segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os filhos dados das mães pobres do sertão




Os filhos dados das mães pobres do sertão


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Veículo(s)
( do jornal “Estado de São Paulo”, 09/09/2013)


Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, atualmente há uma criança disponível para cada seis pretendentes.

O funil vai se estreitando conforme aumentam as exigências das famílias. Entre as crianças, menos de 1% são meninas brancas, com menos de um ano, tipo preferido pelos pais. "Se desejar uma menina branca recém-nascida, a fila de espera é longa. Se aceitar receber um menino negro, de 10 anos, que já viveu na rua, a adoção ocorre no dia seguinte", explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da Comissão Especial dos Direitos à Adoção da OAB-SP.

 Em 2005, depois de perder uma criança e ser obrigada a tirar o útero, Carmen se candidatou à adoção em Salvador.

Percorrendo os povoados entre Monte Santo, Euclides da Cunha, Cansanção e Quijingue, para falar com as mães que deram seus filhos, o que sobressai, acima de tudo, são dramas familiares, arrependimentos, cicatrizes abertas - resultado do encontro de mães de dois mundos diferentes, com expectativas diversas sobre o futuro.

Meu comentário:

Lembram-se da odisseia de “Antonio Conselheiro”, relatada por Euclides da Cunha no clássico “Os Sertões”? É a região da hoje Monte Santo...

Recentemente, o caso nacional das crianças irmãs “tiradas” desumana e ilegalmente por um juiz, e “doadas” para famílias paulistas...

O povo (sobre)vivendo quase na “mesma base”, escanteado pelo governo e pela sociedade...

Matéria prima e farta para  essas “adoções”...

Em Açailândia do Maranhão, tanto crianças e adolescentes que passaram por “acolhimento institucional” (teoricamente mais e melhor protegidas e defendidas em seus Direitos à Convivência Familiar e Comunitária), como outras(os), tem sido “adotados(as)” questionalvelmente,

Burburinhos dão conta ainda das “adoções via SESP”, ou sejam, diretamente do Hospital Municipal, a “maternidade pública da cidade”.

E outras dezenas e dezenas de “colocações familiares” que ser forem analisadas, vão demonstrar um escandaloso e escabroso quadro de violações de Direitos...


Direitos estes que garantem a permanência de Crianças e Adolescentes em suas famílias “originais”, até se esgotarem todos os meios possíveis para tal, e que “adoção” é a última e definitiva das “colocações”, após devido e rigoroso “processo”, social-judicial.