Lançamento da
Campanha da Fraternidade 2018 ocorreu nesta quarta (14) na sede da CNBB, em
Brasília
Cristiane Sampaio
Brasil de Fato | Brasília (DF). 14
de Fevereiro de 2018
A Campanha da Fraternidade 2018, lançada nesta
quarta-feira (14), em Brasília, traz à tona um dos assuntos mais quentes do debate
público nacional. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
responsável pela campanha, escolheu o tema “Fraternidade e Superação da
Violência”.
De acordo
com o presidente da entidade, cardeal Sérgio da Rocha, a comunidade católica
pretende alertar a sociedade e as autoridades para esse fenômeno social que
leva à morte de cerca de 60 mil pessoas por ano no país. O dado é do Ipea,
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Segundo o órgão, o país tem apenas 3%
da população do planeta, mas responde por 13% dos assassinatos do mundo.
“A violência, em suas múltiplas
faces, tem se mostrado, cada vez mais cruel e assustadora. A vida, a dignidade
das pessoas, especialmente de grupos sociais mais vulneráveis, têm sido
violadas continuamente, por isso sabemos que esse assunto é urgente”,
afirmou Sérgio da Rocha.
Tradicionalmente,
a Campanha da Fraternidade funciona como um movimento de evangelização que
dialoga com a sociedade civil para debater temas de grande ressonância
nacional.
Respeito
O
secretário da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Carlos Alves Moura,
afirmou que a superação da violência passa pela promoção da solidariedade
e da tolerância. Ele ressaltou a importância do respeito às diferenças de
cunho político, religioso, social e antropológico.
“Ela [ a
campanha] vem num momento muito oportuno porque vivemos num ambiente de
desrespeito à pessoa humana, de não reconhecimento da dignidade da pessoa. Isso
faz com que nos atropelemos nos caminhos da vida”, considera.
Desigualdade racial
Em sintonia
com a luta por justiça social, Moura chamou a atenção também para o extermínio
da população jovem e negra, a maior vítima da violência no país. Ele mencionou,
por exemplo, o Mapa da Violência de 2016, que comparou dados estatísticos de 2013
e 2014.
No período,
houve queda de 26% no número de pessoas brancas vítimas de homicídio por arma
de fogo, ao mesmo tempo em que o número de negros assassinados dessa forma
cresceu 40%. Moura ressaltou que as estatísticas refletem as marcas da
desigualdade racial.
“[É uma]
violência que se assenta em muitas estruturas, que se assenta em muitas
posições, mas, no fundo, ela está recheada de um preconceito, de
discriminação”, apontou.
Diante dos
números, o secretário-executivo assinalou as raízes históricas do preconceito e
lembrou que a abolição da escravatura no Brasil é um processo inacabado.
“Mesmo com
a aprovação da Lei Áurea, em 1888, em que a escravidão negra passa a ser
atividade proibida em território nacional, a liberdade veio e não libertou, não
gerou protagonismo, dignidade e libertação”, destacou.
Políticas públicas
O deputado
Alessandro Molon (Rede-RJ), coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção da
Violência e Redução dos Homicídios, reforçou que o combate ao problema exige a
soma de esforços, com interlocução entre atores políticos e sociais.
Ele também
destacou a necessidade de combater discursos políticos que abordam a
problemática da violência sob uma ótica superficial e ignoram a complexidade do
tema. Ele defendeu a implementação de políticas estruturantes, como, por
exemplo, de prevenção do problema e de educação, para frear a engrenagem da
violência.
“Soluções
atraentes, mas equivocadas, que prometem combater violência com mais violência,
só vão gerar mais mortes no país. Não é isso que nós queremos. Não é disso que
o Brasil precisa", alertou.
Molon
acrescentou que este ano a Frente deve apresentar uma série de propostas
relacionadas às obrigações da administração pública para combater o problema. O
grupo reúne 198 parlamentares federais de 25 partidos diferentes.
Edição:
Mauro Ramos
·
Tomara que aqui em Açailândia do
Maranhão, a “Campanha da Fraternidade” 2018, com este tema tão atual e
realmente dos “mais quentes” no país, 'sensibilize o poder público’ (Estado/governos
municipal, estadual, federal;nossas nobres, distintas, competentes, pertinentes
autoridades, com obrigação de fazer e de ver de oficio na prevenção e no
combate da violência que nos prime – e como tem autoridade, órgão, programa,
atividade, projeto, devidamente mantidos com recursos públicos...) assuma seu
papel e responsabilidade.
·
E chega com esse discurso fascista e “anticristão’
de que violência se combate com mais violência, ( na base de mais polícia, mais
armamento, mais cadeia, mais taca, redução da maioridade penal, pena de
morte...)
(Eduardo Hirata)
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