, entre 0930 e 1215 horas, uma reunião com Gestores/as das Escolas da rede pública municipal de ensino.

O tema da reunião versou em torno do “ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente como Instrumento de Garantia de Direitos e Deveres Artigo 53 a 59”. E conforme os Conselhos COMUCAA e CONTUA, tinha por objetivo discutir e buscar soluções para muitos dos problemas envolvendo Crianças e Adolescentes estudantes e as escolas, além de procurar diferenciar claramente o    que é “indisciplina” de “ato infracional”, pois muitas vezes o CONTUA é acionado e interpelado indevidamente, sendo o caso simplesmente de indisciplina escolar que deve ser tratada internamente.

Entre as muitas falas, momentos de debates e encaminhamentos/proposições, destacamos:

O Promotor de Justiça Gleudson  Malheiros Guimarães enfatizou que a reunião equivalia a uma “reunião de trabalho”, e colocou aspectos legais  quanto ao papel da escola nas questões de ameaças e violências. Ressaltou que realmente não dá para buscar resolver problemas suspendendo, transferindo ou “expulsando” estudantes, pois fere o direito de acesso e permanência na educação pública. E que a Secretaria Municipal de Educação deve ter uma equipe multidisciplinar para atender essas situações.

Em resposta às colocações do Promotor de Justiça, representantes da Secretaria de Educação (Andreia Ferraz, Elaine Cristina, Fabiane e ao final a própria Secretária, Ivanete Carvalho), anunciaram a criação da equipe multidisciplinar, formada inicialmente por três assistentes sociais e psicopedagoga, concursadas, e que atuarão inicialmente em quatro polos, mas se estenderá por toda a rede (78-setenta e oito escolas-, cidade e campo).

E apresentaram várias ações atualmente desenvolvidas pela Secretaria, justamente procurando mobilizar as comunidades escolares (gestores, professores, servidores, pais, estudantes) em relação a Direitos e Deveres, como a série de palestras em andamento.

    A Secretária Ivanete Carvalho destacou a necessidade de um trabalho conjunto, integrado, de direito e de fato “em rede”, o que colocou também a Técnica Educacional Eline Nascimento, ressaltando ainda uma ação de protagonismo infanto-juvenil com estudantes de municípios vizinhos, juntamente com o Selo UNICEF ( Açailândia é município certificado, desde deembro de 2012, e ela também ação do COMUCAA no sentido de mobilização em torno do Selo).

A s representantes da Secretaria pautaram uma reportagem da TV-Mirante, divulgada no JM 2ª edição da última segunda-feira, de uma “briga” de duas adolescentes de escola da rede municipal, fardadas. E as colocações feitas pela Conselheira Tutelar Lucinete Freitas de Aguiar, em entrevista, sobre denúncias de maus-tratos, por parte de professores e gestores. Lucinete afirmou que nestes três meses do atual mandato do CONTUA, já são muitas sim as denúncias. A Secretária Municipal Ivanete Carvalho garantiu reunir-se com o CONTUA para tratar dessas denúncias. E que a Secretária está empenhada, inclusive com advogado, em resolver essas situações, como aconteceu recentemente numa escola, em grave incidente.

Eline, ex-Conselheira Municipal de dois mandatos, disse também da impunidade, que desacredita a ação das autoridades perante à população, citando casos como os chamados “Provita e Meninos do Trem da Vale”, e que essa impunidade estimula a violência.

Manoel Sobrinho, da Coordenação de Inspeção Escolar, reconheceu que o quadro da violência nas escolas é muito grave e sério, mas que a Secretaria faz o que pode e que as escolas tem que ter iniciativa e criatividade para tentar resolver os casos, antes de repassar ás outras autoridades.

O representante do Fórum DCA Açailândia, e Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescentes, este que vos escreve, disse que reuniões como essa eram frequentes (pelo menos anualmente) e que deveriam ser rotineiras, diante do quadro de violência nas escolas que vivemos. Falou sobre os objetivos e metodologia da “Rede Maranhense de Justiça Juvenil”, da qual Açailândia participou ativamente, de 2008 a 2012, e que este ano praticamente abandonou. E são ações (a cultura da paz, as práticas restaurativas, os círculos de paz e restaurativos) que muito contribuiriam com as escolas, além do atendimento socioeducativo. Sobre a equipe multidisciplinar da Secretaria de Educação, relembrou a Coordenação de Apoio ao Educando, e disse que uma atuação integrada com outros serviços e programas, como o CRAS, CREAS, NMIES, etc, potencializaria o atendimento às Crianças e Adolescentes estudantes e suas famílias.

Um Gestora escolar tratou do papel e do relacionamento com o CONTUA, que hoje entende melhor, mas destacou que muitos(as) gestores(as) assim como ela, envolvem-se profundamente na tentativa de resolver situações difíceis que sofrem seus/suas alunos(as), mesmo com poucos recursos e apoios. E fez um apelo, que as escolas precisam de ajuda e de parcerias para enfrentar os problemas que vivem seus estudantes, famílias e comunidades, pois se sentem impotentes para atuar e buscar mudanças e melhorias.

A Coordenadora do EJA, Professora Márcia, disse da dificuldade de palestras com estudantes e pais/responsáveis, pois são mais de mil e quatrocentos estudantes no turno noturno, e solicitou recentemente ao Grupo de Monitoramento do Plano Municipal de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, uma palestra especifica e não foi atendida.

A Coordenadora do CREAS, Angela Marcia, respondeu que de fato se recebeu o pedido, mas era preciso reunir, planejar, e o pedido foi “muito em cima da hora”.

 Eline Nascimento ressaltou que em anos anteriores, uma equipe do Grupo e da Secretaria se disponibilizava para atividades educativas com as comunidades, inclusive no campo, realizando dezenas delas durante o ano. E quanto às assistentes sociais, é preciso discutir sobre sua função e jornada de trabalho em Açailândia (que é de 30-trinta- horas semanais, segundo dito na reunião), mas boa parte também trabalha em outros municípios e outras atividades.

O Soldado PM Assiroaldo Bomjardim representou o PROERD/Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência, e o GEAP/Grupo de Apoio às Escolas, ações da Policia Militar do Maranhão desenvolvidas em parceria com o sistema educacional.

A Conselheira Municipal Maria Cristina da Conceição Silva, representando o COMUCAA, conduziu a reunião, destacando a participação do Promotor de Justiça Gleudson Malheiros Guimarães, as dificuldades de mobilização no atendimento dos Direitos de Crianças e Adolescentes, e que é preciso muita humildade para um trabalho efetivo com os estudantes.
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