sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

“RETROSPECTIVA DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE AÇAILÂNDIA-MA: 13 FATOS QUE MARCARAM 2013”(2)








II – 2013  ANO RUIM PARA O CONSELHO TUTELAR/CONTUA

O ano  2013 foi  ruim para o Conselho Tutelar de Açailândia, o CONTUA. Tanto interna como externamente, o segundo mais importante órgão público municipal garantidor dos Direitos da Criança e do Adolescente  (de acordo com o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente  e a Lei Municipal n.º 132/97), sofreu vários problemas e críticas, por sua atuação ou  falta de atuação.

Instituição permanente, com atendimento diário e em plantões noturnos, de finais de semana e feriados,  diretamente encarregada de zelar pelos Direitos de Crianças e Adolescentes, junto à família, à comunidade, à comunidade e ao Estado/governos, nas situações de ameaças e violações a esses Direitos, o CONTUA, considerando as reclamações e queixas ( das próprias  crianças e adolescentes,  pais e responsáveis,  associações, sindicatos, igrejas, escolas, outros órgãos públicos, etc)  quanto a seu atendimento deficiente, moroso, irresolutivo,  deixou e muito a desejar.

Importa dizer que em muitos momentos de 2013 os problemas e dificuldades,   que resultaram neste atendimento reclamado pela comunidade, tiveram a ver com a infra-estrutura, por conta da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Assistência: falta de veículo (e de motorista, quando o veículo estava disponível...), , de  telefone, de internet...

Outras questões quanto ao funcionamento e atendimento são antigas: qual a jornada semanal de trabalho “normal” do(a) Conselheiro(a) Tutelar? Os plantões são para os dias e horários de “expediente normal”, ou “noturnos, de final de semana, feriados”? As do colegiado não podem reuniões ordinárias prejudicar o atendimento no “ expediente normal” aos(as) usuários(as)? Conselheiro(a) Tutelar também é Conselheiro(a) de outros Conselhos Municipais? O trabalho do(a) Conselheiro(a) não seria mais “individualizado”, deixando as questões coletivas, difusas, "o controle social"   para o COMUCAA, e as educativas-preventivas para os programas e órgãos específicos da assistência social, cultura, educação, esporte, trabalho? Por que o povo e as entidades/instituições reclamam tanto do atendimento e do serviço prestado do CONTUA? Pelo falta do(a) Conselheiro(a) por que hoje é seu dia de folga? Ou por que hoje ele(a) não é o plantonista? ...

Diante das reclamações, denúncias quanto ao atendimento e serviços prestados pelo CONTUA, o plenário do COMUCAA decidiu, em setembro, por um “acompanhamento” mais presente ao CONTUA. Mas não houve “relatório” algum desse "acompanhamento" em 2013...

·       CONTUA muda composição no meio do ano...

O CONTUA passou por uma mudança em sua composição, no dia 06 de junho, aniversário do município, quando assumiu a 7ª gestão, eleita em 21 de abril,  com as Conselheiras Edna Maria Alves dos Santos, Ivanessa Sousa dos Santos, Ivonia Sandra Martins da Silva, Lucinete Freitas de Aguiar e Glen Hilton Soares Pereira, sendo veteranas as Conselheiras Edna Maria       (reeleita, e  de dois mandatos anteriores não consecutivos) e Lucinete ( um mandato e meio), Ivonia Sandra, Ivanessa e Glen Hilton eram uma novidade, calouros no meio DCA/Direitos da Criança e do Adolescente e de Direitos Humanos.
 
O quadro de suplentes do CONTUA  foi composto por Antonio Silvestre Marques de Sousa, Raimundo Carlos da Silva Conceição, José Alves Bezerra, Elisangela Conceição da Silva e Carlos Augusto Figueiredo Santana.

Cumpriram seus mandatos  2010/2013 as Conselheiras Andreya Carvalho de Oliveira e Veronice Pereira de Carvalho, com dois mandatos consecutivos; o Conselheiro Ismael Martins de Sousa, também com dois mandatos consecutivos; a Conselheira Elisangela Conceição da Silva e o Conselheiro José Alves Bezerra,  que se elegeram suplentes para 2013/2016.

O processo de escolha do atual CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia, para um mandato “tampão” de 06 de junho de 2013 a 09 de janeiro de 2016, iniciou-se em setembro de 2012, quando o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, órgão responsável por esse processo de escolha (conforme o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, a Resolução CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente nº 139/2010, e a Lei Municipal n.º 132/97), iniciou as discussões e a elaboração do regulamento eleitoral. O regulamento eleitoral foi aprovado em dezembro (Resolução COMUCAA n.º 010/2012), e ainda neste mês abriu-se a etapa de inscrições de pré-candidatos(as), com 26 (vinte e seis) inscritos(as).

Os pré-candidatos(as) passaram por outras quatro  etapas: formação continuada, prova de conhecimentos,  entrevista técnica, campanha-propaganda eleitoral, até chegar como candidatos(as) para o dia da eleição/votação, 21 de abril, com o comparecimento facultativo de 5.486 eleitores(as).

E antes da posse, os(as) candidatos(as) eleitos(as) passaram por um mês de estágio e transição. Ao que parece, pouco adiantou todo esse processo...

·       Mas o processo de escolha não foi pacífico, não...

Um dos fatores que influenciaram, para pior, sem dúvida,  no funcionamento e desempenho do CONTUA em 2013, sobretudo a partir de junho, foi o conjunto e as consequências dos acontecimentos durante o processo de escolha.

Não houve problema algum na etapa inicial do processo, a de inscrições, nenhuma reclamação, nenhum recurso.

A etapa de formação sofreu alterações, de datas e horários, sem prejuízo da carga horária, e a partir dela surgiram as reclamações e “recursos”.

E um grupo de pré-candidatos(as) requereu alteração no regulamento eleitoral, no artigo que previa que o(a) eleitor(a) só poderia votar em um(a) único(a) candidato(a). O grupo queria a volta da “tradição em votar em até cinco candidatos(as)”.

Mas outro grupo de pré-candidatos(as) defendeu a manutenção do regulamento como estava. O COMUCAA, em assembléia questionável, precipitada, influenciado pelo seu assessor Raimundo Rodrigues da Silva, decide pela alteração.

O caso vai ao MPE, que recomenda a obediência ao regulamento original, a Resolução COMUCAA n.º 010/2012. Ameaçado de ‘intervenção’  no processo de escolha, o COMUCAA volta atrás e mantem o regulamento original...

Na campanha eleitoral e no próprio dia da votação, muitas reclamações e denúncias, de “bocas de urnas, transporte de eleitores, ameaças, etc”, mas nenhuma formalizada junto à Comissão Eleitoral, que só aceitava se fosse por escrito, assinada...

Mágoas e ressentimentos, legado ainda das eleições de 2010, que também “acionaram” o MPE e até inquérito na Polícia Civil, somadas às da atual eleição, criaram constrangimentos e animosidades, que se refletiram no restante do ano em todo segmento DCA e particularemente no CONTUA...

·       Nem  um mês e começam os problemas ...

Com menos de um mês de nova gestão, o CONTUA sofre o primeiro abalo: no final de junho,  o CDVDH-CB/Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran denuncia o órgão e o Conselheiro Glen Hilton, ao COMUCAA e ao Ministério Público Estadual/MPE,  por omissão de socorro a um (ex) “menino do trem”, caso que para ser ‘resolvido’, com a “devolução” do ex-menino do trem a sua cidade de Marabá,  demandou a movimentação não só do CDVDH-CB, como da Vale, da Viena,  da Associação Bom Samaritano,  do Ministério Público, do Judiciário Estadual e até do COMDIPE/Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência...Ou seja, quase todo o SGD/Sistema de Garantia de Direitos e rede de atendimento (menos o CONTUA...que também é do SGD, da rede...)

O COMUCAA constituiu Comissão Especial, que em meados de setembro, concluiu que o Conselheiro Glen Hilton e o CONTUA não cometeram nenhuma irregularidade e não tinham obrigação alguma de atender, pois ele era “maior de idade”, nada tinha a ver com o fato de que desde meados dos anos noventa já perambulava pelo trem da Vale, abrigando-se na Casa de Passagem...

A conclusão levantou protestos do CDVDH-CB e do Fórum DCA/Direitos da Criança e do Adolescente de  Açailândia, instância que congrega entidades civis.

·       Menos de dois meses, novo abalo no CONTUA...    

No final de julho, o próprio CONTUA, usando de seu Regimento Interno, afasta o Conselheiro Glen Hilton, sob suspeita de vazamento de denúncia encaminhada pelo Disque 100, e instituiu uma Comissão Apuradora.

Quase ao mesmo tempo, alegando questões de saúde, renuncia a Conselheira Ivonia Sandra Martins da Silva, que é substituída pelo Conselheiro Antonio Silvestre Marques de Sousa.

Mesmo com acompanhamento do COMUCAA e do MPE, o CONTUA não deu conta da Comissão, alegando dificuldades, a começar da composição.

O caso passa então, no final de agosto, ao COMUCAA,  que  instituiu uma segunda Comissão Especial para apurar denúncia contra o mesmo Conselheiro Tutelar Glen Hilton.

Mas em meados de outubro, também sem chegar a uma conclusão, o COMUCAA remete o caso do vazamento da denúncia encaminhada pelo Disque 100 à Procuradoria do Município e daí à Comissão de Sindicância, onde está até hoje.

Enquanto isso, o Conselheiro Glen Hilton, alega, e publicamente, em assembléias, reuniões, que vem sofrendo “discriminação” no CONTUA, que o deixam de lado nas discussões e decisões, que vem sendo “perseguido”...

·       E agora, nova denúncia, nova Comissão Especial...

No dia 07 dezembro de 2013, assembleia especifica do Fórum DCA escolheu as entidades representantes da sociedade civil organizada para o COMUCAA gestão  dezembro de 2013 a  dezembro de 2015.

No entanto, alegando “boca de urna” e “falta de ética” das Conselheiras Tutelares Edna Maria Alves dos Santos e Lucinete Freitas de Aguiar, as entidades ADEFIA/Associação dos Deficientes Físicos de Açailândia e a APAE/Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, impetraram recurso no COMUCAA.

No dia 20 de dezembro, o COMUCAA instituiu Comissão Especial, que apreciará inicialmente a denúncia, o que deve acontecer neste início de 2014.

·       Colegiado do CONTUA  “rachou”...

Lamentavelmente, e é muito ruim dizer isso, mas o “racha” plenamente visível e constatado no CONTUA, inclusive em outras instâncias (reuniões, assembleias...) em 2013 prejudica e muito o atendimento às ameaças e violações de Direitos de Crianças e Adolescentes açailandenses...

O CONTUA chegou ao absurdo de declarar abertamente que nada soube e nem tem como atuar ( e nem lhe cabe atuar, certamente...) em dois casos amplamente divulgados por toda mídia açailandense, os chamados “casos da van”, que vitimaram um menino e uma adolescente.

Isso só como um dos exemplos, entre muitos. O que será que o CONTUA fez  no caso da menina morta numa piscina semi-abandonada da Vila Ildemar?

Outro exemplo claro do “racha” no colegiado do CONTUA é a participação do  órgão na “força-tarefa”, formada ainda pelo COMUCAA, pelo CREAS/Centro de Referência Especializado de Assistência e Fórum DCA, na tentativa de agilizar/solucionar casos encravados, impunes social e judicialmente,  de violações de Direitos de Crianças e Adolescentes e suas famílias.

A maioria de seus  membros, apesar da existência da “força-tarefa” a mais de oito meses, “não está nem aí”, pois seu representante nela é que se vire... 

2013: com tudo o que aconteceu envolvendo membros do CONTUA, um ano para esquecer...

(continua)