Uma situação trágica e
dramática que não impressiona minimamente a maioria da sociedade israelense,
vítima de uma contínua lavagem cerebral, executada ad hoc pela mídia e,
sobretudo, pelos políticos sionista
(Por Achille Lollo, de
Roma –Itália.Publicado no jornal “Brasil de Fato”, 06/08/2014)
(Foto de Iyad Al
Baba/Oxfam)
No dia 3 de agosto, depois de quase
um mês de guerra, o balanço da operação “Protective Edge” é dramático. Dos
1.822 civis assassinados pelos pilotos dos F-16 e dos F-15, pelos artilheiros
dos tanques, dos canhões de longo alcance e dos lança-foguetes, 398 eram crianças.
A última vítima dessa evidente
limpeza étnica é uma menininha de oito anos, Aseel Muhammad al-Bakri, que
morreu quando um piloto de F-16 alvejou com um foguete a sua casa no campo de
refugiados al-Shaiti, nos arredores da Cidade de Gaza.
Certamente esse piloto
já brindou com seus oficiais a “grande façanha guerreira” que realizou no dia 3
de agosto contra aquele campo de refugiados palestinos. Seus familiares e
amigos sionistas devem estar ansiosos por confraternizar a coragem desse heroi
da Força Aérea Israelense.
Afinal, como disse a
famosa primeira-ministra sionista, Golda Meier, na década de 1960: “Os
palestinos são como baratas, que devem ser, apenas, esmagadas”.
Passados 50 anos,
parece que esse mote virou palavra de ordem em Israel, não só pelos extremistas
da direita sionista, mas por 86% dos israelenses que manifestaram seu apoio ao
governo de Benjamin Netanyahu, por ter atacado Gaza com uma verdadeira operação
de guerra (Operation Protective Edge) para o definitivo aniquilamento do Hamas.
O lobby sionista
Em todos os países
europeus e nos EUA o lobby sionista conseguiu convencer os governos e,
sobretudo, os diretores de jornais, revistas e TVs com a tese, de que a
existência do Estado de Israel estava perigosamente ameaçada pelas brigadas do
Hamas, motivo pelo qual Israel devia atacar Gaza para garantir seu direito de
defesa. Palavras que logo foram repetidas compulsivamente, inclusive, pelo
presidente dos EUA, Barack Obama, no momento em que o Congresso autorizava o
fornecimento de mais bombas, foguetes e projéteis de todo tipo ao Tzahal
(exército de Israel) por um valor de 228 milhões de dólares.
Não esquecendo que no
mês de fevereiro passado o governo sionista recebeu dos EUA o tradicional
cheque de 1,6 bilhão de dólares para a manutenção das forças armadas
israelenses. Uma “doação imperial” que o governo sionista recebe desde 1948.
Assim durante os
primeiros dias da invasão sionista, quando nas ruas da Cidade de Gaza havia uma
centena de palestinos mortos, as principais televisões e jornais do “Primeiro
Mundo” produziram um show midiático, mostrando o voo irregular dos foguetes
Qassam que os membros das Brigadas Ezzedim conseguiam lançar de Gaza em direção
ao território israelense.
O show foi tão bem
articulado que a correspondente da CNN e depois, também a da RAI-2, pareciam
que estavam chorando quando anunciavam que um foguete Qassam estava sobrevoando
o território israelense. Desta forma, milhões de europeus e estadunidenses
acreditaram cegamente que os cidadãos de Israel estavam sendo massacrados pelos
homens de Hamas com os referidos foguetes Qassam.
Dizer que isso foi uma
fábula é pouco, já que dos 1200 foguetes Qassam que os homens das Brigadas
Ezzedim conseguiram lançar contra o território de Israel, apenas dez provocaram
a morte de três israelenses e a danificação de cerca de 30 casas, enquanto
outros 50 alvejaram estradas do interior provocando apenas buracos.
Foguetes artesanais que
continuam sendo apresentados como o máximo da tecnologia militar. Foguetes que,
até hoje, nunca alvejaram uma caserna, um depósito de munições do exército ou
uma central elétrica ou um hospital. Pois os lobistas sionistas e a mídia não
dizem que os referidos foguetes não possuem sistema de navegação eletrônica,
isto é, são lançados e caem quando acaba a força de propulsão.
Por outro lado, os
moderníssimos F-15 e F-16 estadunidenses, os foguetes Patriot e todo o
armamento de última geração que o Tzahal lançou contra a Faixa de Gaza,
movimentando na ocasião 86 mil reservistas, seria o contraponto estratégico
para “garantir o direito de defesa de Israel”.
Genocídio
Neste âmbito, até o dia
3 de agosto, o ataque do exército sionista provocou a morte de 1.822 civis, dos
quais 398 eram crianças, o ferimento de 9.370 palestinos, dos quais 2.744 eram
crianças e a destruição de 50% das casas, das escolas, dos hospitais e de toda
a infraestrutura socioeconômica, ao ponto que os moradores de Gaza têm energia
elétrica somente por duas horas ao dia e a água corre apenas em algumas ruas,
visto que os “heroicos pilotos de Israel” bombardearam a única central de
tratamento de água e quase todas as estações e subestações de energia elétrica.
Uma situação trágica e
dramática que não impressiona minimamente a maioria da sociedade israelense,
vítima de uma contínua lavagem cerebral, executada ad hoc pela mídia e,
sobretudo, pelos políticos sionistas. Consequentemente, essa maioria apoia e
sustenta cegamente essa guerra que já tem cheiro de genocídio e de limpeza
étnica, tal como aconteceu em Ruanda e também como os nazistas fizeram na
Europa a partir de 1939.
Um genocídio que foi
invocado publicamente pela deputada Ayelet Shaked do partido sionista “Casa
Hebraica” que na sua página do Facebook escreveu: “Por traz de cada terrorista
há homens e mulheres que ajudaram na formação de cada terrorista. São todos
inimigos combatentes e o sangue deles deverá recair sobre suas cabeças. Isso se
refere também às mães dos mártires que mandaram seus filhos para o Inferno.
Também elas deveriam seguir o destino de seus filhos, e seria o mais justo.
Pois, deveriam ir para o Inferno fisicamente também as casas onde foram criadas
essas serpentes”.
Isso é chamamento ao
genocídio, à limpeza étnica, ao massacre dos palestinos em nome de Deus, visto
que se cita o Inferno e se deseja a destruição de suas casas e de suas
propriedades que, desde 1948, continuam sendo desapropriadas para serem
entregues aos “valentes” colonos sionistas.
Por acaso o
ex-presidente israelense, prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres ficou escandalizado
com as palavras da deputada Ayelet Shaked? Ninguém falou, ninguém censurou,
ninguém pediu desculpa pela violência política dessa deputada sionista. Um
silêncio que nos Estados Unidos foi ainda mais severo, já que as excelências da
Freedom House ou da Human Rights não se manifestaram contra esse manifesto em
favor do genocídio palestino que o exército do Estado de Israel está executando
com “grande profissionalismo”.
Gaza como Timor?
Os responsáveis da
“grande política mundial” proferiram algumas palavras de condenação contra o
exército de Israel somente quando a opinião pública de seus países ficou
impressionada diante das fotos de crianças despedaçadas pelas bombas e
praticamente assassinadas após os repetidos bombardeios contra escolas e
abrigos da ONU.
A verdade é que todos
os presidentes e primeiros-ministros dos países da Otan justificam o genocídio
praticado pelo exército sionista na Faixa de Gaza por causa da histórica
aliança estratégica com o Estado de Israel, que no Oriente Médio representa os
interesses geoestratégicos do Ocidente.
Por isso, o ataque
destruidor contra a Faixa de Gaza torna-se compatível com a lógica
geoestratégica dos EUA e dos países da Otan, visto que o Hamas é o único
sujeito político que rejeita a equação do poder imperial – uma lógica que
determinou a necessária derrota política e, sobretudo, militar do Hamas para
depois poder, desmilitarizar por completo a resistência palestina e acabar com
as reivindicações nacionalistas e revolucionárias da chamada “questão
palestina”.
Neste âmbito, o Estado
de Israel está fazendo, de fato, o trabalho sujo. Porém, após ter concluído o
genocídio em Gaza, o Ocidente vai entregar à ONU a tarefa de reorganizar
“pacificamente” os palestinos, tal como foi feito no Timor Leste.
A propósito é bom
recordar que o exército da Indonésia – também ele financiado e monitorado pelos
EUA – realizou no Timor Leste uma matança de quase 500 mil timorenses de 1975
até 2001.
Parece uma mera
casualidade, porém, na segunda-feira (4), o ministro das Relações Exteriores,
Avigdor Lieberman, declarou que “Israel apoiaria o mandato da ONU na Faixa de
Gaza, para depois devolver esse território a Abu Mazem, aos homens da ANP”.
No mesmo dia, também o
ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabious, e o próprio
presidente francês, François Hollande, bem como o primeiro-ministro da Grã
Bretanha, David Cameron, começaram a falar em “solução timorense”.
O problema dessa nova
fábula é que antes de a Faixa de Gaza ser entregue aos comissários da ONU e aos
corruptos empresários palestinos ligados à ANP para a reconstrução daquele
território, o mesmo deverá ser “limpo, física e estruturalmente” de todos os
militantes do Hamas e dos outros grupos islâmicos. Por isso, a matança deve
continuar não só até o último túnel, mas, sobretudo, até o último combatente
palestino.
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E então, adoradores/as e apoiadores/apoiadoras açailandenses e
brasileir@s de Israel, que continue a
matança do povo palestino em nome do “direito de defesa” contra o Hamas, desse estado fora-da-lei e racista, (sionista)?
E o “direito de defesa” d@s palestin@s? A sofisticadíssima
máquina de guerra israelense, devidamente assessorada pela ultra-moderna
indústria de matar em massa dos EUA (drones, mira telecóspica, a laser, sei lá
mais o que de tanta pós-modernidade...) não tem competência para dar cabo do
Hamas sem matar tantas Crianças, mulheres, idos@s?
(Não têm mesmo, levaram uma taca no Vietnã, estão enrolados
até a raiz do cabelo no Iraque, no Afeganistão, isso por que já eliminaram os
terríveis e sanguinários Saddan Hussein, Bin Laden, etc., etc)...
O mesmo “mundo” que
derrubou o “muro de Berlim” assiste impávido colosso Israel levantar muros
contra “ o terrorismo palestino”, e o EUA levantarem muro contra a “avalanche
humana latino-americana”...
É o avanço e
consolidação da “direitona” do mais asqueroso conservadorismo elitista, com
reflexos e influências em nossa Açailândia e Brasil. Como se diz por aí “...
sinais de que o tempo do fim - OU O FIM DOS TEMPOS, está muito próximo...”.
(Eduardo Hirata)