segunda-feira, 27 de julho de 2015

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E A REALIDADE INFRACIONAL MARANHENSE





REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E A REALIDADE INFRACIONAL MARANHENSE

Assisti num programa de televisão de São Luis-MA, na manhã desta segunda-feira, 27/07/2015, na recepção do CONTUA/Conselho Tutelar de Açailândia, uma entrevista que me deixou perplexo: o repórter, ao noticiar uma “apreensão de menor infrator, velho conhecido da polícia, com características de tráfico de drogas...”, entrevista um tenente PM, responsável pela condução do “menor” à Delegacia, nos termos mais ou menos assim:

- “...e então, tenente, mais uma  vez trazendo esse menor...Vocês prendem, trazem práqui, amanhã ele tá de volta nas ruas e no crime...” . – “... é verdade, mas isso logo vai acabar, foi aprovada a lei, agora só falta  a presidente sancionar, então não vão sair tão cedo...”.

O “menor” em pauta teria 17- dezessete anos,conforme o repórter.

Tem sido assim também aqui em Açailândia-MA., conforme as informações. Há casos emblemáticos, estarrecedores, de reincidências e reincidências, sem que o “sistema” dê uma reposta, mínima que fosse, cumprindo com o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente e o Plano Nacional de Atendimento Socio-educativo (que se fossem cumpridos em 5% - cinco por cento, certamente não chegaríamos a esta situação de “fundo do precípio”).

O “sistema” não dialoga entre si, não se articula e se mobiliza para um atendimento digno e eficaz, com qualidade e respeito, e cada instituição, na verdade, “tira o corpo fora e passa a culpa para a(s) outra(s)”.

“Culpa da família”, segundo as instituições pontas de lança da política de assistência social (CONTUA, CRAS, CREAS, Serviço de Fortalecimento de Vínculos, etc, etc), mas que fazem elas, cujo dever de oficio é justamente atender (preventiva e com “tratamento socioeducativo”) as famílias ameaçadas e correndo riscos infracionais com suas crianças e adolescentes?

A PM culpa a “justiça”, pois “... a gente prende/apreende, mas vai lá a policia judiciária e a justiça e soltam...”...

Enfim, é um “balaio de gatos e ratos” em que ninguém se entende, mas a conclusão desta  seria uma reflexão profunda sobre o raciocínio imediatista e simplista do tenente da PM maranhense: “... logo isso – o prende/apreende, solta, prende/apreende, solta – vão acabar, a lei foi aprovada, só falta a presidente sancionar...”.

E lembrando, lamentavelmente, que segundo pesquisas recentes, mais de 90% da população brasileira quer a redução da maioridade penal, e que mais da metade do “sistema de justiça do Maranhão” também...

Enquanto isso, seria bom que Açailândia rememorasse que quatro adolescentes e jovens morreram assassinados em motins e fugas na ilha-capital, quando cumpriam medidas sócio-educativas privativas de liberdade, e quase 20 – vinte- incluindo uma jovem, foram assassinados(a) logo após retornarem a Açailândia, após cumprirem essas medidas.

Querem pior punição que a morte, por assassinato, após pssarem pelo “siste,a de recuperação...”?



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