terça-feira, 24 de dezembro de 2013

"O CAMINHO DE NATAL"




E então, é mais um Natal! E como nos pergunta John Lennon em “Happy Christmas”, que se transformou em hino natalino – cantado em todas as línguas e versões- “ o que fizemos, o que temos feito, (e para onde vamos ?), que caminho seguir?”


Que a estrela que guiou os pastores ao estábulo em que nasceu o Menino Jesus, nos guie e ilumine também os nossos caminhos!


Que o texto de Padre Marcelo Barros nos oriente a encontrar os caminhos !


Feliz Natal, muita  saúde, muita paz!


(Eduardo Hirata)





O caminho de Natal


Hoje, os anjos que nos anunciam que a Palavra Divina se faz carne e se manifesta em nossa realidade humana e social são pastores como Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno que, mesmo com o peso da idade e a saúde frágil, continuam seu cuidado amoroso e profético em favor dos pequeninos, objeto da predileção divina


(Por Marcelo Barros, jornal “Brasil de Fato”, 23/12/2013)


Aeroportos superlotados e estradas cheias de veículos mostram que, para as festas de Natal, muitas pessoas viajam, muitos para reencontrar a família ou amigos, outros para aproveitar as merecidas férias de final de ano. Esse caminho do Natal que aproxima as pessoas é bom, mesmo se não tem relação com a origem religiosa da festa. 

Conforme os evangelhos, o caminho do Natal foi trilhado pela primeira vez por pastores de ovelhas que, durante a noite, tiveram a experiência de ver um mensageiro de Deus e ouvir a notícia do nascimento de Jesus. O relato conta que, assim que os anjos se foram, os pastores correram para ver o que de fato acontecera. Os anjos haviam dado um sinal: “vocês encontrarão um menino recém-nascido deitado em uma manjedoura”. E eles encontraram tudo conforme lhes fora anunciado.

A primeira coisa que chama a atenção no caminho do Natal é a enorme contradição entre o esplendor do anúncio dos anjos e a pobreza do que os pastores encontraram: uma manjedoura e, nela depositado, uma criança pobre. Hoje, o comércio nos diz que o caminho do Natal é o dos shoppings, das festas de comilança e consumo. O Evangelho nos convida a retomarmos o caminho dos pastores e procurar a presença divina no que há de mais humano e, principalmente, na realidade das pessoas feridas pela pobreza, pela injustiça e pela marginalidade.

Ao insistir que Jesus nasceu como migrante, em uma Belém “onde não havia lugar para eles na hospedaria”, a tradição não quer apenas sublinhar que Deus está presente junto aos empobrecidos, mas que está para lutar a seu favor contra as injustiças do mundo.

Os antigos pastores da Igreja ensinavam que a cruz de Jesus foi feita com a mesma madeira do presépio de Belém. Era o seu modo de dizer que, ao deitar na manjedoura, Jesus já estava assumindo sua condição de pobre, marginal e condenado pelo poder do mundo. Assim como a cruz, também o presépio não era apenas, como em nossas casas, apenas um enfeite piedoso. O presépio é um sinal da solidariedade de Deus conosco; um modo de dizer a toda pessoa injustamente marginalizada: Deus está do seu lado e vem lutar junto com você por sua libertação.

Essa festa de Natal não é uma repetição da história de Belém. Os cristãos fazem memória do nascimento de Jesus para proclamar que a presença divina se manifesta na realidade humana e nos chama a sermos testemunhas do projeto divino em meio aos conflitos e sofrimentos dos empobrecidos no mundo atual. Nem todo mundo que ornamenta suas casas com enfeites de Natal e põem na sala imagens de um presépio fazem verdadeiramente o caminho do Natal.

Não adianta cantar “Noite feliz” e desejar Feliz Natal se sua ação é contrária à vontade de Deus que é justiça e vida para todos. Quem dificulta e embarga a demarcação de terras indígenas, essenciais para a vida e a sobrevivência das comunidades, deve saber que o seu Natal não é o mesmo do caminho dos pastores de Belém. Ao ferir a justiça e optar pela ambição humana, essas pessoas seguem o projeto do rei Herodes, responsável pela morte das crianças pobres de Belém e não o caminho dos pastores.

Hoje, os anjos que nos anunciam que a Palavra Divina se faz carne e se manifesta em nossa realidade humana e social são pastores como Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno que, mesmo com o peso da idade e a saúde frágil, continuam seu cuidado amoroso e profético em favor dos pequeninos, objeto da predileção divina.

Cada um/uma de nós tem em sua vida pessoal aspectos que parecem menos nobres e apresentáveis. Esse lado de nossa vida pode tornar-se como uma manjedoura na qual a presença divina vem se manifestar solidária e amorosa. Hoje, Jesus repousa nas palhas de nossa vida para nos conduzir a uma mudança de vida e à transformação do mundo. Esse é o caminho novo do Natal.




Noite Feliz


Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus

Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!

Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus
Noite feliz, noite feliz

Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!

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