sábado, 3 de maio de 2014

Pesquisa revela situação trágica nas redes de proteção das cidades-sede da Copa do Mundo




(Da ECPAT Brasil, publicado no “Portal da ANDI”, 30-04-2014)

A pesquisadora Graça Gadelha apresentou no dia 26 de abril os resultados do mapeamento dos cenários do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente nos municípios que sediarão a Copa do Mundo de futebol, durante a III Oficina Nacional promovida pela articulação “Entre em Campo – Redes Pelos Direitos da Criança e do Adolescente”. E o quadro é desolador. Segundo ela, “a tragédia está instalada, independentemente da Copa”.


De acordo com o levantamento realizado, o diagnóstico aponta uma série de fragilidades e problemas nas redes de proteção dos direitos nas cidades-sedes da Copa. Além disso, foi constatado que não houve nenhuma melhora ou investimento para modificar a realidade nas cidades que receberão jogos da Copa.


O mapeamento foi iniciado no ano passado, com organizações da sociedade civil e outras entidades estratégicas. Os objetivos do estudo são “realizar um diagnóstico das cidades-sede objetivando fazer um paralelo entre esse especial contexto e as capacidades institucionais de implementação de políticas públicas de proteção de crianças e adolescentes, bem como de respostas a possíveis violações de direitos de crianças e adolescentes no contexto da Copa do Mundo de 2014, e criar uma base preliminar de dados sobre as cidades-sede para subsidiar o governo e a sociedade e aprimorar as retaguardas de atendimento e proteção dos direitos de crianças e adolescentes”.


A sistematização final do trabalho ainda está em andamento e apresentará dados e resultados por cidade e eixos estratégicos do sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente.


O trabalho foi iniciado nas cidades de Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF), por iniciativa do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, com o apoio da SDH/PR. Em seguida, com apoio do UNICEF, por meio do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), foram incluídas mais seis cidades: Natal (RN), Recife (PE), Salvador (BA), Cuiabá (MT), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).


Urgências – A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Goulart, acompanhou a apresentação dos resultados preliminares do mapeamento e ressaltou que o órgão pretende intensificar a articulação com os comitês locais para ajudar a resolver as urgências e fragilidades apontadas.


A secretária defendeu ainda um esforço conjunto do governo federal, dos estados, das prefeituras, do Poder Judiciário e da sociedade para combater não só a exploração sexual de crianças e adolescentes durante a Copa, mas todos os tipos de violação de direitos das crianças e adolescentes. Para ela, é importante que a mobilização não se restrinja à Copa do Mundo e a grandes eventos, “criando uma consciência coletiva da urgência da mobilização contra a exploração sexual de crianças e adolescentes”.


A articulação “Entre em Campo – Redes Pelos Direitos da Criança e do Adolescente” reúne a Rede ECPAT Brasil, o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, a Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Seção Defense for Children Brasil (Anced/DCI Brasil), o Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA) e o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI).


Meu comentário:

A “crônica da morte anunciada do menino BERNARDO BOLDRINI” que impacta o Brasil já a mais de duas semanas, é uma demonstração clara do “desmantelo” do chamado “sgd/sistema de garantia de direitos de Crianças e Adolescente e da rede de atendimento”.

Órgãos, serviços, programas públicos, sobretudo, que não dialogam, não se comunicam (e Chacrinha dizia, décadas atrás, “quem não se comunica, se trumbica”), não se articulam, não se mobilizam,  não têm efetividade/resolutiva, não previnem, não cuidam, não “tratam”, não “resgatam” , não dizem a que vem, não cumprem suas atribuições e funções, para as quais existem e jogam fora boa parte dos minguados recursos destinados ao atendimento dos Direitos, de acordo com o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal n.º 8.069/90.

Imaginem, se nas cidades “sedes” dos jogos da copa a situação “tá assim”, como está nos outros mais de cinco mil e quinhentos municípios brasileiros, incluindo Açailândia do Maranhão...

E com copa do mundo chegando, quem é que taí para os direitos de Crianças e Adolescentes? E aqui em Açailândia, com a greve do professorado municipal, o que será da “Semana de Enfrentamento da Violência Sexual?

Mas muito pior, a rês do chão, como está o atendimento de Crianças e Adolescentes, ameaçadas ou vítimas de violências, e suas família, por parte dos “serviços públicos”  diretamente (ir)responsáveis?

(Eduardo Hirata)

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