sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Nova bancada na Câmara Federal defenderá redução da maioridade penal





Nova bancada na Câmara Federal defenderá redução da maioridade penal

DIVULGAÇÃO / AGÊNCIA CÂMARA, 07/10/2014)



Reforma do sistema prisional também poderá entrar em debate na próxima legislatura.


Gustavo Lima / Câmara dos Deputados



BRASÍLIA – Dos 513 deputados federais eleitos para a próxima legislatura, 20 são ligados à área da segurança. Entre eles, há policiais, majores, cabos, militar da reserva, delegado da Polícia Federal e até mesmo apresentador de programa policial.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), esses deputados defenderão temas ligados à classe policial, mudanças na legislação penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, reforma do sistema prisional e novas políticas sobre drogas e adolescentes infratores.

Três deputados dessa área foram campeões de votos: no Rio de Janeiro, deputado Jair Bolsonaro (PP), que foi capitão do Exército; no Ceará, ex-deputado Moroni Torgan (DEM), que foi policial federal; e no Distrito Federal, ex-deputado Alberto Fraga (DEM), que foi tenente-coronel da Polícia Militar.

Alberto Fraga afirmou que pretende criar uma frente parlamentar para discutir a redução da maioridade penal. “A maior bandeira minha com relação à segurança pública é acabar com essa impunidade do menor, que tem aumentado a cada dia a participação de menores em crimes no Brasil. Vou lutar por essa questão da maioridade penal e atacar as questões do sistema prisional, que precisa ser reformulado e atualizado”, afirmou.

O cientista político Flávio Brito atribui a votação expressiva desses candidatos a uma percepção de impunidade e de insegurança por parte da população. “Há um senso comum em todo o território nacional de que as penas têm que ser endurecidas e de que a participação de menores em crimes considerados bárbaros tem que ser debatida pela sociedade e pelo Parlamento”, declarou.

Flávio Brito disse também que a discussão na Câmara vai encontrar resistência entre os parlamentares defensores dos Direitos Humanos, mas, para ele, é papel do legislativo enfrentar esse debate.



(meu comentário:

O CONANDA/Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, com todos os CEDCA/Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Nacional de Juventude, firmaram um manifesto em junho de 2013, em Brasília-DF, contra a redução da maioridade penal e em favor do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente.

A notícia do “fortalecimento” da bancada parlamentar pela redução da maioridade penal, aqui para nós do Maranhão, ganha mais sentido com a eleição de Aloisio Mendes, ex-secretário estadual de segurança, notório e exaltado defensor da redução.

O PSDB, partido do presidenciável Aécio Neves, tem projeto de lei tramitando pela redução da maioridade penal, e o próprio presidenciável já se declarou também a favor dessa redução.

Pior ainda aqui em Açailândia do Maranhão, que segue a onda nacional, mais de 90% da população, segundo as pesquisas, a favor de punição mais forte e precoce a Adolescentes (e até Crianças) em conflito com a lei.

Nenhuma das instituições de linha de frente na proteção e defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes (COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; CONTUA/Conselho Tutelar, por exemplo) “toca publicamente no assunto”, e contrariando o manifesto dos Conselhos Nacional e Estaduais, nada fazem em sentido contrário, paracendo, como silêncio, “consentir”...

Esquecemo-nos, açailandenses, que já tivemos dezenas e dezenas de Adolescentes e jovens assassinad@s, quando cumpriam medidas sócio-educativas ou egressos dessas medidas, e por que punição mais que a morte precoce, violenta e por assassinato?

Noss@s Adolescentes e jovens, sobretudo “pobres, pretos e de periferia” vem sendo exterminad@s, como bem comprova a realidade da violência “aqui em nosso quintal”, por conta da fragilidade/inabilidade das famílias, da negligência-omissão-descaso do poder público e da  incompetência e ineficácia das suas ações e políticas públicas, e diante da discriminação e do preconceito da “sociedade de bem”.

Já eleita e fortalecida esta “bancada pela redução da maioridade penal”, que também  quer implodir o que se conquistou e se tenta garantir em termos de Direitos Humanos, só faltava eleger-se Aécio Neves, para os Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, nestes 24 – vinte e quatro anos – de vigência do ECA serem “revogados”.

E então, SGD açailandense, como ficamos? Continuamos com o silêncio, e vamos quietos para o abate, como vai o gado no corredor do matadouro?

Eduardo Hirata)


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