sábado, 1 de março de 2014

AP 470 STF = JOAQUIM BARBOSA x LUIS ROBERTO BARROSO. “ 2014 não está cheirando bem... LUIS NASSIF terá razão?”





Não pegou bem o bate-boca entre os ministros do STF, Joaquim Barbosa e Luís Roberto Barroso. Negue quem quiser se fazer de cego, mudo e surdo, mas Joaquim Barbosa realmente perdeu o controle e as estribeiras,  saiu da linha, comportamento indigno de um presidente do Supremo Tribunal Federal.

Aliás, essa AP 470, pelo que vem apresentando de “divergências e contradições”, está cheirando mal a muito tempo, fedendo podre e carniça... Dia desses, um amigo, fanático acusador da “quadrilha do PT”, responsável pelos descaminhos do Brasil, admitiu que está repensando o assunto, pois a corrupção, mesmo com a ‘turma quadrilheira’ (que agora não é mais, com a decisão do STF...), continua correndo solta, firme e forte, em todo o país, e que na verdade não é só gente do PT, ou do PTB do Roberto Jefferson, que corrompe ou é corrompida... E que falta um montão de político e de empresário fazerem companhia a Dirceu, Delúbio, Genoíno, Valério... inclusive gente do sacrossanto PSDB...

Para contribuir no debate “sadio”, o artigo do Luís Nassif, a seguir.

(Eduardo Hirata)

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Joaquim Barbosa e o exemplo do Tea Party

O destempero do presidente do STF é a prova maior do fundo do poço em que o Tribunal foi colocado pelas intenções políticas de alguns ministros

(Por Luis Nassif — publicado 28/02/2014, revista Carta Capital)
   
O destempero do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa contra seu colega Luís Roberto Barroso - pelo fato de ter proferido um voto contrário ao seu entendimento - é prova maior do fundo do poço em que o Tribunal foi colocado pelas intenções políticas de alguns ministros.

Quem conhece Joaquim Barbosa de perto, assegura: não é desonesto, não é malicioso, não se mete em negócios obscuros nem em más companhias, como seu colega Gilmar Mendes. Mas é um completo desequilibrado.

Dia desses conversava com um ex-conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Dizia ele que, se Barbosa entrar em um recinto e ver duas pessoas cochichando, imediatamente armará encrenca, supondo que estejam falando dele.

Na sessão do STF – que deliberou sobre a acusação de formação de quadrilha para os réus da AP 470 – Barbosa interrompeu várias vezes Barroso, foi grosseiro, atropelou todos os códigos de conduta, ao insinuar que o colega teria negociado seu voto para conseguir o cargo.  Mas quem vai tirar o piloto do Boeing em pleno vôo?

Tempos atrás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alertou para os riscos da aventura Joaquim Barbosa. Mostrou sua falta de tato, de cintura política, a intolerância a qualquer opinião contrária.

Ocorre que o mito Barbosa surgiu impulsionado pelo clima de radicalização, de criminalização da política, do denuncismo desvairado que a oposição levantou a partir de 2006 e, especialmente, a partir da era José Serra.

Trouxeram de volta para a cena política o macartismo, abusaram da religiosidade, despertaram os piores demônios existentes no tecido social brasileiro, aqueles que demonizam as leis e propõem o linchamento, transformaram a disputa política em um vale-tudo.

Não valia denunciar aparelhamento da máquina, a política econômica, apontar erros na gestão pública, como em qualquer disputa política civilizada.

Repetiram nos mínimos detalhes a radicalização da política norte-americana, o movimento da mídia e do Partido Republicano dos Estados Unidos adotando o discurso virulento de ultra-direita do Tea Party.

Durante toda a campanha eleitoral nos EUA, comentaristas vociferantes espalhavam toda espécie de boatos contra Barack Obama. A campanha viciou o eleitorado republicano nas catarses do Tea Party e o partido terminou refém da radicalização. Hoje em dia, as vozes mais preparadas e ponderadas dos republicanos têm enorme dificuldade em reconduzir o partido para o caminho da moderação e da responsabilidade política.

Por aqui, caminha-se para o mesmo desfecho. Só que esse espaço catártico, que Serra preparou para ele próprio, foi ocupado por um jacobino autêntico. Serra era um simulacro de radical, Barbosa é um radical em estado bruto.

Na semana passada, em visita a São Paulo, Aécio Neves relembrou figuras referenciais mais nobres do PSDB, como Mário Covas e Franco Montoro. Tenta, de alguma forma, recuperar os valores partidários, destroçados na era Serra.

O próprio Serra andou dando entrevistas minimizando a crise econômica, tentando (inutilmente) ocupar um espaço de racionalidade que um dia foi seu. Ou – o que é mais factível – tentando prejudicar o candidato que ocupou um lugar que era seu por direito divino.

2014 não está cheirando bem.

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