Por: Claudia Costin*
Infelizmente, em vários países do mundo, crianças
estudam em áreas afetadas pela guerra ou por conflitos, que tornam extremamente
difícil tanto o ato de ensinar como o de aprender. Algumas organizações
acumularam aprendizados sobre como organizar a jornada escolar em campos de
refugiados ou em territórios em disputa, caso do Unicef e do Acnur, que mantêm
escolas com bom nível de ensino na Faixa de Gaza.
Mas o mais triste é que, em países que não são
afetados por formas tão drásticas de conflitos como essas, muitos alunos perdem
aulas por "guerras" entre facções rivais do tráfico ou por incursões
da polícia para enfrentar traficantes dentro do seu território.
Recentemente, no Rio, particularmente na Maré, isso
tem sido frequente. Com isso, dois problemas relacionados vêm crescendo: por um
lado, os alunos não conseguem aprender como deveriam, dados os inúmeros dias
sem aulas, e, por outro, o modelo de sucesso das crianças e adolescentes passa
a ser o do senhor das armas, normalmente o traficante.
Nessas circunstâncias, é fundamental garantir o
direito de aprender das futuras gerações como um imperativo ético, por meio de
um trabalho intersetorial envolvendo educação, segurança, saúde e assistência
social. Tanto professores quanto alunos têm que ter alguma segurança e
tranquilidade para, dentro de uma situação desafiadora, levar a vida escolar da
melhor forma possível.
Mas, além disso, o que tem funcionado em áreas de
vulnerabilidade é desenvolver ações afirmativas, ou seja, dar mais recursos e
melhores professores para as escolas que mais necessitam de ajuda. Isso
significa pagar mais a professores que lá forem atuar, criar materiais
instrucionais mais atraentes e apropriados para os alunos e realizar atividades
de pós-escola de artes e esportes: em outros termos, fazer com que os alunos
não abandonem as aulas e aprendam a despeito das vicissitudes presentes nesses
territórios.
A presença de bons mestres para escolas nessas
áreas não significa que eles não necessitem de apoio. Em territórios
controlados pelo tráfico, é importante formar os professores em mediação de
conflitos e em justiça restaurativa, para impedir que pequenas brigas presentes
no dia a dia do ambiente escolar se transformem em disputas abertas envolvendo
personagens de fora dos muros das escolas.
Além disso, é fundamental garantir o
comprometimento das equipes escolares com a aprendizagem dos alunos. É comum
que, em tais situações, as escolas ou até as equipes de supervisão escolar
nutram baixas expectativas em relação às crianças e aos adolescentes. Todos
podem aprender, desde que se ajustem as condições de ensino.
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*Claudia Costin é especialista em políticas
públicas, professora visitante de Havard. Foi diretora de Educação do Banco
Mundial e secretária de Educação do Rio de Janeiro.
[Fonte: Folha de S. Paulo,publicada no “Portal da ANDI, 26 de junho de 2017)
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Recomeçam as aulas
do segundo semestre de 2017. Na rede municipal de ensino, o que se espera,
diante dos rebuliços no semestre anterior, são as soluções para as questões da
Escola Fernando Rodrigues de Sousa, na Vila Ildemar
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Há muito tempo, a
Escola, localizada em região praticamente abandonada e rejeitada pelo ‘poder
público’, tornou-se refém do vandalismo, do tráfico e da violência, que atinge
e barbariza toda comunidade.
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Lembro que – por isso
mesmo, essa realidade – a Escola e sua
comunidade já foi alvo de vários projetos e ações sociais, como as da Vale,
Escola que Vale, e até da PM/Polícia Militar do Maranhão, na época do comando
do Major Eurico.
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Também foi,
tristemente, alvo de muito noticiário ‘ruim’, de abandono do prédio e falta de
salubridade, como de violência intra-escolar e extra-muros, etc., etc.
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Por último,
mencionadas agressões físicas e psicológicas de alunos a professores, no último
mês do primeiro semestre, e um requerimento do vereador Jarlis Adelino
recolocaram a Fernando Rodrigues de Sousa na pauta.
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E certamente não
vai ser a (re)construção do muro que resolverá o problema recorrente e
permanente da Escola, mas o artigo acima, de Claúdia Costin, pode lançar
algumas luzes e dar algumas pistas...
(Eduardo Hirata)
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