quinta-feira, 16 de maio de 2013

Relator rejeita redução da maioridade penal






(D(Veículo(s)
(Do Portal da ANDI, citando o jornal O Globo-RJ, 
15/05/2013)




Em parecer apresentado na última segunda-feira (13), o deputado federal Luiz Couto (PT-PB) recomendou a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos e da qual é relator.

Segundo o parlamentar, a simples redução da maioridade penal não resolveria o problema da impunidade.

Para defender seu ponto de vista, Couto fez referência ao tratado internacional que impede a alteração do texto constitucional.

 "O Pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário e que foi transformado em legislação nacional pelo Decreto 678, de 6 de novembro de 1992, que promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1989, veda a redução da maioridade penal", lembrou Couto no parecer.

Tratamento diferenciado

O parlamentar salientou que "é garantia fundamental da pessoa humana abaixo dos 18 anos, autora de infrações penais, ser julgada, processada e responsabilizada com base em uma legislação especial, diferenciada da dos adultos, pois a matéria encontra-se ao abrigo das cláusulas pétreas e dos tradados e acordos internacionais assumidos pelo Brasil".

Para Couto, a solução para o envolvimento de adolescentes em atos infracionais virá da aplicação eficaz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), associado a boas políticas públicas e sociais.

 Agora, a CCJ tem que deliberar sobre o parecer de Couto. Se aprovado, todas as propostas serão arquivadas.


(Meu comentário:

Este parecer/recomendação não vai encerrar o debate, pelo contrário, vai exasperar a maioria do povo brasileiro, infelizmente a favor da redução da idade penal (e até da pena de morte...).

Não adianta colocar na pauta exemplos, pelo mundo afora, de países que parece fazemos a quiestão de imitar  e seguir, como os Estados Unidos da América, que punem com o mesmo rigor e a mesma taca, adultos e adolescentes e crianças.

Recentemente, dois casos de irmãos, todos crianças que assassinaram irmãos,  a bala. O rigor americano serviu para alguma coisa, para “intimidar, prevenir” a violência extrema?

Reduzir a idade penal, na atual conjuntura social, política  e econômica , vai significar penalizar adolescentes das camada populares, mais vulneráveis à competição e à barbárie capitalista-consumista, e “encher as prisões”, já falidas.

A tristeza e indignação da história é que o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, e também o SINASE/Sistema Nacional de Atendimento Sócioeducativo, de 2009, sequer estão implementados em 10% em todo o país, e ambos preconizam medidas socioeducativas a adolescentes em conflito com a lei.

Governos estaduais e municipais não estão nem aí, na prática sentenciam adolescentes á morte, como acontece aqui em Açailândia, onde quatro foram assassinados quando cumpriam penas, e oito quando egressos (retornados) dessas medidas, na ilha-capital ou São Luís. Na conta, acrescente-se uma jovem, também egressa.

Atualmente, egressos e uma egressa, cumpridas suas penalidades, pagas suas divídas com a sociedade, estão “nas ruas”, vivenciando as mesmas realidades anteriores, de exploração sexual/prostituição, drogas e tráfico, pequena criminalidade (furtos, roubos, agressões verbais e físicas leves/moderadas...), sem que tenham (assim como suas famílias e comunidades) acompanhamento/atendimento, como rezam o ECA e o SINASE.

E ainda tem (muita) gente que acredita reduzir a maioridade penal (que tal também a pena de morte?) é uma das melhores soluções para encarar a insegurança e a violência o Brasil...

(Eduardo Hirata, da Secretaria Executiva do Fórum DCA Açailândia)