sexta-feira, 31 de julho de 2015

Intolerância religiosa exige diálogo e ação do poder público




Intolerância religiosa exige diálogo e ação do poder público



Aqui em Açailândia do Maranhão, sessão da Câmara Municipal inicia com leitura de versículo bíblico (de qual Biblia mesmo?)...

A mesma Câmara já recusou título de utilidade pública a um terreiro de candomblé, e pressionada por pastores evangélicos pentecostais, não aprovou criação do “Conselho Municipal da Diversidade Sexual”.

Conselhos Municipais (inclusive o Tutelar, que começa o dia de trabalho com um sessão de oração conjunta...), e alguns programas e serviços públicos também “oram/rezam”, sempre inspirados pela Bíblia...

Isso , de certa maneira, “contribui” alimentando as diferenças e as discordañcias entre “igrejas e religiões”, ao mesmo tempo que, tudo junto e misturado, torna a política (e politicagem mesmo...) irmã siamesa da religião e vice-versa, como aconteceu na desastrada e desastrosa “administração de excelência de GLS/Gleide Lima Santos” (janeiro de 2013 a julho de 2015).

Passou da hora de separar “as coisas” e o que é de Deus a Deus, e o que é de público/político-administrativo, aos homens (e mulheres cidadãs...) cidadãos...


(Eduardo Hirata)

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Intolerância religiosa exige diálogo e ação do poder público



A ignorância em relação à espiritualidade e à cultura de origem africana seria bem menor se houvesse a efetiva aplicação da Lei 10.639/03.


(Por Ivanir dos Santos*, do Rio de Janeiro-RJ. 30/07/15)
(No jornal “Brasil de Fato”, SP)


Casos recentes de intolerância religiosa fizeram com que o ministro Pepe Vargas, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, promovesse uma audiência pública na cidade do Rio de Janeiro.

Exigem amplo debate e atitude, principalmente por parte do poder público, fatos como o da yalorixá Mildreles Dias Ferreira (Mãe Dedé), que morreu de infarto em Salvador (BA) após uma “vigília” realizada por membros da Casa de Oração Ministério de Cristo.

Teve, ainda, o caso da menina Kailane Campos, de 11 anos, que foi atingida por uma pedrada na cabeça porque usava roupas do Candomblé, na Vila da Penha, aqui no Rio de Janeiro, e o da Mesquita Iman Ali, localizada em Ponta Grossa (PR), templo muçulmano que foi alvo de vândalos.

Na audiência o ministro ouviu de diversas lideranças da sociedade civil relatos de carências que vão da falta de preparo de entes e servidores públicos à necessidade de planos e programas específicos para enfrentar o desrespeito de origem religiosa.

 A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) foi uma das entidades presentes ao encontro com Vargas. Desde 2008 o grupo pede ao Governo a adoção de um Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa que seja fruto de um debate amplo e aberto. Políticas para esse tipo de atividade exigem o trabalho integrado de órgãos de diferentes áreas governamentais.

IGNORÂNCIA

Muitas ocorrências de ataque a pessoas e a espaços de práticas religiosas são motivadas por ignorância. Outra parcela surge do racismo ou a ele está associada.

 Uma minoria de evangélicos neopentecostais age com intolerância e desrespeito, inclusive com o uso de meios de comunicação, tendo como propósito alcançar ou manter poder político, o que é um risco para a democracia.

A ignorância em relação à espiritualidade e à cultura de origem africana seria bem menor se houvesse a efetiva aplicação da Lei 10.639/03, que obriga a inclusão, em toda a rede escolar e em todos os níveis, do ensino de História Africana e Cultura Negra.

É cada vez mais urgente, no Brasil, o diálogo entre pessoas de todas as religiões e também ateus. Isso pode ajudar a evitar conflitos como os que ocorrem na Nigéria ou massacres como o que aconteceu há poucas semanas em uma igreja evangélica em Charlestom, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

 A omissão e a negligência no combate à intolerância religiosa só aumentarão o número de vítimas.


*Ivanir dos Santos é interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa


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